Alimento e cultura

Ato de abertura de Feira da Reforma Agrária demarca luta pelo direito à alimentação em MG

“Lutar pelo o direito à alimentação e fortalecer os laços entre o campo e a cidade” assim inicia a Feira Estadual da Reforma Agrária e Agricultura Familiar em Belo Horizonte

Foto: Henrique Marques e Flora Vilela

Por Leonardo Koury e Laura Sabino 
Da Página do MST

Começou nessa sexta-feira (17) a quinta edição da Feira Estadual da Reforma Agrária e Agricultura Familiar, organizada pelo Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra em Minas Gerais MST-MG. As atividades irão até o domingo (19) e contam com um circuito gastronômico com diversos pratos voltados aos sabores da terra, a venda de produtos e alimentos da Reforma Agrária e as apresentações de arte e cultura, com entrada gratuita no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, centro de Belo Horizonte (MG). 

A abertura da 5ª Feira da Reforma Agrária reuniu lideranças do MST, parlamentares, representantes de ministérios, órgãos públicos federais e da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Belo Horizonte. As falas reforçaram a urgência da luta pelo direito à alimentação saudável e destacaram a necessidade de fortalecer os vínculos entre o campo e a cidade. Em um contexto de intensas pressões do agronegócio e das mineradoras, especialmente em Minas Gerais, a resistência popular se mantém firme na defesa da vida, da terra e da soberania alimentar.

Ney Zavaski, da direção do MST em Minas Gerais, destaca que a Feira da Reforma Agrária reafirma o compromisso com as lutas populares, sendo um espaço fundamental de encontro e articulação em torno da agroecologia, da economia solidária, dos povos originários e das comunidades tradicionais. “A nossa feira é uma expressão da luta camponesa: com comida saudável, arte, música, cultura e luta”. Ele afirma ainda, que a Reforma Agrária Popular é o caminho para enfrentar a fome e construir um Brasil mais justo. 

Relação campo cidade

Foto: Henrique Marques e Flora Vilela

Também foi destacada a importância da Feira e o papel do MST na construção e no fortalecimento das relações entre o campo e cidade, promovendo a cooperação e integração entre esses territórios. O Movimento tem promovido a soberania alimentar, combate ao trabalho escravo, enfrentamento da fome, e alimentação saudável por meio da produção agroecológica.

Neila Batista, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Minas Gerais, destacou que o instituto deve atuar para que o direito à terra seja efetivamente garantido: “Reconstruir o Brasil exige pensar no campo. Distribuir terras para quem planta e protege o meio ambiente, enquanto produz comida sem veneno para alimentar a população”, afirmou. Para ela, a Reforma Agrária é fundamental para fortalecer os laços da classe trabalhadora, tanto no campo quanto na cidade.

Carlos Magno, presidente da CEASA de Minas, destacou a importância de fortalecer os laços entre os órgãos públicos responsáveis pela segurança alimentar e os assentamentos de Reforma Agrária. “Incorporar alimentos saudáveis da Reforma Agrária aos centros de distribuição é um compromisso do Governo Lula, que já beneficia mais de 70 mil pessoas”, destaca ele. No estado mineiro, mais de 40 assentamentos participam da comercialização de alimentos na unidade da CEASA em Uberlândia, e a meta agora é expandir essa iniciativa para todas as unidades da CEASA no estado.

Ressaltando ainda a aproximação entre campo e cidade, Carolina Gabas Stuchi, secretária de Patrimônio da União, anunciou a entrega da chave e a assinatura do extrato de cessão do imóvel Chagas Dória, em Minas Gerais. O espaço será utilizado pelo MST e por movimentos sociais para abrigar o Centro de Formação Francisca Veras, que irá oferecer atividades de educação continuada, cozinha solidária, reuniões e eventos culturais voltados à Reforma Agrária Popular.

A conquista é resultado da luta coletiva do MST. “O edifício Chagas Doria vai ser um espaço de formação, um espaço de cultura e espaço dos movimentos sociais, para que a classe trabalhadora possa utilizar e construir junto com a gente”, afirma Nei Zavaski.

A solidariedade desempenha um papel fundamental na feira por meio do projeto Mãos Solidárias. A partir desse projeto, desenvolve-se um movimento que une campo e cidade por meio da distribuição de alimentos saudáveis produzidos em territórios Sem Terra, para comunidades urbanas e rurais em situação de vulnerabilidade social.

*Editado por Solange Engelmann