Seleção de Resíduos
5ª Feira do MST contou com Central de Resíduos, integrando agroecologia e reciclagem popular
Parceria do MST com cooperativa de reciclagem e bioinsumos garantiu manejo e destino correto dos resíduos gerados no evento

Por Solange Engelmann/Equipe de texto da 5ª Feira da Reforma Agrária
Da Página do MST
Uma estratégia importante para a diminuição nos impactos ambientais do lixo e integração entre a agroecologia e a reciclagem popular, foi adota pelo MST na 5ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorreu de 8 a 11 de maio, no Parque da Água Branca, em São Paulo. No ano em que a iniciativa comemorou seus dez, o Movimento organizou uma Central de Resíduos, garantindo o manejo correto dos resíduos descartados durante o evento.
A partir da experiência acumulada nas feiras anteriores, nesta edição o MST construiu parcerias entre as organizações populares de catadores como a Cooperativa Viva Bem e o Centro Agroecológico Paulo Kageyama, localizado em Jarinu (SP), escola de formação e produção em agroecologia do MST. A atividade contou com a coordenação de uma equipe de resíduos Sem Terra, composta por um militante de cada estado do país, que esteve responsável pela elaboração de uma metodologia para a gestão dos resíduos, com base nos princípios da reciclagem popular e a prática de lixo zero.
Durante os quatro dias de feira o grupo separou e deu um destino correto para o material descartado, como por exemplo, pelos feirantes, a Culinária da Terra e demais atividades, reciclando ou encaminhando para o processo de compostagem os materiais descartados.


Kallen Oliveira, da coordenação da Frente de Resíduos e Limpeza da 5ª Feira, explica que a iniciativa partiu de um esforço coletivo do Movimento em diminuir o impacto sobre a terra, os bens comuns, e avançar nas experiências agroecológicas com a compostagem, que foi destinada para a produção de bioinsumos.
“A Reforma Agrária Popular é uma resposta para a questão ambiental e ao dar um caráter político e real para a gestão dos resíduos que uma feira dessa magnitude demonstramos à sociedade como é possível tratar do início ao fim do manuseio de um bem tão precioso, que é o alimento. Que na cadeia de produção orgânica também se transforma em uma riqueza quando este resíduo é destinado à geração de bioinsumos, matéria prima fundamental para a produção de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos”, resume.
Tereza Montenegro, da Cooperativa Viva Bem, de catadores em São Paulo, comemora a parceria com o MST e aponta que com isso se fecha um ciclo entre dois movimentos sociais importantes. “Foi uma parceria muito boa. Espero que continue por muitos e muitos anos. São dois movimentos que caminham praticamente juntos. É uma luta o tempo todo, e dessa vez estamos juntos. [Os camponeses] cultivam a terra, tiram o seu fruto, a sobrevivência da terra. E nós, como catadores/as, tiramos nossa sobrevivência, o nosso alimento, tudo através do material reciclável.”

A ação integrada reforça o compromisso do MST com a reciclagem popular, a agroecologia e a justiça socioambiental. A separação dos resíduos foi realizada em três frentes: recicláveis, orgânicos e rejeitos. A gestão dos materiais recicláveis foi realizada pela Cooperativa Viva Bem, aliada da União Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Unicatadores), filiada à União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas). A intenção foi garantir a valorização do trabalho das catadoras e catadores e o reconhecimento pelos serviços ambientais prestados.
Já a maior parte dos resíduos orgânicos foi encaminhada para a empresa Ciclo, responsável pela infraestrutura de compostagem. E outra parte desse material será destinada ao Centro Agroecológico Paulo Kageyama, do MST.

Para Bruna Zimpel, da direção nacional do MST no Paraná, a tarefa de organizar e assegurar um destino correto aos resíduos gerados na Feira não é secundária, mas “essencial para a preservação da natureza e para a conscientização e formação humana, pois ela coloca todos os seres, toda a sociedade, a refletir sobre como se relacionar com a nossa casa comum”, conclui.