5º Festival Estadual da Reforma Agrária reúne milhares em celebração da cultura camponesa no CE

Por Aline Oliveira e Nayara Ribeiro
Da Página do MST

Na noite do último sábado, 21, o Centro de Formação Frei Humberto do MST, em Fortaleza, no Ceara sediou o 5º Arraiá da Reforma Agrária. O evento reuniu milhares de pessoas e contou com apresentações de quadrilhas juninas, comidas típicas, música ao vivo e muita animação, mesmo com chuva.

A programação começou às 19 horas, com as bandas Romário Pegada e Vanessa A Cantora, intercaladas de apresentações dos grupos juninos: Pula Fogueira, do município de Madalena, com o tema “MST, 41 anos no Brasil, 36 anos no Ceará: luta e resistência popular”; Força Jovem, do assentamento Monte Alegre, de Tamboril, com o tema “É com poesia que eu conto o meu arraiá”; Brilho Junino, do assentamento 25 de Maio, Madalena, trazendo o tema “Salvem o Velho Chico”; e Raízes do Sertão, também do assentamento 25 de Maio, com o tema “Tamaracá – No ventre da terra, no toque das mãos: parteiras e curandeiras”.

Paulo Henrique, da Coordenação do Arraiá do Frei, destaca como o evento já se consolidou entre os assentamentos da Reforma Agrária, como uma expressão do que há de mais bonito na Reforma Agrária Popular no campo cultural. “Este festival traduz, em âmbito estadual, toda a diversidade do nosso Movimento. É um processo no qual nossas expressões culturais, especialmente as quadrilhas juninas, proporcionam à sociedade de Fortaleza uma amostra viva do que é desenvolvido nos assentamentos. Nessas apresentações, buscamos trazer temas relevantes tanto para a organização interna do Movimento quanto para dialogar e disputar ideias com a sociedade, abordando desde o próprio MST até questões como alimentação saudável, agroecologia e a valorização da cultura popular dos assentamentos”.

Para Paulo, o Festival de Quadrilhas Juninas das áreas de Reforma Agrária é uma demonstração concreta da relação entre campo e cidade que o MST vem construindo em Fortaleza. Ele cita outros eventos realizados pelo Movimento na capital cearense, como a Feira Cultural da Reforma Agrária, que acontece todo segundo sábado de cada mês no Centro Frei Humberto, e o tradicional Forró do Frei, realizado mensalmente. Segundo ele, o Arraiá reforça esse laço ao fortalecer a cultura, trazer comidas típicas e mostrar toda a riqueza da arte produzida nos assentamentos do Ceará.

Fernanda Melo, coordenadora da quadrilha Brilho Junino, comenta o processo de preparação e a alegria de poder participar pela quarta vez do evento: “Nossa quadrilha começa a se preparar em março, com debates sobre os temas e ensaios. Este ano, escolhemos o tema ‘Salve o Velho Chico’, justamente para trazer esse debate e ajudar a sociedade a compreender a importância de preservar os bens naturais”. Fernanda também destaca a emoção de levar a cultura do assentamento para o evento: “Para nós, é motivo de muita satisfação participar do Arraiá do Frei. Este é um momento muito aguardado pela comunidade, pois significa apresentar e valorizar a cultura do nosso assentamento”.

Raica Queiroz fala sobre a sensação de se apresentar na quadrilha junina Raízes do Sertão:
“Se apresentar na quadrilha Raízes do Sertão é, para mim, algo muito gratificante e ao mesmo tempo desafiador. A cada apresentação, busco evoluir e dar sempre o meu melhor. Ver os sorrisos e ouvir os aplausos do público é motivo de muita gratidão — esse é o maior pagamento, ver a alegria das pessoas e poder transformar esse espaço em um lugar de cultura e diversão é algo enorme”.

O 5º Festival Estadual da Reforma Agrária foi realizado pelo Centro de Formação Frei Humberto, pela Associação de Cooperação Agrícola do Estado do Ceará (ACACE), pela Cooperativa Central das Áreas de Reforma Agrária do Ceará (CCA) e pelo Instituto Esperançar, contou com o apoio do Instituto Dragão do Mar e da Secretaria de Cultura do Ceará (SECULT).

*Editado por Solange Engelmann