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“Romper as cercas do analfabetismo”: MST lança Jornada Nacional de Alfabetização nas Periferias

Ato de lançamento da Jornada Nacional de Alfabetização aconteceu na manhã deste domingo, dia 11 de maio, durante a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária

Foto: Junior Lima

Por Diógenes Rabello/Equipe de texto da 5ª Feira da Reforma Agrária
Da Página do MST

A Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias é uma parceria do projeto Mãos Solidárias junto ao Governo Federal, por meio do Ministério da Educação (MEC), e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Também está articulado com outros ministérios, sociedade civil organizada e organismos internacionais.

O projeto da Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias, pretende alfabetizar mais de 18 mil jovens e adultos nas periferias urbanas de 11 estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e São Paulo, contando com suporte financeiro do MEC, através do Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos.

Ela se estrutura a partir do projeto Mãos Solidárias, contando com uma equipe de 1.440 alfabetizadores espalhados por todos esses estados, que atuarão na linha de frente da jornada, de coordenadores estaduais, coordenadores de turma, apoio técnico e educadores.

Foto: Junior Lima

Participaram do ato de lançamento, na manhã deste domingo (11), durante a 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, capital paulista:  Paulo Mansan, coordenação do projeto Mãos Solidárias; Cleber Santos Vieira, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI); Paula França, Setor de Educação do MST e Rosângela Santos, educadora popular e coordenadora pedagógica estadual da Jornada em SP.

Paula França, do Setor de Educação do MST, ressalta que este é um projeto do MEC, em articulação com a Campanha Mãos Solidárias, que envolve o MST e as organizações populares e está organizando turmas nas periferias das capitais e das grandes cidades. “E nós temos uma meta de alfabetizar mais de 18 mil pessoas nesses 11 estados. Então, nessa manhã, os companheiros e companheiras de São Paulo realizaram esse ato de lançamento aqui da jornada do estado de São Paulo”.

O processo de alfabetização vai se dar por meio do método “Sim, Eu Posso”, que foi desenvolvido pelo Instituto Pedagógico Latino-Americano e Caribenho (IPLAC), na década de 1990. O método consiste em uma aproximação das letras do alfabeto com os números, o que facilita a memorização e aprendizado. No Brasil, é usado desde 2006 pelo MST para superar o analfabetismo em seus territórios. “Sim, eu posso!” é um método de alfabetização criado pela pedagoga Leonela Inés Relys Díaz que já abriu o mundo da leitura e da escrita em mais de 30 países. No Brasil cerca de 100 mil pessoas em vários estados já aprenderam a ler e escrever.

Em São Paulo, chega nas periferias do Estado que, mesmo sendo o mais rico do país, ainda concentra cerca de 800 mil pessoas em situação de analfabetismo. No Estado, o Projeto Mãos Solidárias, leva a Jornada de Alfabetização nas periferias para alfabetizar 150 turmas na capital e grandes cidades do interior, como Campinas, São José dos Campos e Ribeirão Preto.

Foto: Junior Lima

Quem é o público da Jornada e como participar?

Pessoas a partir de 15 anos que não estejam alfabetizadas, com alguma dificuldade na leitura e escrita e que não estejam matriculadas na escola. A expectativa é que a jornada alfabetize cerca de 18 mil pessoas em todo o Brasil, como possibilidade de chegar a mais de 20 mil. 

Para participar é preciso entrar em contato com o projeto Mãos Solidárias em cada estado e verificar a localização das turmas, preencher uma ficha de inscrição juntamente com a educadora e, depois de efetivada, frequentar as aulas gratuitamente.

“Nós temos duas missões fundamentais com esse projeto. A primeira delas é atacar o analfabetismo juntamente com o problema da fome, já que ele prevê a organização de cozinhas populares. A segunda é de ser um grande espaço de mobilização e formação humana para que esses jovens e adultos possam criar consciência crítica sobre a nossa sociedade e possam se organizar socialmente para lutar contra os problemas que lhes atinge”, resume Paula.

Foto: Junior Lima

O analfabetismo é um problema social que impacta a vida de milhares de pessoas e evidencia a necessidade de uma educação brasileira inclusiva e acessível a todos e todas, independente de gênero, raça ou etnia, faixa etária ou região do país onde se encontra. A falta da leitura e da escrita podem dificultar o acesso a serviços e direitos básicos da população, representar um obstáculo na busca por informação e conhecimento de qualidade, assim como prejudicar a socialização dessas pessoas que não estão alfabetizadas.

No Brasil, esse problema atinge 9,3 milhões de pessoas brasileiras, ou seja, 5,4% da população, segundo dados de 2023 do IBGE. E que deve ser resolvido pelo Estado, por meio de políticas públicas de educação e outras ações construídas em parceria com quem de fato vive as diversas realidades brasileiras, principalmente nas periferias.

*Editado por Solange Engelmann