Mulher Sem Terra
Sabores do campo: Gilvaneide apresenta suas especialidades na Feira do MST em Maceió (AL)
Durante a 24º Feira da Reforma Agrária, que vai até sábado (6), os visitantes podem conferir os produtos da acampada Gilvaneide Silva dos Santos, de 47 anos

Por Raquel Moraes / Comunicação da Feira
Da Página do MST
Ao caminhar pela Praça da Faculdade em Maceió, é possível se deparar com um mistura curiosa: a presença de um parque de diversões junto da 24º feira anual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na cidade. Durante a noite, em meio a luzes de brinquedos, aves adormecidas e barracas com deliciosas frutas e vegetais, Gilvaneide Silva dos Santos, de 47 anos, apresenta seus produtos da Reforma Agrária.
Eu vendo temperos, pimenta, mel, cachaça, farinha gengibre, açafrão da terra, batatas e laranjas. Não costumava produzir, vinha antes à feira para ajudar meus companheiros. Hoje eu venho com minha própria barraca, é meu terceiro ano vendendo”, explica Gilvaneide.
E complementa a camponesa: “são muitos anos de feira, sempre acompanhei. O que mais vendo são as pimentas e as cachaças. São os mais procurados”, relata.
Os produtos de Gilvaneide possuem uma qualidade e variedade excepcionais, demonstrando a beleza e a dedicação da feirante no seu trabalho.
Vivendo em Jequiá da Praia, Gilvaneide se locomove para Maceió com uma certa frequência em busca de comercializar seus produtos. Sua família ativamente participa no auxílio da fabricação das suas mercadorias, os filhos são um grande apoio. “Se eu estiver embalando ou enchendo os produtos, eles colocam os adesivos, limpam os materiais. Minha filha estava hoje cedo comigo, mas teve que ir para a faculdade, ela faz Biomedicina e meu filho está no segundo ano do ensino médio”, conta orgulhosa.

O principal auxílio de sua família vem do seu marido José Cícero, que estava ao redor da barraca. Juntos a 21 anos, o casal, segue unido na movimentação necessária para a comercialização de seus artigos. Ela conta que seu marido frequentava a feira bem antes dela, participando de movimentos de luta pela terra. E que desde o início de seu casamento estão juntos pela causa.
“Conheci meu marido porque ele era vizinho dos meus pais. Depois de muitos anos de amizade nos casamos. Sempre estivemos juntos apoiando as causas sociais. Ainda não somos assentados, vivemos no acampamento e devido as reintegrações de posse que andam acontecendo, ainda estamos na luta”, compartilhou.
Gilvaneide traz à tona a relevância das feiras para sua família:
a feira é importante para a nossa alimentação e sobrevivência. É uma necessidade que os agricultores têm. Essas feiras são importantes porque às vezes produzimos e não temos onde vender. Quando acontece um evento assim é muito importante para a gente porque dá prioridade aos nossos produtos”.

“O Movimento Sem Terra, assim como outros movimentos, têm um grande significado. Muitas famílias dependem da agricultura familiar, criando seus filhos e trabalhando para sobreviver. Esses movimentos dão um grande apoio para nós. Seria importante para a expansão do Movimento ter outras feiras, não só anuais, mas com uma maior frequência. Seria bom para a população e para nós agricultores”, refletiu.
Assim como Gilvaneide, diversos produtores se encontram na feira mais antiga do MST em Alagoas. O evento serve para o encontro da população e dos produtos cultivado nas áreas de acampentos e assentamento da Reforma Agrária, além da celebração da cultura camponesa. A feira segue até o próximo sábado (6), na Praça da Faculdade, aberta à visitação da população alagoana.
*Editado por Solange Engelmann