Educação do Campo

Bahia avança com primeiro currículo específico da Educação do Campo no Brasil 

O currículo contempla a perspectiva indígena, quilombola e camponesa, aprovado em 2025 pelo Conselho Estadual de Educação

Foto: Giovanna Hora, do Coletivo de Comunicação do MST

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Da Página do MST

Neste sábado (1), durante a manhã do segundo dia do 25º Encontro Estadual de Educadoras e Educadores do MST na Bahia, o debate entre as 400 educadoras e educadores de todo o estado, girou em torno de um marco importante para a Educação do Campo no estado, a implementação da Matriz Curricular da Educação do Campo na rede estadual.

A mesa foi conduzida por Poliana Reis, diretora de Educação do Campo e Comunidades Tradicionais da Secretaria de Educação da Bahia (SEC-BA); Gabriel Troilo, coordenador de Educação do Campo da SEC-BA; Sintia Paula, do setor de Educação do MST e Selidalva Gonçalves, secretária municipal de Educação de Amargosa (BA).

“Desde 2020 estamos na produção desse currículo específico para as modalidades de Educação do Campo, Educação Escolar Quilombola, Educação Escolar Indígena, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. O Documento Curricular Referencial da Bahia para as Modalidades da Educação Básica (DCRB Modalidades), volume 3, é um documento que serve tanto à rede estadual quanto aos municípios que quiserem fazer a adesão”, explicou Poliana Reis.

Com isso, a Bahia se torna o primeiro estado do Brasil a ter uma escola do campo com currículo específico e contextualizado com o modo de vida e a cultura camponesa, indígena e quilombola, atendendo às demandas históricas das comunidades tradicionais e dos movimentos sociais pela construção de uma educação que dialogue com a realidade do campo.

Construção de uma educação que represente os povos do campo nas escolas

Foto: Giovanna Hora, do Coletivo de Comunicação do MST

O processo de construção foi coletivo e participativo, com escutas, reuniões online durante a pandemia e consultas públicas presenciais junto às comunidades. O currículo foi aprovado em 2025 pelo Conselho Estadual de Educação, e sua implementação efetiva começa em 2026.

“É um documento que vai além do currículo. Ele é um espaço de disputa de poder e de implementação do projeto de Educação do Campo que defendemos, construído de forma coletiva. Mesmo antes da aprovação final, as escolas do campo da Bahia já começaram a colocar em prática essa matriz, o que mostra a força desse processo”, ressaltou Poliana.

Poliana Reis destacou ainda que o currículo é um marco político e pedagógico para orientar não apenas o trabalho em sala de aula, mas também a formação continuada dos educadores e a produção de materiais didáticos contextualizados.

Foto: Giovanna Hora, do Coletivo de Comunicação do MST

“Historicamente, os movimentos reivindicam uma educação contextualizada, que não reproduza a lógica urbanocêntrica. Esse currículo nasce dessa luta e do diálogo direto com o Fórum Estadual de Educação do Campo, sendo um referencial importante para todas as nossas ações. Ele dá direção aos materiais didáticos, à formação dos professores e à implementação das políticas públicas”, afirmou a diretora do SEC-BA.

Com o Documento Curricular Referencial da Bahia para as Modalidades da Educação Básica (DCRB) e a matriz curricular, a Bahia dá um passo importante no desenvolvimento da Educação do Campo, reconhecendo a diversidade dos povos e comunidades tradicionais e fortalecendo o compromisso com uma educação conectada à realidade camponesa.

Após a conquista, os próximos passos agora são os processos de formação dos profissionais da educação, etapa essencial para que o currículo se torne prática viva nas escolas. Essas formações vão garantir que cada educadora e educador possa ter uma referência de forma crítica e contextualizada, fazendo com que as escolas do campo sejam, de fato, espaços de transformação social, de valorização da diversidade e dos saberes populares.

*Editado por Lays Furtado