Resistência
MST debate desafios diante da crise climática e do racismo
A criminalização de ocupações rurais ou urbanas é um dos desafios a serem enfrentados

Por Nadson Ayres/Equipe de texto da 5º Feira
Da Página do MST
No Brasil, as comunidades negras e indígenas são as mais afetadas pela destruição ambiental e pela opressão, dado que aponta para a importância de combate às opressões e defesa da natureza, tema de discussões durante a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece até 11 de maio em São Paulo.
De acordo com a dirigente do Setor de Formação do MST, Rosa Negra, é urgente seguir em resistência para evitar que as autoridades públicas e as empresas priorizem a lógica do lucro em detrimento da proteção do meio ambiente e da vida.
Em resgate histórico, o debate aponta que a invasão europeia trouxe uma forma de agricultura que destruiu a biodiversidade e impôs um ritmo de exploração que ainda persiste hoje, sob a lógica do capitalismo e reuniu lideranças de movimentos sociais, parlamentares, pesquisadoras e educadoras populares para discutir caminhos de enfrentamento à destruição ambiental e à injustiça racial que marcam as políticas públicas e os modos de vida das populações. Contribuíram com o debate: Amanda Paschoal, vereadora ( PSOL-SP); Rosa Negra, dirigente do setor de formação do MST; Viviane Almeida, (BRCIDADES) e Maria Angélica ( Escola Nacional Paulo Freire).

Representante da rede BRCidades, Viviane Almeida compôs a mesa de debate e destaca que o racismo ambiental se manifesta de forma particularmente cruel no contexto urbano.
“O processo de expropriação da classe trabalhadora, principalmente aqui em São Paulo, com o início das fábricas, os trabalhadores vão morando próximo das fábricas e se periferizando, que é a população negra e muitos nordestinos. O capitalismo racial se alimenta dessa condição, é muito preciso e desejoso que nós, pessoas negras, estejamos nesse lugar de risco”, destaca Viviane.
A concentração de terras nas mãos de poucos é um problema histórico que perpetua a desigualdade e a injustiça social, por isso, a luta pela reforma agrária é uma luta pela justiça ambiental e social, além disso, envolve diretamente a questão da democracia e da participação popular.
Durante a discussão, foi apontado ainda que é fundamental que as comunidades afetadas sejam ouvidas suas perspectivas sejam consideradas na implementação de políticas ambientais, além da importância de considerar a história e a cultura das comunidades negras e indígenas na implementação de políticas ambientais.
Segundo dados do Censo 2020 do IBGE, 72,1% da população das favelas e comunidades urbanas são negras, além disso, a criminalização das ocupações e a falta de acesso à terra e recursos naturais são alguns dos desafios que as comunidades negras enfrentam.
O debate deixa como reflexão que a luta pela justiça ambiental e social no Brasil é um desafio que envolve a interseção de questões raciais, econômicas e políticas onde é fundamental que sejam tomadas medidas para proteger o meio ambiente e a vida, e que as comunidades afetadas sejam ouvidas e respeitadas, de modo que a luta pela justiça ambiental e social seja apoiada e fortalecida, para que as comunidades afetadas possam lutar pela justiça e pela proteção do meio ambiente e da vida.
* Editado por Mariana Castro