Solidariedade Sem Terra

Festival Comida no Prato: 5 anos do coletivo Marmitas da Terra

Celebração marcou os seis anos do Marmitas da Terra e mostrou a força do nosso coletivo.

Festival Comida no Prato. Foto: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra

Por Jan Schoenfelder, chef e comunicador do coletivo Marmitas da Terra
Da Página do MST

O Festival Comida no Prato, realizado no dia 6 de setembro, demandou uma grande força-tarefa. Não foram poucos os desafios, mas quem transita no social sabe que aqui a vida não é fácil.

Nosso grupo foi formado há pouco mais de cinco anos, no começo como uma solução pontual durante a pandemia. Era puro suor e sentimento.

Aos poucos, começamos a nos estruturar como uma organização feita de muitas mãos e, sobretudo, muito pensar. Evoluímos e ganhamos em complexidade, apoiados na riqueza intelectual e no fazer voluntário de quem acredita na classe trabalhadora e na agricultura familiar como eixos para combater a pobreza e transformar a realidade.

Foto: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra

Complexidade passou a ser a palavra que define nossas ações, como, por exemplo, o Festival Comida no Prato. Montar e fazer funcionar um evento como esse é como carregar a própria casa nas costas. E tudo com trabalho 100% voluntário. Vamos combinar: uma ousadia!

As várias tendas erguidas no Festival funcionaram como uma minivitrine do que é o Marmitas.

A Tenda da Saúde, coordenada por Maria Cristina, que é fisioterapeuta e professora, levou orientações sobre vacinação, doação de sangue e também uma visão sobre a ação de plantas medicinais como alternativa terapêutica acessível e natural para quem busca benefícios para a saúde. E a importância do trabalho desenvolvido no SUS, cuja grandeza e extensão muito poucas pessoas conhecem de verdade.

Foto: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra

A Tenda do Acolhimento e do Apoio concentrou a Ciranda e a exposição fotográfica, com imagens de atividades dos cinco anos do Marmitas, desde o comecinho. Rostos de quem nos acompanha há tempos, em momentos de trabalho e união, mostraram quem somos e o que fazemos.

Elza Dissenha, uma das coordenadoras do Núcleo de Educação Popular, comentou sobre a tenda: “Buscamos criar um ambiente para as pessoas que vieram para a festa, com café, chá, uma decoração com imagens de como pensamos o projeto popular para o Brasil, mesas, cadeiras, plantas e nosso carinho, acompanhado de um folder explicativo sobre o coletivo Marmitas da Terra”.

Foto: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra

Nas falas da acolhida, os voluntários convidavam os visitantes a fazer parte das atividades e dos Núcleos de Base. “Nosso desafio era criar um local que trouxesse elementos das nossas lutas e do nosso projeto”, disse Elza, que arrematou confiante: “Esse desafio foi vencido”.

A tenda da Ciranda foi coordenada pelo Rômolo D’Hipólito, artista, ilustrador e voluntário. Criatividade para lidar com o lúdico, propondo atividades para as crianças, em condições fora das ideais, como, por exemplo, a falta de água corrente para o trabalho com tinta e pincéis, foi um dos desafios enfrentados. Nada que estragasse a alegria do momento.

Foto: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra

E, como nossa vocação é a comida, é claro que a tradicional feijoada de sábado estava presente, feita e servida a muitas mãos, daquele jeitinho que todos conhecem: selecionar, lavar, picar, pré-preparar um dia antes, com a lide de numerosas pessoas, e cozinhar de manhãzinha, em ritmo acelerado para não perder a hora. “Um grupo ficou cozinhando no alojamento, outro fez o transporte e um terceiro atuou no empratamento, no Bar Patuscada. Uma loucura!”, diz Jan Schoenfelder, que participou do serviço.

Foto: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra
Foto: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra

Pedro Solak, do bar Patuscada, comentou que apoiar um festival é algo maravilhoso; do ponto de vista comercial, é marketing puro! “Agora, se o festival em questão é o Comida no Prato, celebração de um projeto lindo como o Marmitas da Terra, daí não é só parceria, é alegria e satisfação pura. Mas tudo isso muda de sentido quando o contato é estreitado pelo sócio, coração gigante, e as pessoas que vêm trabalhar no dia combinado são voluntárias e voluntários sensacionais. O que fizemos neste dia frio e de garoa teimosa aqueceu os corações de tal maneira que cada marmita entregue ou prato servido era que o sentimento não era somente comida para a barriga, mas alimento para o espírito. Quando acabou nosso horário combinado e a limpeza do local se iniciou, sabia, de pronto: queria isso todo dia. Pessoas juntas por um bem comum. Juntar pessoas que querem em comum fazer o bem, o certo e o necessário. Simples assim!”, reafirmou Pedro Solak.

E, no fim do dia, sob o tradicional frio curitibano, com uma garoa enjoada, arrematando o sábado feliz, houve ainda o trabalho de desmonte das tendas, realizado em mutirão. “Que possamos comemorar muitos outros anos deste trabalho que nos impulsiona para lutas que unem o campo e a cidade na perspectiva de construir um mundo melhor”, resumiu Elza Dissenha, falando em nome de todos do coletivo.

Fotos: Coletivo de Comunicação Marmitas da Terra

*Editado por Fernanda Alcântara