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Feira da Reforma Agrária em Pernambuco ecoa críticas à “PEC da Blindagem”

A Feira da Reforma Agrária em Pernambuco encerrou com celebração da produção camponesa e fortes críticas à “PEC da Blindagem” e ao PL da Anistia.

Foto: Anderson Stevens

Por Afonso Bezerra
Da Página do MST

O ato de encerramento da Feira Estadual da Reforma Agrária do MST em Pernambuco, realizado neste sábado (20), na Rua do Bom Jesus, área central do Recife, combinou celebração da produção camponesa com posicionamentos firmes contra projetos em tramitação no Congresso Nacional.

Parlamentares e lideranças presentes classificaram a chamada “PEC da Blindagem” e o PL da Anistia como ameaças à democracia e anunciaram participação em manifestações de rua neste domingo (21).

O deputado estadual Doriel Barros (PT-PE) destacou que feiras agroecológicas como a do MST reforçam a importância da agricultura familiar no abastecimento alimentar e na economia de Pernambuco. Para ele, o Congresso insiste em “medidas que não têm nenhum compromisso com o fortalecimento da qualidade de vida da população”, ao priorizar a autoproteção parlamentar. “É um casuísmo, um absurdo que essa PEC da Blindagem seja aprovada. A resposta precisa vir das ruas”, afirmou.

A deputada estadual Rosa Amorim (PT-PE), que também é assentada da reforma agrária, foi enfática ao criticar a proposta de anistia aos golpistas de 8 de janeiro: “Aprovar a urgência do PL da Anistia é a continuidade da tentativa de golpe orquestrada em 8 de janeiro. Perdoar os crimes da quadrilha de Jair Bolsonaro é abrir caminho a novas ameaças contra a democracia”.

Na mesma linha, o vereador de Petrolina, Gilmar Santos (PT-PE), classificou o Congresso como “inimigo do povo” e defendeu que a população pressione por reformas que atinjam os super-ricos e fortaleçam os direitos sociais. “Essa PEC da Blindagem é a expressão da degeneração do Parlamento”, declarou.

Já o vereador de Caruaru, Edilson Sem Terra (PT-PE), ressaltou que a feira cumpre papel estratégico ao aproximar campo e cidade, além de denunciar o avanço do agronegócio e da especulação internacional. Ele também reforçou a convocação para o ato de domingo: “Não vai ter anistia, não vai ter moleza para quem atentou contra a democracia”.

Foto: Anderson Stevens

Com produtos vindos de assentamentos e acampamentos de todas as regiões do estado, a Feira começou na quinta-feira (18) e reafirmou a Reforma Agrária como pauta central para a soberania alimentar.

Cerca de 100 agricultores e agricultoras, vindos de diferentes regiões de Pernambuco, trouxeram produtos como frutas, verduras, artesanatos e alimentos beneficiados em assentamentos e acampamentos. Houve também sessões de debate sobre produção de alimentos saudáveis, os desafios da educação no campo e a utilização de bioinsumos.

Foto: Anderson Stevens

Durante o evento, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar anunciou a criação de dois assentamentos pelo crédito fundiário, em parceria inédita com o MST, além da entrega de outros cinco assentamentos tradicionais do Incra. Também foram confirmados R$ 5 milhões em créditos de instalação para famílias assentadas, que somam R$ 159 milhões investidos na atual gestão.

Foto: Anderson Stevens

“A Reforma Agrária mostrou à cidade o peso que o homem e a mulher do campo têm, a capacidade de transformar a nossa sociedade, promovendo justiça social e justiça climática”, destacou a secretária executiva e ministra em exercício, Fernanda Machiaveli.

*Editado por Leonardo Correia