MST dialoga com ministros sobre demandas de reconstrução em Rio Bonito do Iguaçu (PR)

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST

Para apresentar um conjunto de demandas da população e de perdas em áreas de Reforma Agrária Popular, em Rio Bonito do Iguaçu, Guarapuava e demais municípios da região central do Paraná, atingidos pela passagem de um tornado na última sexta-feira (7), representantes do MST se reuniram com a Ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais do Governo Lula, Gleisi Hoffmann, e o coronel Fernando, da Defesa Civil, no sábado (8) e com o Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, neste domingo (9), durante visita à Rio Bonito do Iguaçu, uma das cidades mais afetadas com o desastre.

O MST reivindicou a reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu e denunciou a exploração da natureza pelo agronegócio na região. Além dos estragos na área urbana do município, diversas comunidades do Movimento sofreram danos, como o assentamento Nova Geração, em Guarapuava (distante mais de 130 kms da cidade), em que um assentado faleceu devido ventos fortes, com velocidade de 330 km/h, segundo medição do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

Nesta segunda-feira (10), o Governo Federal anunciou a liberação imediata de R$ 15 milhões para iniciar as reconstruções após passagem de tornado no Paraná. A intenção é que esse recurso acelere a reconstrução da escola e ginásio municipais de Rio Bonito do Iguaçu, que foram completamente destruídos. 

“A sociedade precisa da nossa união, do nosso esforço coletivo”, garantiu o Ministro Waldez Góes, durante a visita. Ele sobrevoou e também caminhou por comunidades da Reforma Agrária e áreas urbanas mais atingidas.

“Nosso objetivo aqui é garantir 100% de apoio do Governo Federal para ajuda humanitária, restabelecimento dos serviços essenciais, públicos e privados, e reconstruir o que foi destruído”, afirmou Waldez.  

“Entendemos como fundamental recuperar os nossos territórios, as áreas da agricultura familiar como um todo”, reforçou Bruna Zimpel da direção nacional do MST no PR, durante reunião com os representantes do governo. 

O município de Rio Bonito do Iguaçu teve 90% da sua infraestrutura destruída, segundo cálculos da Defesa Civil. Seis pessoas morreram e 750 ficaram feridas, além de mais de mil moradores que ficaram desalojados, segundo o governo paranaense.

Os ventos que chegaram a 330 km/h, deixaram um rastro de destruição, com casas destelhadas, imóveis danificados, muitos com as paredes no chão, postes de energia no chão, árvores arrancadas, carros destruídos, entre outros danos. Segundo o Simepar, Rio Bonito do Iguaçu teve um tornado de categoria F3 na escala Fujita, enquanto Turvo e o distrito de Entre Rios, em Guarapuava, tiveram tornados na categoria F2.

Durante a visita a ministra Gleisi Hoffmann enfatizou a necessidade imediata de iniciar a reconstrução das casas dos moradores e principalmente das escolas, creche e unidade de saúde, que foram muito destruídas. “Fizemos uma reunião com o prefeito, com as forças do estado do Paraná, com o pessoal que está aqui, ajudando nessa catástrofe que aconteceu. E nos colocamos à disposição para tudo o que podemos fazer através de nossa Defesa Civil, do Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento Social, para ajudar nesse primeiro momento”, declarou a ministra.

“Vamos unir esforços na reconstrução da cidade e também precisamos garantir o olhar das autoridades públicas pro interior e as comunidades que foram afetadas”, afirmou Thaile Lopes, da coordenação estadual do MST no PR.

Questões mais urgentes foram encaminhadas, como lonas para cobrir as casas. Nos acampamentos Herdeiros da Terra de 1º de Maio e Antônio Conrado, no município de Rio Bonito do Iguaçu, os itens foram entregues a cerca de 50 e 40 famílias, respectivamente.

Também acompanharam a visita o secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, e a Presidente Substituta do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Lea Bressy Amorim. 

Durante a passagem pela cidade, os representantes do Governo Federal almoçaram na cozinha solidária organizada pelo MST, no Centro da Melhor Idade de Rio Bonito do Iguaçu, que tem contribuído com a alimentação para as famílias desalojadas. No trajeto os ministros também passaram pelo assentamento Ireno Alves e acampamento Herdeiros da Terra de Primeiro de Maio, em Rio Bonito do Iguaçu, ambos atingidos com vários estragos devido a passagem do tornado. 

