Luta Pela Terra
Famílias do acampamento Carlos Marighella ocupam rodovia TO-404, no Tocantins
Mais de 200 famílias protestam por direitos e melhorias, enfrentando repressão policial enquanto lutam por terras e dignidade no Tocantins

Da Página do MST
Na manhã de hoje, segunda-feira, 08 de setembro, por volta das 6h, mais de 200 famílias do acampamento Carlos Marighella bloquearam a rodovia estadual TO-404. A luta das famílias, que já se estende por mais de doze anos, busca pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a cumprir o acordo de vistoria e assentamento em áreas prometidas.
A manifestação pacífica foi reprimida pela Polícia Militar do Tocantins. Policiais sem identificação usaram spray de pimenta diretamente contra os manifestantes, incluindo crianças. Essa violência é vista como um reflexo do descaso com a luta das famílias, que vivem em condições precárias desde 2013. Elas permanecem na rodovia, mantendo a ocupação.
As famílias exigem que o Incra cumpra com os acordos e realize a vistoria de duas terras públicas da União: as fazendas Sant Hilário e Água Amarela, ambas localizadas em Araguatins, na região do Bico do Papagaio. O título de propriedade da Fazenda Água Amarela, com área de 951,7860 hectares, já foi cancelado. Já a Fazenda Sant Hilário possui uma decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Civil Ordinária-847, que valida o processo de desapropriação para Reforma Agrária.

A luta, que já dura 12 anos, tem se tornado ainda mais perigosa. As famílias denunciam o aumento da violência no território, com carros passando e atirando contra o acampamento, além da queima frequente de barracos e roças. A pauta de reivindicações ressalta que “não existe soberania popular sem Reforma Agrária”.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Tocantins exige a presença da diretora de Obtenção de Terras do Incra Nacional, da Câmara de Conciliação Agrária e da Ouvidoria Nacional do Incra.
A ocupação da rodovia só será encerrada após o Incra se comprometer formalmente com um cronograma para a vistoria e a realização de uma reunião para discutir o assentamento. A falta de um posicionamento oficial do Incra mantém o impasse e o clima de incerteza na região.
*Editado por Fernanda Alcântara