Vivências

Na sede da COP30, MST abre as portas de assentamentos para compartilhar práticas agroecológicas

Iniciativa parte do princípio de que as soluções para a crise climática nascem dos povos e territórios

A 70 km de Belém, assentamentos do MST são referência em recuperação de áreas degradadas. Foto: MST-PA

Por Mariana Castro
Da Página do MST

Em novembro, Belém do Pará se torna a capital brasileira e palco das maiores discussões sobre as crises climática e ambiental no país. Dentro desse contexto, o Movimento Sem Terra abre as portas de assentamentos e convida a sociedade para conhecer práticas agroecológicas desenvolvidas no estado por meio da iniciativa “Caminhos da Agroecologia na Reforma Agrária Popular”.

A proposta é proporcionar vivências em áreas que são referência em recuperação de áreas degradadas, reflorestamento e produção de mudas e alimentos saudáveis a partir de duas opções de roteiros, que são o assentamento Abril Vermelho, localizado no município de Santa Bárbara do Pará e o Mártires de Abril, na ilha de Mosqueiro, ambos a 70 km de Belém, como explica Giselda Coelho, do setor de produção do MST no Pará.

“Nesses assentamentos vamos poder conhecer a diversidade que ao longo de mais de 20 anos tem se construído nesses territórios, que eram áreas de monocultura de dendê e coco e as pessoas também podem conhecer o dia a dia dos agricultores, o que eles têm feito do ponto de vista da prática, da resistência, da produção de alimentos, mas também da recuperação dessas áreas”.

No assentamento Abril Vermelho, famílias produzem até 100 mil mudas ao ano em antiga área de monocultivo. Foto: Mariana Castro

No período que compreende a Conferência das Partes (COP30), entre 10 a 21 de novembro e a Cúpula a Cúpula dos Povos, prevista para de 12 a 16 de novembro, a iniciativa prevê a visita de delegações asiáticas, imprensa espanhola, comitiva de militantes internacionalistas de movimentos que integram a Via Campesina, além de pesquisadores e estudantes da região. 

A iniciativa parte do princípio de que as soluções para a crise climática nascem dos povos e territórios. Por isso, convoca a sociedade para testemunhar os resultados concretos dessas práticas, tanto para o meio ambiente quanto para a vida das famílias.

Dona Téo, como é conhecida Teófila Nunes (ao centro), compartilha conhecimentos de saúde popular a partir de fitoterápicos. Foto: Mariana Castro 

Um dos assentamentos que integram a rota é o Mártires de Abril, na ilha de Mosqueiro. Lá, há mais de 25 anos, a agricultora Teófila Nunes fortalece as práticas de fitoterapia, a ampliação de cooperativas e a visão do campo como um espaço de vida, e não de exploração.

“É a oportunidade de mostrar para a sociedade e para a cidade que a Reforma Agrária Popular, a agroecologia é o caminho. A intenção de fazer os Caminhos da Agroecologia durante a Cúpula dos Povos é para visibilizar as práticas agroecológicas dentro dos nossos assentamentos. No meu caso, como assentada, mulher, trabalhamos com os fitoterápicos, não só para curar, mas como uma prática de saúde preventiva, de promoção humana e prática agroecológica”, explica a agricultora Teófila.

Para o MST, lançar o projeto durante a maior conferência climática do mundo é uma forma de destacar a agroecologia na Amazônia como um caminho concreto para enfrentar os grandes projetos do capital e a crise climática e ambiental.

“É um dia de vivência, de convivência com as famílias que têm se colocado, através da organização do MST, nesse processo de construção da produção de alimentos saudáveis, mas também de enfrentamento, de resistência às mudanças climáticas e para dizer, em tempos de COP-30 e Cúpula dos Povos, o debate que a gente tem construído nos territórios”, ressalta Giselda.

Com a inscrição realizada você garantirá o translado, alimentação saudável e, além de conhecer, fortalecerá as práticas agroecológicas da Reforma Agrária Popular.

Para agendar uma vivência entre em contato pelo whatsapp: +55 (91) 9112-0802

Opções de roteiros dos Caminhos da Agroecologia

Assentamento Abril Vermelho

Localizado no município de Santa Bárbara do Pará, a 70 km de Belém, foi ocupado em 16 de abril de 2004, em homenagem ao Massacre de Eldorado dos Carajás, e sua criação oficial ocorreu em 2009. O local se transformou de uma área de monocultura de dendê, com solo degradado e nascentes sob ameaças em um território de produção diversificada, com foco em práticas agroecológicas como viveiro coletivo, recuperação de nascentes e produção de alimentos saudáveis, com foco no açaí.

  1. Café da manhã no Armazém do Campo;
  2. Parada na divisa da área de produção de dendê e o assentamento;
  3. Visita às experiências de produções agroecológicas e regeneração florestal;
  4. Vivência com os agricultores;
  5. Almoço camponês;
  6. Conversa e trabalho no espaço coletivo Ana Primavesi;
  7. Mística de encerramento. 

Assentamento Mártires de Abril 

Na ilha de Mosqueiro, a 70 km de Belém, a antiga Fazenda da Taba, marcada pela degradação do meio ambiente, prostituição e tráfico de drogas, abriga desde 1999 o assentamento Mártires de Abril, que se destaca na produção de açaí, cupuaçu, banana, mandioca e feijão, além da criação de abelhas nativas, que auxiliam na polinização e na produção de mel e renda e nas práticas fitoterápicas. 

  1. Café da manhã no Armazém do Campo;
  2. Visita às experiências de produções agroecológicas, com destaque para a produção de fitoterápicos;
  3. Vivência e trabalho com os agricultores (cultivo, manejo de abelhas, coleta de própolis, entre outros)
  4. Almoço camponês;
  5. Prática de escalda pés;
  6. Visita à praia de Mosqueiro; 
  7. Mística de encerramento.

*Editado por Solange Engelmann