Jornada Literária

Resultado Final do I Festival Literário do MST – Escrevivências Sem Terra

Empunhemos abertamente a flor grávida de rebeldia

“A primeira coisa que eu escrevi com meu lápis e caderno novo foi MST”
Foto: MST

Por Equipe do Festival Literário do MST
Da Página do MST

Foi da poesia germinada na terra-território fecundo da luta do MST que brotou essa flor. Grávida da rebeldia, da memória, de fogueiras e sonhos transformados em versos e em narrativas poéticas. Essa flor – nossa poesia toda – tem o aroma de terra molhada, o tempo de semeadura do trabalho coletivo, as cores do povo Sem Terra, beleza e força que reinventam nossa imaginação e colorem de humanidades o caminho a ser trilhado até a conquista do alvorecer.

Da partilha: provocação, desejo e desafio de superação dos limites que a negação histórica ao direito à palavra escrita e falada impôs, e impõe, ao povo, nós, o Movimento Sem Terra – trabalhadores e trabalhadoras rurais, camponeses e camponesas – empunhamos com coragem essa flor. Dizendo, uma vez mais, que nenhuma cerca, nem a da terra, nem a do conhecimento, nem a do acesso à arte, se fará barreira intransponível para os nossos direitos e sonhos.

O Festival Literário do MST Escrevivências Sem Terra, realizado no marco dos 40 anos do Movimento Sem Terra, foi inspirado no conceito de Conceição Evaristo que convoca o povo brasileiro a fazer uma literatura genuinamente nascida da memória, pessoal e coletiva, dos marginalizados da história oficial. Literatura que, ao falar dos amores, dos gozos, das dores e das transgressões dos excluídos e das excluídas, reconta o Brasil e ousa sonhá-lo popular e poderoso – renascido das ruínas da Casa Grande e do latifúndio.

Em nome dessa memória coletiva, decidimos construir por nós mesmos a história do Movimento Sem Terra, a nossa história de movimento. Convidamos os assentamentos, acampamentos, centros de formação, escolas e toda a gente a contar suas escrevivências a partir de dois eixos fundamentais: a memória da luta, das festas, das desafiadoras conquistas de territórios, dos mártires, das fogueiras, das cantigas e tanto causo; e os sonhos para o futuro que construímos neste presente de lutas, nossa esperança contra a barbárie.

Organizado em duas modalidades, uma a partir das escolas do campo e uma geral, aberta aos territórios e outros espaços do MST, o Festival Literário recebeu 652 obras inscritas. Dentre estas, foram selecionadas 100 obras para compor o livro resultado do Festival, sendo 48 obras selecionadas das escolas do campo e 52 obras selecionadas da modalidade geral, constando ainda alguns desenhos (contos coloridos das crianças) que representam a primeira forma de narrativa da infância. Entre poesias, contos, crônicas e cartas, o Festival proporcionou uma intensa e bonita jornada pedagógica que envolveu a construção de centenas de saraus e oficinas literárias nas mais diversas regiões do país.

Com alegria e muito orgulho desse grande feito coletivo, apresentamos as obras e autores/as que serão publicadas no Livro Escrevivências Sem Terra! Festejaremos essa beleza lançando o livro no Encontro Nacional do MST, em janeiro de 2026, em Salvador. A publicação deste livro é uma parceria com o Ministério da Cultura (MinC), através da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (SEFLI) junto à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

O livro que será publicado pela Editora Expressão Popular será distribuído em nossos territórios, ocupará nossas escolas, centros de formação, bibliotecas, ocupará nossa mística Sem Terra. Todos os autores e autoras que tiveram suas obras selecionadas receberão exemplares do livro como forma de premiação. Como reconhecimento a todas e todos que participaram dessa jornada, estamos organizando o Acervo da Poética Sem Terra, a ser lançado também em 2026 no site do MST, onde estarão disponíveis todas as obras inscritas no I Festival Literário Nacional do MST, como memória coletiva desse processo.

Reafirmamos através dessa construção coletiva o nosso compromisso com a formação de leitoras e leitores, de escritoras e escritores do campo. Plantaremos e regaremos nosso pé de poesia, dia após dia, como diz o poeta, até a consumação da grande festa do batuque: a revolução e os sonhos além.

Confira a lista dos selecionados aqui e aqui. Em caso de dúvidas, o whatsapp do Festival segue ativo, é só chamar!

Viva os escritores e escritoras da Reforma Agrária Popular! Viva nossa história coletiva!

*Editado por Fernanda Alcântara