Nota

Ataques à JURA na UFPEL: Comissão se manifesta em defesa da Reforma Agrária Popular

Foto: Reprodução

Da Página do MST

A Comissão Organizadora da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária – Zona Sul do Rio Grande do Sul, vem a público manifestar-se sobre os recentes ataques realizados no contexto da Abertura da JURA 2025, realizada no dia 22 de setembro na Universidade Federal de Pelotas (UFPel):

SOBRE A JURA:

A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) é um evento de caráter nacional, realizado desde 2013 em diversas instituições de ensino superior. Ela se constitui a partir de um conjunto de ações organizadas entre setores das universidades (grupos de pesquisa e extensão, laboratórios, núcleos etc.), escolas do campo, movimentos sociais e entidades, em defesa da reforma agrária popular. Anualmente, é definido um tema articulador para as Jornadas, que é utilizado em todas as JURAs que ocorrem no país, buscando abordar temas e problemas que atravessam a vida das populações do campo, das águas e das florestas. Este ano, o tema central é: “Defender a vida: combater o agronegócio”.

O agronegócio é compreendido, no contexto das JURAs, enquanto o modelo de produção agrícola que se coloca como hegemônico hoje no Brasil, caracterizado pela concentração de terras, pelo uso intensivo de agrotóxicos, pela exploração do trabalho e pela destruição do meio ambiente. Ressaltamos que a crítica ao agronegócio não pode ser confundida com uma crítica ao setor produtivo agrícola, muito menos ao produtor e à produtora rural. Agronegócio não é sinônimo de produção agrícola, tampouco resume tudo o que é produzido no campo no Brasil.

A Abertura Oficial da JURA Zona Sul do RS ocorreu junto com a Aula Inaugural da VI Turma Especial de Medicina Veterinária do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) em parceria com a UFPel, com o tema “Reforma Agrária Popular e Questão Ambiental”. Mas é falsa a informação de que a JURA seja promovida pelo PRONERA.

SOBRE O PRONERA:

O PRONERA articula e apoia projetos de ensino voltados ao desenvolvimento das áreas de reforma agrária. Criado em 1998 pelo Governo Federal, nasceu a partir da articulação dos movimentos sociais do campo, que reivindicavam a Educação do Campo enquanto um direito. Essa política pública é direcionada a pessoas jovens e adultas moradoras de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), quilombolas, professores/as e educadores/as que exerçam atividades educacionais voltadas às famílias beneficiárias, além de pessoas atendidas pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). O PRONERA tem abrangência em diferentes modalidades de formação, entre as quais o ensino superior, a partir de parcerias com universidades públicas. A formação destes estudantes tem sido fundamental para o desenvolvimento dos territórios e das populações do campo.

SOBRE A AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E O DEBATE DEMOCRÁTICO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

É justamente no espaço da universidade que os modelos agrícolas – assim como todos os temas fundamentais para o desenvolvimento do país – devem ser debatidos, a partir de distintos olhares e fundamentos. Qualquer tentativa de cercear o debate e calar as vozes críticas no interior dessas instituições deve ser entendida como uma prática de censura e como um ataque à democracia.

De nossa parte, seguiremos pautando o debate sobre um novo modelo agrícola que democratize o acesso à terra e defenda a vida e o meio ambiente – na universidade e na sociedade. Todos e todas estão convidados/as a conhecer e se somar a este debate.

Pelotas, 24 de setembro de 2025.

Comissão Organizadora da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária – Zona Sul do Rio Grande do Sul.