Semana de lutas

Com acampamento em Maceió (AL), camponeses pressionam por reunião com governador

Durante Semana Camponesa, movimentos do campo pautam reunião com Paulo Dantas (MDB) para avanço da Reforma Agrária no estado

De 2011 a 2014, os movimentos ocuparam áreas das três usinas falidas no estado. Foto: Mykesio Max.

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Camponeses e camponesas de todo o estado que ocupam, desde o domingo (20), o prédio da Secretaria de Agricultura, demandam agenda de negociação com o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), durante jornada de lutas em Maceió. Acampados na Secretaria da Agricultura (SEAGRI), militantes buscam cobrar medidas efetivas para demanda camponesa no estado.

“Queremos retomar uma pauta já conhecida pelo governo estadual, mas que infelizmente ainda não avançou”, explicou Renildo Gomes, da direção nacional do MST. “Nosso objetivo é especialmente dialogar com o governador Paulo Dantas sobre o acordo firmado para destinação das terras da Usina Laginha e parte da Usina Guaxuma para a Reforma Agrária”, aponta.

Militantes de movimentos do campo demandam agenda de negociação com o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB). Foto: Mykesio Max.

O representante do MST destaca a negociação firmada entre o governo alagoano, Tribunal de Justiça e os movimentos do campo, ainda em 2015, que construía uma agenda de trabalho para o avanço no assentamento das famílias acampadas nas terras da massa falida do Grupo João Lyra.

“O governo de Alagoas chegou a receber parte do pagamento de débitos da massa falida e é preciso que o poder público estadual reafirme seu compromisso firmado com as famílias Sem Terra”, reforça Gomes.

Agenda unificada

Além do MST, participam da mobilização em Maceió a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Social de Luta (MSL), o Movimento Via do Trabalho (MVT) e Movimento Terra Livre, que chegam a reunir 2000 trabalhadores e trabalhadoras mobilizados na capital.

Desde o anúncio da abertura de falência do Grupo João Lyra, os movimentos do campo reivindicam o assentamento de milhares de famílias camponesas nos hectares de terras do grupo em Alagoas. De 2011 a 2014, os movimentos ocuparam áreas das três usinas falidas no estado: Guaxuma, na região de Coruripe, Teotônio Vilela e Junqueiro; Uruba, no município de Atalaia; e Laginha, em União dos Palmares e Branquinha.

Somente em 2015 foi iniciado o processo de negociações entre os movimentos, o governo do estado, a representação da massa falida e o Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas. Na tratativa, propôs-se um acordo que levou em conta a necessidade de pelo menos uma das usinas voltar a moer cana-de-açúcar, visando gerar recursos para honrar o pagamento aos credores. 

Relembre: Sem Terra exigem a destinação das terras do grupo João Lyra para Reforma Agrária

A proposta de acordo foi que as famílias Sem Terra desocupassem a Usina Uruba, em Atalaia, que tinha maior possibilidade de retomar o trabalho de imediato, e, como contrapartida, seriam destinados cerca de 1.500 hectares de terra da Usina Guaxuma para que as organizações que a ocupavam, e toda a Usina Laginha seria destinada para fins de Reforma Agrária Popular – acordo que até então não foi cumprido.

Camponesas e camponeses estão acampados na SEAGRI (Maceió/AL) desde a tarde de domingo (20). Foto: Mykesio Max.

Semana Camponesa

A mobilização em Maceió integra a Semana Camponesa, ação nacional que reúne ações em todas as regiões pautando a agenda da Reforma Agrária a partir dos movimentos do campo.

Sob o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular”, a Semana Camponesa organiza um conjunto de atividades para pressionar o avanço da Reforma Agrária no âmbito estadual e nacional, bem como de diálogo com a sociedade.

Entre as pautas da Semana Camponesa, a jornada de luta pretende debater ainda, além da criação de novos assentamentos, a liberação de políticas públicas para avançar na produção de alimentos, fortalecimento do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) e reafirmar o papel da Reforma Agrária como política fundamental na defesa da soberania nacional.

*Editado por Pamela Oliveira.