Esclarecimento
Nota da organização do JURA sobre ataques à Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária
Organização da 4ª Edição da JURA na UEM manifesta indignação, com questionamentos sobre a expressão “Combater o Agronegócio”, presente no tema do evento deste ano

Da Página do MST
A organização da 4ª Edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) recebeu com indignação, questionamentos acerca da expressão “Combater o Agronegócio”, presente no tema do evento deste ano.
Diante disso, apresentamos esta nota de esclarecimento sobre o caráter da JURA e o significado deste termo no contexto da proposta política que fundamenta a iniciativa.
Confira nota na íntegra:
A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) é um evento de caráter nacional, realizado desde 2013, em diversos campi universitários brasileiros. Seu objetivo é integrar estudantes, professores, técnicos, representantes de movimentos sociais e do poder público no debate e promoção da Reforma Agrária Popular no Brasil, além de fomentar formas de produção no campo que sejam sustentáveis, justas e baseadas em princípios agroecológicos.
Na UEM, esta será a 4ª edição da JURA. O evento é institucional, aprovado pelos conselhos competentes, e organizado coletivamente por docentes, estudantes e técnicos de diferentes departamentos da Universidade Estadual de Maringá — entre eles, Educação, Geografia, História e o Mestrado em Agroecologia —, além do Centro de Ciências Humanas (CCH) e da Pró-Reitoria de Ensino (PEN). Conta também com o apoio de entidades externas, como a Seção Sindical dos Docentes da UEM (Sesduem), o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Escola Milton Santos de Agroecologia.
O tema nacional da JURA de 2025 — “Defender a Vida, combater o Agronegócio” — foi promovido em diversas universidades, como USP, Unicamp, Unesp, UERJ e UFPA. Ele representa uma crítica ao modelo dominante de produção agrícola no Brasil, que tem gerado impactos sociais e ambientais. A escolha do tema reflete o direito à livre expressão e ao debate acadêmico, pilares fundamentais do ambiente universitário. Esclarecemos que essa crítica não se dirige ao agricultor familiar, ao pequeno produtor ou ao setor agrícola como um todo, mas sim ao modelo do agronegócio baseado na concentração de terras, no uso indiscriminado de agrotóxicos, no envenenamento do solo, da água e dos alimentos, na destruição ambiental e nas ameaças às formas de vida no campo.
A JURA, como iniciativa universitária comprometida com a transformação social, busca justamente alertar a sociedade para os impactos sociais, ambientais e econômicos desse modelo e, ao mesmo tempo, apresentar e fortalecer alternativas baseadas na Reforma Agrária Popular, na agroecologia e na soberania alimentar.
Na UEM, reconhecemos que existem pesquisas vinculadas ao agronegócio, mas destacamos que há também uma produção acadêmica significativa, desenvolvida por docentes de diversas áreas, que questiona essa lógica e contribui ativamente para a construção de alternativas mais justas, sustentáveis e solidárias.
Reafirmamos, portanto, que a JURA é uma ação construída com base em uma concepção política clara, que convoca a universidade, em diálogo com os movimentos sociais e camponeses, a se comprometer com a construção de um projeto de produção no campo que defenda a vida em todas as suas dimensões, enfrente as desigualdades históricas e promova a justiça social e ambiental.
Organização da 4ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária
Defender a Vida, Combater o Agronegócio