Cooperação
Cooperativas do MST: Colheitas de resistência e esperança no campo brasileiro
Com base na cooperação e agroecologia, as experiências das cooperativas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) consolidam uma nova lógica de produção, abastecimento e justiça social em todo o Brasil.

Por Nelson Francisco/Equipe de texto 5ª Feira da Reforma Agrária
Da Página do MST
As cooperativas organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) são o alicerce de um modelo agrícola que coloca a vida, a solidariedade e a soberania alimentar acima da lógica do lucro. Através da Reforma Agrária Popular, o MST garante o acesso à terra a milhares de famílias camponesas, mas vai além: promove uma verdadeira transformação social baseada no trabalho coletivo e na agroecologia. Essas experiências têm sido fundamentais para combater a fome, reduzir desigualdades sociais e oferecer à população alimentos saudáveis, sem agrotóxicos e transgênicos ou impactos ambientais causados pela monocultura e pelo modelo predatório do agronegócio.
Hoje, o MST articula cerca de 200 cooperativas e mil associações por meio da União Nacional das Cooperativas e Associações de Reforma Agrária do Brasil (UNICRAB), distribuídas por todos os estados em que o movimento atua. Essas cooperativas estruturam mais de 30 cadeias produtivas, incluindo arroz, leite, café, mandioca, hortifrúti e uma ampla gama de alimentos processados, que chegam às feiras, mercados e cozinhas brasileiras. Mais do que apenas organizar a produção, essas entidades são espaços vivos de resistência, formação política, geração de renda e desenvolvimento local.

Segundo Diego Moreira, dirigente nacional do Setor de Produção do MST, essa articulação tem se expandido com força para garantir o abastecimento de alimentos saudáveis à população e enfrentar diretamente a carestia. “Nós temos 200 cooperativas e mil associações no Brasil, todas elas estão organizadas na UNICRAB. Essas cooperativas organizam aproximadamente 30 cadeias produtivas”, afirmou. Ele destacou ainda o lançamento recente de 11 novas marcas de produtos do MST, ressaltando: “Estamos alargando essa ideia de construir uma proposta nacional de abastecimento. A ideia é ofertar um mix de produtos que enfrente a inflação dos alimentos e a fome, com base na cooperação e na agroecologia”.
Representando a Cooperamazônia, cooperativa da região amazônica integrada à rede do MST, Daniel de Sousa Lima, reforçou o papel estratégico da organização coletiva para a sustentabilidade dos territórios. “A cooperativa aqui na Amazônia não é só uma forma de produção, é também uma forma de defender nossa terra, nossos modos de vida e o nosso direito de existir enquanto povo”, declarou. Ele destacou que, por meio da cooperação, é possível agregar valor à produção local, enfrentar o desmatamento e garantir que os alimentos cheguem à mesa respeitando tanto a floresta quanto as comunidades que nela vivem.

Assim, as cooperativas do MST se consolidam como alternativa concreta ao modelo concentrador e destrutivo do agronegócio. Elas não apenas produzem alimentos, mas cultivam solidariedade, autonomia e justiça. São experiências que mostram, na prática, que outro Brasil é possível com o campo vivo, produtivo e a serviço do povo.
* Editado por Diógenes Rabello