Números da destruição nas áreas de Reforma Agrária

As comunidades do MST atingidas em Rio Bonito do Iguaçu foram os acampamentos Herdeiros da Terra de Primeiro de Maio e Antônio Conrado, e os assentamentos Ireno Alves e Marcos Freire. No município de Porto Barreiro, o acampamento Porto Pinheiro, também sofreu duras perdas.

Às vésperas da COP30, que será realizada em Belém do Pará, nos próximos dias, esta tragédia é um alerta urgente: sem justiça social, não haverá justiça climática. É preciso enfrentar as causas estruturais da destruição ambiental e fortalecer os caminhos da agroecologia, da soberania alimentar, da Reforma Agrária Popular e da solidariedade.

Luta coletiva

Diante do tornado ocorrido na sexta-feira (07), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) assumiu o compromisso coletivo de fortalecer as mobilizações de solidariedade. Confira a nota do Movimento no Paraná sobre a tragédia.

Desde a noite do dia 7, mais de 30 militantes têm participado da organização e produção de lanches e marmitas para as famílias que ficaram desalojadas.

As refeições estão sendo preparadas no Centro de Convivência do Idoso, de Rio Bonito do Iguaçu, que também tem recebido doações de roupas, água e itens de higiene, entre outros.

A união e solidariedade também vem de outros estados. O MST do Rio Grande do Sul está enviando o primeiro caminhão com alimentos, colchões e cobertas para doações às famílias em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava.

As doações são feitas pela cooperativa Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), que ficou embaixo d’água nas enchentes de abril de 2024. Na época, o MST no Paraná também enviou brigadas de camponesas(es) para ajudar na campanha de limpeza e reorganização dos assentamentos atingidos pela enchente no estado gaúcho. Assista no vídeo.

Além disso, uma brigada de trabalhadores/as do MST gaúcho também está a caminho do Paraná para atuar na cozinha solidária, levando apoio às famílias do MST e moradores da região, que estão enfrentando a situação de destruição e falta de moradia com o desastre.

“Ser solidária é muito importante para ajudar as famílias. Peço para todos que consigam olhar uns para os outros e ajudar”, destacou a camponesa Eliane Foss, moradora do assentamento 8 de Junho, em Laranjeiras do Sul, município vizinho a Rio Bonito do Iguaçu.

Assista o vídeo do mutirão da esperança

Ajude doando para as famílias desalojadas:

Qualquer pessoa pode se somar nesta ação coletiva. Compartilhe as informações e confira como se solidarizar com as famílias atingidas pelo tornado no Paraná.

É possível doar qualquer quantia para a conta abaixou ou ir até os pontos de coleta nas cidades de Maringá, Curitiba, Quedas do Iguaçu, Laranjeiras do Sul e Rio Bonito do Iguaçu, para contribuir com alimentos e material de construção:

Para doações:

Razão Social: Associação Marmitas da Terra
CNPJ: 55.025.405/0001-76
Banco: Crehnor Laranjeiras – 350
Agência: 3001
Conta Corrente: 33506-1
Chave Pix: [email protected] (e-mail)

Pontos para arrecadação de alimentos e material de construção:

• Maringá

Escola Milton Santos de Agroecologia

Contato: (44) 99813-0449 / Cassiana

• Quedas do Iguaçu

Comunidade Dom Tomás Balduíno

Contato: (46) 99971-6454 / Jonas

• Curitiba

Cefuria, Rua desembargador Motta, 2791, bairro Bigorrilho

Contato: (43) 9603-6514 / Alisson

• Laranjeiras do Sul

Agência Crehnor Laranjeiras

Endereço: Rua Coronel Guilherme de Paula, 1111, Centro

Contato: (42) 98411-9800

• Rio Bonito do Iguaçu

Agência Crehnor de Rio Bonito do Iguaçu

Rua Guarapuava, 163, Centro

Contato: (42) 98425-0013

*Editado por Solange Engelmann