Solidariedade Sem Terra

Estudantes de Medicina do MST realizam Brigada Popular de Saúde e ação solidária em Buenos Aires

Brigada de estudantes do MST na Argentina, em conjunto com o Partido Justicialista, o Movimento Popular Nuestramérica, a Red Puentes e o Movimento Simón Bolívar, promoveu uma jornada solidária

Foto: Diego Vicente

Por Diego Vicente
Da Página do MST

A Brigada Josué de Castro, do MST, composta por estudantes do primeiro ano do curso de Medicina da Universidade de Buenos Aires, realizou uma ação de solidariedade com atendimento popular em saúde e distribuição de alimentos no bairro Rivadavia, na Unidade Básica Maradona.

No sábado (18/10), a Brigada de estudantes do MST na Argentina, em conjunto com o Partido Justicialista, o Movimento Popular Nuestramérica, a Red Puentes e o Movimento Simón Bolívar, promoveu uma jornada solidária na Unidade Básica Maradona, onde funciona uma cozinha popular que distribui refeições semanalmente às famílias dos bairros Rivadavia e Flores.

Foto: Diego Vicente

A atividade, que durou toda a manhã, contou com a participação de nove estudantes de Medicina, três médicos populares do Movimento Nuestramérica e militantes e voluntários das organizações populares. Foram realizados cerca de cinquenta atendimentos médicos, além da entrega de alimentos e diálogos com a população sobre o cenário político atual da Argentina, os cortes nas áreas da saúde, educação e assistência a pessoas com deficiência.

Para Emmanuel Álvarez, diretor regional do Ministério da Saúde da Província de Buenos Aires e militante de Nuestramérica, a situação atual exige organização e solidariedade popular:

“Na cidade mais rica da Argentina há desigualdade e injustiça no acesso à saúde. Com as brigadas populares, levamos atendimento e formação às comunidades que mais precisam. O neoliberalismo de Milei quer destruir a saúde pública na Argentina é o mesmo modelo da direita em toda a América Latina, que aprofunda a mercantilização e o desfinanciamento da saúde como direito dos povos. As brigadas são resistência e esperança, fortalecendo a luta por uma saúde pública e comunitária.”, destaca Emmanuel Álvarez.

Os cortes de recursos promovidos pelo governo argentino atingem especialmente quatro setores da sociedade:

  • Profissionais da saúde, que tiveram seus salários reduzidos e abaixo da média nacional;
  • Pessoas com deficiência, que sofreram cortes em auxílios e atendimentos hospitalares após auditorias;
  • Pesquisadores e cientistas, com salários reduzidos em até 34% e exclusão dos orçamentos federais;
  • Aposentados, um dos setores mais afetados, com benefícios abaixo da inflação e suspensão da entrega gratuita de medicamentos em farmácias.

Para Eduardo, do Movimento Simón Bolívar, a realização conjunta dessas ações reforça a unidade popular:

Atuar em bairros populares é estratégico e fundamental. Uma ação como esta, em Buenos Aires, fortalece laços, compartilha experiências e abre caminhos para iniciativas futuras. Algo que parece pequeno pode se tornar o início de processos muito maiores e mais coordenados.”

Diante do desmonte das políticas sociais, as Brigadas Populares de Saúde cumprem papel essencial ao levar atendimento, escuta, formação e solidariedade às comunidades mais afetadas pela crise. Em tempos de avanço da extrema direita e aprofundamento da pobreza, são o testemunho concreto da luta pela dignidade e pelos direitos dos povos.

Para Adriana Freire, filha de assentados do P.A. Cigra (MA) e estudante do primeiro ano de Medicina, a experiência é também formativa:

“Estar próxima das pessoas que mais necessitam de saúde contribui muito para a nossa formação. A saúde popular se aprende e se pratica junto ao povo. Nas brigadas, entendemos de perto as dificuldades das famílias — desde a falta de saneamento até o acesso às unidades básicas. Essa vivência nos ensina que cuidar é também um ato político.”

As Brigadas Populares de Saúde, portanto, vão além do atendimento médico: são espaços de formação, orientação, prevenção e, sobretudo, de solidariedade entre os povos. Elas reafirmam que a classe trabalhadora, em qualquer parte do mundo, enfrenta as mesmas lutas  e que apenas a organização popular é capaz de superar as injustiças impostas pelo capitalismo e seus governos.

*Editado por Priscila