Internacionalismo
MST reafirma compromisso internacionalista em reunião trimestral na Venezuela
Reunião realiza análise e projeção das tarefas organizativas, formativa e de planejamento para o próximo semestre

Por Maria Silva*
Da Página do MST
Entre os dias 3 e 5 de julho, acontece na Escuela Robinsoriana, no distrito de Caracas, a reunião da Brigada Internacionalista Apolônio de Carvalho (BIAC), do MST. É a segunda vez que a brigada se reúne esse ano e tem o intuito de análise e projeção das tarefas em uma perspectiva organizativa, formativa e de planejamento para o próximo semestre.
“A primeira reunião foi mais de integração, de nos conhecermos melhor enquanto Brigada do MST, dialogar sobre os projetos e processos, já que para muitas pessoas era a primeira vez chegando em uma brigada como essa na vida, ou mesmo chegando ao país”, relembra Rosana Fernandes, atual coordenadora da BIAC na Venezuela. E complementa: “agora, mais assentado sobre o que fazer, ainda que tenhamos outros companheiros que chegaram depois da primeira reunião, é se debruçar sobre o que fazer de fato, se aprofundando ainda mais sobre a realidade do país e sobre a compreensão da grande tarefa que é essa em que nos encontramos agora”, explica.
Para alguns dos militantes internacionalistas que fazem parte da Brigada, assim como creem ser para as demais pessoas do MST em processos como esse em outros países, a tarefa que assumem é de fundamental importância e de muita responsabilidade, principalmente porque não estão representando apenas a si mesmos, mas uma organização com mais de 40 anos de História e estórias.

“Estamos aqui como MST. O que deixaremos aqui depois que voltarmos para o Brasil e outros vierem, é o que fez o MST, e não Vanusa ou Altamir, ou outra pessoa enquanto indivíduo. Ou seja, quais foram as nossas contribuições para o que vive e constrói a Venezuela hoje. Temos a responsabilidade de ser o MST em outro país”, afirmam Vanusa Chaves e Altamir Bastos, ambos militantes do MST em São Paulo, hoje contribuindo em tarefas de acompanhamento na área da saúde, em Caracas, e na construção e desenvolvimento do Projeto Pátria Grande del Sur, no Estado Bolívar, respectivamente.

Dulce Marrufo, professora, pesquisadora e integrante da Rede de História, Memória e Patrimônio, no estado Lara, contribuiu no tema de estudo durante o primeiro dia da reunião sobre a História Geral da Venezuela. Para ela, a formação é chave para qualquer processo de libertação. “Para a luta dos movimentos sociais, do Movimento Sem Terra no Brasil, é necessário que se conheça a história da nossa nação venezuelana, para comparar com a que tem e assim comprometer-se na luta pela libertação, especialmente aos camponeses e camponesas que sobrevivem ao sistema de dominação capitalista em fase planetária”, relembra sobre a importância da troca de experiências entre os povos.
Ela também comentam sobre a importância de conhecer a história para que, “assim, possam continuar essa formação e que se desenvolvam cada vez mais para defender a terra e a liberdade no seu país. […] O Brasil, ou qualquer outro país, não pode estar alheio ao que se passa na América Latina como um todo”, finaliza.
Pensando nisso o MST, em parceria com o Governo da Venezuela, constrói o Projeto Pátria Grande del Sur, que para Bionça, militante do MST no Pará, é um projeto de imensa ousadia! “Quando somos convidados a contribuir com a nossa vivência do Movimento, os desafios não são poucos, mas a gente tem um sonho teimoso de implementar, de construir e fortalecer o território do Estado Bolívar, de fortalecer a agroecologia naquele espaço, mas também, e sobretudo, fortalecer a unidade e a solidariedade entre os povos da América Latina, o vínculo de irmandade entre o povo brasileiro e o povo venezuelano.”
Essa reunião, assim como todos os trabalhos desenvolvidos pela Brigada do MST na Venezuela, fortalece e reafirma o compromisso do internacionalismo do Movimento a partir do trabalho popular nos territórios bolivarianos. “Daqui, vamos em uma construção diária e permanente para o socialismo, com participação do povo. Se consulta o povo por tudo, se colocamos, também tiramos, já que é esse mesmo povo quem faz a revolução e não uma elite pensante”, declara Dulce firmemente.
**Setor de Comunicação do MST e Brigadista da BIAC na Venezuela.
**Editado por Solange Engelmann