Samba e Comida

Espaço Cultural Elza Soares, MST e Inimigos do Batente celebram João e Didu Nogueira, em SP

Com "O Samba da Minha Terra", Didu Nogueira é o convidado da série em que contará histórias de seu tio, João Nogueira, um dos principais nomes da música brasileira

Foto: Espaço Cultural Elza Soares/Divulgação

Da Página do MST

São Paulo (SP) – O Espaço Cultural Elza Soares, o MST e a roda de samba do grupo Inimigos do Batente se unem novamente para a segunda edição de “O Samba da Minha Terra.” Este evento especial, com entrada franca, homenageia o legado de João Nogueira, marcando os 25 anos de sua partida, e celebra seu sobrinho, Didu Nogueira, homenageado desta edição. Na estreia, em maio, a série “O Samba da Minha Terra” recebeu o compositor Toninho Nascimento e a cantora Fabiana Cozza.

Comida, conversa e roda de samba: Essa é a fórmula de “O Samba da Minha Terra”, neste sábado (28), no Espaço Cultural Elza Soares, na Alameda Eduardo Prado, 474, Campos Elíseos, na capital paulista. A partir das 12h, será servido o almoço, que fica a cargo do time de cozinheiros do Espaço Elza Soares. Enquanto o almoço acontece, os integrantes do grupo trazem ao microfone alguns temas que dialogam com as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do samba e principais protagonistas dessas histórias. Após “a resenha”, começa a roda de samba dos Inimigos do Batente, que neste ano completa 26 anos de existência.

Fernando Szegeri, dos Inimigos, destaca a essência do encontro: “o pagode, a festa de Samba por excelência, sempre foi a junção de comida, conversa e música. É disso que é feito esse rito fundamental que é a base da nossa cultura, do nosso jeito de inventar a vida.” Mari Tavares, da coordenação do Espaço Elza Soares, relembra que “o samba é um movimento essencialmente coletivo, em que os que chegaram antes se perpetuam nos mais jovens através das rodas, por isso é tão importante celebrarmos os que dedicaram e dedicam toda uma vida a ele”.

Das homenagens e homenageados   

“O Samba da Minha Terra” do mês de junho faz deferência ao cantor, compositor e produtor cultural Didu Nogueira, sobrinho do legendário João Nogueira, cujos 25 anos de desaparecimento serão especialmente lembrados. 

Didu é um dos mais representativos sambistas em atividade no Brasil. Intérprete inigualável, é também compositor e produtor musical. Figura obrigatória nas melhores rodas de Samba, do Méier a Copacabana, da Barra Funda a Natal, foi de testemunha privilegiada a protagonista inquieto dos mais importantes movimentos do gênero nas últimas quatro décadas. Lançou em 2022, em parceria com o violonista Jorge Simas, o álbum “Nascidos no subúrbio”, em celebração aos 80 anos do tio João Nogueira. 

João, em três décadas de intensa atividade, foi um dos mais inquietos, profícuos e geniais artistas do Samba, tornando-se uma das principais referências do gênero em toda a História. Conhecido por sua maneira personalíssima de cantar e por suas composições de enorme sucesso em todo o Brasil, muitas em parceria com Paulo César Pinheiro, foi também carnavalesco apaixonado e agitador cultural incansável. 

Em 1979, fundou o histórico Clube do Samba, bastião da força sambística em meio a um período de hegemonia da indústria cultural multinacional. Em 1984, junto a outros baluartes, também esteve à frente da fundação da G.R.E.S. Tradição, libelo em defesa dos valores fundantes do Carnaval das escolas de samba.  “Os Inimigos do Batente não poderiam deixar essa data passar sem celebrar essa referência para as rodas de samba do Brasil e para a memória afetiva do povo brasileiro”, explicou Szegeri.

Enquanto se luta, também se samba

“O Samba da Minha Terra” aprofunda a parceria iniciada no Dia Nacional do Samba de 2024, em 2 de dezembro. Naquele dia, a roda dos Inimigos do Batente celebrou seus 25 anos de trajetória no Espaço Cultural Elza Soares. Essa colaboração reafirma a sintonia entre o espaço cultural, que tem forte ligação com o samba, e a roda de samba do grupo, sempre alinhada às lutas populares. 

Ainda de acordo com Fernando Szegeri, a série “O Samba da Minha Terra” é uma oportunidade cultural para o público paulistano e serve como um momento para “promover a reflexão sobre as lutas e desafios dos trabalhadores e trabalhadoras do samba.” Mari Tavares, complementa que será um “momento de partilhar, uma grande mesa comum simbólica, onde o comer, o beber e o conversar fazem a ante-sala para a roda de samba propriamente dita, que estará a cargo dos Inimigos do Batente.”

Sobre o Espaço Elza Soares 

O Espaço Cultural Elza Soares é um espaço cultural de caráter independente, educativo, multiplicador, de produção e difusão cultural. Oferece uma ampla gama de atividades, nas mais variadas linguagens artísticas, como teatro, cinema e audiovisual, música, culinária, artes visuais, esportes e diversas práticas integrativas de bem-estar. 

O ambiente também conta com uma ampla programação de culinária intitulada “Culinária da Terra”, com pratos típicos regionais que apresentam, de forma concreta, o debate sobre a alimentação saudável e a comida como direito humano fundamental. Além disso, o Espaço já abrigou feiras de livros que promovem a literatura periférica e regional, oficinas de artes visuais que incentivam a criatividade e expressão artística, e muitas outras atividades que reforçam o protagonismo das comunidades do campo e das periferias, viabilizando a circulação da cultura material e não material desses agentes culturais.

Roda de samba Inimigos do Batente 

Fundada pelos músicos Railídia (voz), Fernando Szegeri (voz) e Paulinho Timor (percussão), a roda de samba dos Inimigos do Batente comemorou 25 anos em 2024. São 20 anos, dos quais realizando apresentações regulares no bar Ó do Borogodó, um dos mais representativos redutos do samba e choro em São Paulo. 

A formação atual dos Inimigos do Batente retrata um pouquinho de Brasil, de periferia, de diversidade de ofícios que convergem na paixão pelo samba e pela roda de samba. São equilibristas entre o viver de música e a realidade que bate à porta. São Inimigos do Batente a paraense Railídia, jornalista e cantora; Fernando Szegeri, escritor e cantor; Paulinho Timor, produtor e percussionista; Hélio Guadalupe, carioca, funcionário público e cavaquinista; Luiz Tiobi, sete cordas, de família de músicos do interior de São Paulo; Dil Bandeco, metalúrgico e pandeirista; Koka Pereira, produtor, educador musical e percussionista.

Nesse quarto de século, a roda recebeu sambistas de diversas gerações e procedências como Wilson Moreira, Monarco, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, Nei Lopes, Wilson das Neves, Moacyr Luz, Tia Surica, Noca da Portela, Dona Inah, Carlão do Peruche, Fabiana Cozza, entre tantos outros. Também apresentaram-se em espetáculos ao lado de monstros sagrados como Paulo Vanzolini, Leci Brandão e Alaíde Costa, bem como das legendárias Velhas Guardas do Camisa Verde-e-Branco (madrinha do grupo) e da Portela. 

Serviço

O Samba da minha Terra: Espaço Cultural Elza Soares e Inimigos do Batente homenageiam João Nogueira e Didu Nogueira
Dia: 28 de junho de 2025 (sábado)
Horário: Das 12h00 às 17h00.
Local: Espaço Cultural Elza Soares – Alameda Eduardo Prado, 474 – Campos Elíseos
Entrada: gratuita. Almoço e bebidas vendidas no local.