Lançamento
Cooperativas lançam produtos Sem Terra durante Feira da Reforma Agrária
Ato realizado no espaço Ana Primavesi, durante a 5ª Feira, teve participação de parlamentares, ministros e contou com degustação dos produtos

Por Fernanda Alcântara/Equipe de texto da 5ª Feira da Reforma Agrária
Da Página do MST
Sucos de manga, abacaxi, acerola, goiaba; cuscuz, bolo de milho, chá-mate instantâneo, sorvete de limão com capim-cidreira. Dentre os mais de 1.800 produtos disponíveis na 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, quem esteve no espaço Ana Primavesi pôde degustar algumas novidades trazidas por cooperativas durante o ato de lançamento destes produtos.
Enquanto a animação dava o tom com músicas camponesas, o ministro Paulo Teixeira, o fundador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), Eduardo Moreira, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, além de autoridades políticas e o público do espaço tiveram a oportunidade de experimentar o fruto doce da Reforma Agrária, trazido por cooperativas, em sua maioria, sediadas dentro de assentamentos e acampamentos dos mais diferentes estados do país.
Para o debate sobre a importância das políticas e projetos para o desenvolvimento de produtos da Reforma Agrária, foram chamados ao palco Elias Araújo, do Setor de Produção Cooperação e Meio Ambiente do MST; Ana Terra, secretária de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar (SEAB); Edegar Pretto, presidente da CONAB; Fernanda Machiaveli, Secretária-Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); Moisés Savian, Secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Paulo Teixeira, ministro do MDA.
Elias Araújo fez uma fala de abertura apresentando os produtos, afirmando que estes são apenas uma pequena amostra para deixar que o fruto da luta pela terra fala por si. “A Feira, assim como a Reforma Agrária, só é possível ser realizada em muitas mãos. Esses lançamentos, esses produtos aqui, eles falam por si mesmos, trazem a identidade política, trazem um novo conceito de alimentação saudável”.
Araújo também ressaltou diante das autoridades que é impossível colocar comida saudável no prato dos brasileiros “sem que o Estado se comprometa realmente a acabar com a fome”, e finalizou diante afirmando que, nesta perspectiva, o objetivo é pela massificação da agroecologia a partir de iniciativas como o Finapop.

O Ministro Paulo Teixeira, além de agradecer aos presentes e parabenizar o MST por sua luta e pelas conquistas demonstradas nesta Feira, ressaltou que o país precisa da reforma agrária para ter comida boa, saudável e barata em sua mesa. “Nós sabemos da importância da alimentação saudável, de alimentos que sustentam. Assim, vamos trazer a importância de tirar os ultra processados da mesa do trabalhador, e o Governo Lula sabe”, finalizou.
Essa feira demonstra que se a gente quer alimentar o povo brasileiro, se a gente quer que o povo brasileiro tenha uma cultura alimentar vasta e extensa, se a gente quer acabar com a pobreza do Brasil, desenvolver esse país, industrializar esse país, a reforma agrária é central”
– Paulo Teixeira
O presidente da Conab, Edegar Pretto, lembrou que no início do governo Lula, abriu uma chamada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) com a previsão de comprar uma valor de R$ 250 milhões de cooperativas e associações. “A procura por parte dos produtores foi imediata e ultrapassou R$ 1 bilhão”, contou.
Por fim, Eduardo Moreira, que participou da concepção do Finapop, lembrou que a ideia de oferecer linhas de financiamento para a agricultura familiar agroecológica surgiu em 2020, e que hoje estão colhendo o que foi plantado. “A gente não imaginou naquele dia que estaria aqui, com tudo isso assim germinando”, comemorou, apontando para os produtores presentes.
Produção diversificada

Do Ceará, a Cooperativa Regional dos Assentados/as de Reforma Agrária do Sertão dos Inhamuns (COOPERAMUNS), com sede no assentamento Palestina, lança uma linha sofisticada de cortes padronizados de carnes de ovinos e caprinos da marca Terra Conquistada. Os produtos incluem carré francês, lombo, filé, costela, pernil, paleta, pescoço, espetinhos e linguiças. Com uma produção envolve nove cidades, 62 assentamentos e 5,6 mil famílias, a COOPERAMUNS fortalece a cadeia produtiva regional, processando também polpas de frutas e derivados da mandioca.
Do Paraná vem a Cooperativa do acampamento Fidel Castro (COPRARI), de Centenário do Sul, trazendo o lançamento da Farinha de Mandioca Campo Vivo, fruto do trabalho das famílias acampadas que cultivam sua própria produção de mandioca. Do Rio Grande do Sul, a Copermate apresenta a erva tradicional dos gaúchos em diversas apresentações, representando a inovação na agroindustrialização da erva-mate por cooperativas populares.
Indo para o nordeste, do semiárido da Bahia vem o Flocão de Milho Crioulo Agroecológico Terra Justa, cultivado e beneficiado pela Associação Regional Agroecológica do Semiárido do Nordeste Baiano (ARASB). Produzido com a variedade crioula catete, sem uso de agrotóxicos ou adubos químicos, o produto simboliza o resgate e a valorização das sementes tradicionais guardadas pelos agricultores e agricultoras do sertão’. Do Pernambuco vem também o flocão de milho crioulo, produzido pelas cooperativas em Normandia.

Foto: Sara Gehren/ @saragehren
Do Maranhão, o Grupo de Mulheres “Produzir e Resistir”, do assentamento São Domingos, apresenta sua linha de geleias e licores feitos a partir de frutas nativas como manga, abacaxi, cajá, juçara, entre outras. A produção é coletiva e autogestionada por 15 mulheres, no município de Nina Rodrigues, e representa o protagonismo feminino na geração de renda e na valorização das frutas do território da Balaiada. A Coopaesp, também do Maranhão, traz diversos produtos derivados do coco babaçu, como biscoito, peta (um tipo de biscoito), óleo e até café.
Representando o Sudeste, a Cooperativa Camponesa do Médio Rio Doce (COOPERUATU) traz ao mercado suas polpas de frutas agroindustrializadas congeladas, produzidas em assentamentos da região do Vale do Rio Doce. A região é conhecida pelo rompimento da barragem, operada pela Samarco (Vale/BHP), que despejou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no Rio Doce, contaminando a bacia hidrográfica e causando impactos ambientais e sociais devastadores. A tragédia afetou diretamente 51 assentamentos do MST na região, que agora lidera esforços para recuperar o ecossistema local.
Após anos de impactos ambientais, a COOPERUATU investe em agroecologia, pomares e agroindústria para processar frutas como abacaxi, acerola, manga, goiaba e maracujá. Com capacidade de 500 kg/hora, as polpas atendem tanto ao mercado institucional quanto ao consumidor final.
Houve ainda a apresentação de farinha de mandioca e leite em pó produzidos em Sergipe, sorvetes de frutas nativas vindos do interior de São Paulo e do Paraná. Lançada na Feira passada, a sorveteria paulista Gelado do Campo/Escola Sorvete também esteve presente, reforçando o debate sobre custo e qualidade da alimentação..
Os produtos apresentados revelam a força da agricultura camponesa e o compromisso com a agroecologia e a soberania alimentar, além de valorizarem as culturas locais. O setor produtivo da agricultura familiar destaca o momento como um exemplo da diversificando a produção e apresentando novos produtos. E a Feira do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é a plataforma para que os consumidores entrem em contato com as novidades.