Diversidade
Militantes do MST realizam o 1º Encontro Estadual LGBTI+ Sem Terra do Rio Grande do Norte
Encontro reúne Sem Terra de várias regiões do Nordeste em Ceará-Mirim e discute a luta contra a LGBTfobia no campo e o fortalecimento da Reforma Agrária Popular

Por Mykesio Max
Da Página do MST
Nesta quarta-feira (1), teve início o 1º Encontro Estadual LGBTI+ Sem Terra do Rio Grande do Norte, realizado no Centro de Formação e Capacitação Patativa do Assaré, no município de Ceará-Mirim. O Encontro segue até a próxima sexta-feira (3), reunindo militantes do MST de diversas regiões do Nordeste, em três dias de estudo, partilha, debate político e organização coletiva.
A realização deste Encontro marca um momento histórico para os sujeitos LGBTI+ Sem Terra no estado, que com firmeza e compromisso, constroem um espaço de formação para o fortalecimento da luta contra a LGBTfobia no campo, sempre articulada ao projeto da Reforma Agrária Popular.
Segundo Luana Oliveira, da Coordenação Nacional do Coletivo LGBTI+ Sem Terra do MST, o Encontro expressa uma conquista política e afetiva do coletivo.
“O Coletivo LGBTI+ Sem Terra completa dez anos de atuação dentro das instâncias de organicidade do Movimento. Aqui no Rio Grande do Norte, os sujeitos LGBTI+ Sem Terra preparam e realizam o seu primeiro Encontro, um espaço para debater a conjuntura política do Brasil e também a conjuntura da luta LGBTQIA+. Vamos discutir sobre violências, novas relações humanas e a importância da construção da luta dos LGBTI+ no campo”, destaca.


Ela ressalta ainda que a programação do Encontro integra o debate político, de formação agroecológica e do cuidado coletivo no Movimento: “além dos estudos e reflexões, teremos práticas relacionadas à agroecologia, como a produção de mudas, o cuidado das sementes e a preparação de bioinsumos. É um Encontro construído de forma afetuosa e a muitas mãos, que fortalece a organicidade do Movimento e reafirma que ser um sujeito diverso no MST é também construir agroecologia e lutar pela Reforma Agrária Popular.”
Também presente no Encontro, Flávia Tereza, da direção nacional do MST pelo Coletivo LGBTI+ Sem Terra, enfatiza o caráter histórico do momento e a síntese construída a partir das experiências no Nordeste.
Esse Encontro é a culminância de um projeto que envolveu três estados articulando educação popular, agroecologia e diversidade. É um momento de síntese, que fortalece a nossa militância”, afirma.
Para Flávia, o Encontro reafirma a unidade entre campo e cidade na luta por direitos e contra as opressões.
“Nós, sujeitos LGBTI+ do campo, temos nos fortalecido também com a vivência junto aos LGBTI+ da cidade. Na pauta da diversidade sexual, buscamos direitos por uma vida mais digna e a construção de um mundo igualitário, onde possamos amar quem queremos amar e viver em segurança. Essas lutas nos unificam. No Encontro percebemos como o campo e a cidade se fortalecem em pautas comuns, como a luta pela alfabetização nas periferias, que se intensificou durante a pandemia. Esse trabalho de base mostrou a importância de cuidar do povo e garantir o mais precioso: a vida.”

Ela recordou ainda a experiência da solidariedade construída a partir da Reforma Agrária Popular: “quando levamos alimentos às comunidades, não é o que sobra, mas sim o que temos de mais valioso: alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos, frutos da luta pela Reforma Agrária Popular. Esses alimentos alimentaram muitas pessoas e ajudaram a construir relações não adoecidas pelo capitalismo, pelo racismo e pelo machismo. É nesse caminho que seguimos firmes na luta contra a LGBTfobia.”
Flávia conclui reforçando a importância estratégica da unidade popular dos movimentos populares na luta por direitos. “No Encontro, temos fortalecido que, quando o campo e a cidade se unirem, a burguesia não vai resistir.”
Durante o Encontro serão debatidos temas em torno da conjuntura agrária e política do país, bem a luta por pelos direitos das/dos/des sujeitas, sujeitos e sujeites LGBTI+ no campo e na cidade, contra a LGBTfobia e no fortalecimento da Reforma Agrária Popular.


O Encontro se soma ao esforço permanente do MST em construir um campo livre de preconceitos, violências e exclusões, reafirmando que a diversidade é parte essencial do projeto de transformação social e da luta pela terra. E conforme, Luana, esse processo no RN somente foi possível por meio de uma parceria com o projeto Itaú Mais Diversidade, “que passou pela Paraíba, Pernambuco e agora se encerra no Rio Grande do Norte, reunindo militantes dos três estados em momentos de formação”, conclui.
*Editado por Solange Engelmann