Reforma Agrária Popular

MST retoma ocupação em Juazeiro (BA) após descumprimento de acordo

Cerca de 500 famílias do MST ocupam Salitre (BA) por assentamento prometido em 2008

Foto: Coletivo de Comunicação do MST na BA

Por Coletivo de Comunicação do MST na BA
Da Página do MST

Na manhã desta quarta-feira (4), cerca de 500 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a área do Espelho d’Água, no Projeto Salitre, em Juazeiro (BA). A ocupação tem como objetivo pressionar o Governo Federal, o INCRA e a Codevasf a cumprirem o acordo firmado em 2008 para o assentamento de mil famílias acampadas na região.

O compromisso, firmado entre o MST, o Governo Federal e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), previa o assentamento de famílias que ocupavam áreas no entorno e na reserva do Perímetro Irrigado Nilo Coelho, em Petrolina (PE). No entanto, o acordo nunca foi cumprido integralmente, resultando em diversas reocupações da área ao longo dos anos, além de um despejo violento em 2019, que destruiu moradias e promoveu repressão brutal contra trabalhadores, mulheres, crianças e idosos.

Em fevereiro de 2023, as famílias voltaram a ocupar a área, reafirmando a cobrança pelo cumprimento do acordo. Desde então, o MST realizou diversos diálogos com o INCRA, a Ouvidoria Agrária e a Codevasf. Como resultado dessas negociações, em março de 2025, o Governo Federal identificou 18 mil hectares de terras devolutas na região, que seriam destinados à Reforma Agrária. Nesse contexto, a Codevasf anunciou a destinação de 3,4 mil hectares no Projeto Salitre para assentar as famílias.

Além da terra, o acordo incluía garantias como a implantação de sistema de irrigação, assistência técnica, acesso à água, fornecimento de maquinário e transporte para escoamento da produção – medidas essenciais para viabilizar a permanência e a produção das famílias. No entanto, até o momento, esses compromissos não foram implementados pela Codevasf.

Diante da lentidão e do descumprimento dos compromissos assumidos, as famílias Sem Terra seguem em luta. A ocupação desta quarta-feira marca mais uma etapa do processo de mobilização e resistência, reafirmando que só deixarão o território quando todas as famílias forem definitivamente assentadas.

*Editado por Fernanda Alcântara