Agroecologia
Marcha da 22ª Jornada de Agroecologia reivindica ampliação do apoio à agroecologia no PR
Jornada também recebeu homenagem durante uma sessão especial na Alep

Da Página do MST
Com café da manhã agroecológico, muita música, arte, gritos de ordem, faixas, estandartes, cartazes, uma marcha coloriu o centro de Curitiba e marcou a abertura da 22ª edição da Jornada de Agroecologia, nesta quarta-feira (6). A caminhada percorreu o centro da capital, da Praça Santos Andrade até a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), onde ocorreu uma sessão solene em homenagem à Jornada.
O público participante somava cerca de mil pessoas, vindas de todo o estado do Paraná para participar dos cinco dias de encontro: produtores/as agroecológicos de comunidades da reforma agrária e da agricultura familiar, indígenas, estudantes e militantes de entidades e movimentos organizadores da jornada. Desta vez a edição segue até domingo, dia 10, no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no bairro Jardim das Américas.
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Ao longo da marcha e também por meio de uma carta entregue aos parlamentares presentes na Alep, as dezenas de organizações e movimentos organizadores da Jornada apresentaram pautas de lutas em comum.
A liberação de recursos para fomento à agroecologia esteve no centro das reivindicações. Em uma carta entregue aos parlamentares presentes, a coordenação solicitou a liberação de emendas já aprovadas nos últimos dois anos, e também a criação de uma nova emenda coletiva.
O documento também propõe um programa massivo de reflorestamento de matas nativas e recuperação de áreas degradadas, e o fortalecimento estrutural e humano das Instituições Públicas voltadas ao ensino, pesquisa e extensão, com ênfase na agroecologia, a exemplo do “CPRA”- Centro Paranaense de Referência em Agroecologia.


Fotos: Leandro Taques
A cooperação entre a UFPR e a Jornada de Agroecologia tem se aprofundado nos últimos anos, com a realização do encontro pela sexta vez em espaços da universidade. Durante a sessão solene desta quarta-feira, a reitora em exercício, Camila Fachin afirmou que a universidade “abraçou” a Jornada. “Para nós, na verdade, é uma grande honra receber este evento dentro da nossa universidade. Os pilares da Agroecologia são os nossos pilares. A universidade pública, ela luta também por justiça social”, disse, aplaudida pelo plenário lotado.

Roberto Baggio, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e integrante da coordenação da Jornada desde as primeiras edições, reafirmou a urgência de que a agroecologia entre no orçamento de municípios, do estado e do governo federal. Ele elencou como grandes desafios da atualidade a retomada da agricultura na sua perspectiva de produtora de alimentos: “Só tem sentido ter agricultura para ela produzir alimentos para necessidade do mundo”; A retomada, pela agroecologia, da sintonia com a natureza; e a urgência em “esfriar o planeta”, e para isso a necessidade de massificar o plantio de árvores. Em nome da coordenação da Jornada, Baggio recebeu uma placa com uma menção honrosa oferecida pela Frente Parlamentar da Agroecologia.
O procurador de Justiça no Ministério Público do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, frisou o papel da agroecologia para além da produção sustentável e do respeito ao ambiente, e sim como componente da justiça social, por meio da economia solidária. Apoiador histórico da luta das famílias Sem Terra, o procurador lembrou que o Brasil é o último país do ocidente que não realizou a reforma agrária.
“Já estamos na 22ª Jornada e ela é cheia de místicas, desde a concentração na praça, o café camponês partilhado, trazido de acampamentos e assentamentos, também construído pelas entidades da economia solidária que trabalham com a agroecologia, isso é muito significativo”, reforçou Professor Lemos.
A deputada Ana Júlia destacou a alegria em vivenciar uma assembleia legislativa cheia, com a Agroecologia sendo a maioria presente no plenário, colorindo a assembleia com quem defende realmente o que precisamos. “Queremos estudar as propostas da carta e fazer pressão”, finaliza.
Já o deputado Renato Freitas ressalta; “é uma honra ser contemporâneo deste movimento agroecológico”, afirmando que o mundo foi criado sem cercas e faz um convite para que sejamos resistência, frente a cobiça, ambição e desumanidade como esta nossa organização coletiva, para combater os monopólios.
Para além das pautas dirigidas ao executivo e legislativo estaduais, a mobilização expressou lutas que têm ganhado força em todo o Brasil. Entre elas a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, com o fim da escala 6×1; a taxação dos super-ricos e isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil; e contra o Projeto de Lei (PL) nº 2.159/2021, que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, nomeado por movimentos populares e ambientalistas como “PL da Devastação”, por trazer diversos retrocessos ambientais.
Outro tema que ganhou visibilidade na marcha e também durante os pronunciamentos na sessão da Alep foi a denúncia do genocídio em curso na faixa de Gaza, contra o povo palestino.
A sessão na Alep contou com a presença dos deputados Professor Lemos, coordenador da Frente Parlamentar da Agroecologia, Ana Julia e Renato Freitas, também integrantes da Frente; a Vice-reitora em exercício da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Camila Fachin; o procurador de Justiça no Ministério Público do Paraná, Dr. Olympio de Sá Sotto Maior Neto; o superintendente do Incra, Nilton Bezerra Guedes; do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ralph Medeiros de Albuquerque, da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, Valmor Luiz Bordin; e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Leila Klenk; também o diretor de integração institucional do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), Richard Golba.
Sobre a Jornada da Agroecologia
A Jornada de Agroecologia é realizada desde 2002, e se consolida como um dos maiores encontros sobre o tema no Brasil. O encontro reúne agricultores e agricultoras, povos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais, movimentos populares, pesquisadores e estudantes.
É realizada por uma articulação de mais de 60 organizações sociais, movimentos populares, coletivos e instituições de ensino. Reunindo conferências, seminários, oficinas, feiras e intervenções artísticas, o evento busca apresentar à sociedade a agroecologia como alternativa ao modelo do agronegócio, com foco na produção de alimentos saudáveis, na justiça social e no enfrentamento da crise ambiental e climática.
Este ano o evento também conta com o apoio da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
A Jornada é realizada pela Associação de Cooperação Agrícola e Reforma Agrária do Paraná (ACAP) com patrocínio do Sebrae, Itaipu Binacional, Fundação Banco do Brasil e Governo Federal.
Serviço
22ª Jornada de Agroecologia
Data: 6 a 10 de agosto de 2025
Local: Universidade Federal do Paraná – Campus Politécnico – Av. Cel. Francisco H. dos Santos, 100 – Jardim das Américas, Curitiba
Entrada gratuita
Mais informações: https://jornadadeagroecologia.org.br/
*Editado por Fernanda Alcântara