Reconhecimento

Camponeses do MST recebem prêmio “Orgulho da Terra” em reconhecimento a cultivos saudáveis 

A premiação valoriza práticas rurais que impulsionam a economia e a qualidade de vida das comunidades. Premiação ocorreu no Paraná

Dia da entrega do prêmio, Roseli, Floripa e Paulo com suas famílias. Foto: Ana Clara Lazzarin

Por Camila Calaudiano | setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST

Os produtores rurais assentados em áreas da Reforma Agrária no Paraná, Roseli Pereira de Campos, do assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas; Eliane Alves e José Paulo dos Santos Pires, do assentamento Nova Esperança, em Pitanga; e Floripa dos Santos, do assentamento Esperança Viva, em Mangueirinha, foram os vencedores da 5ª edição do prêmio “Orgulho da Terra”.

A premiação reconhece o cultivo agroecológico dos agricultores, na produção de hortaliças, erva-mate orgânica e na preservação de sementes crioulas. A cerimônia de entrega ocorreu nesta terça-feira (11), na sede do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), em Curitiba.

Nesta edição o prêmio contemplou o trabalho de produtoras, produtores e técnicos que se destacaram em dezessete categorias. Os premiados são selecionados com base em boas práticas ambientais, sociais e econômicas. O reconhecimento ilustra como os agricultores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estabelecem uma relação com a natureza, em forma de troca, cuidado e respeito.

Receber o prêmio Orgulho da Terra do Estado do Paraná na categoria erva-mate é ter o reconhecimento de que estamos no caminho certo, principalmente nesse momento em que os desastres ambientais cobram mudanças urgentes no nosso planeta”, diz José Paulo, assentado e produtor de erva-mate. 

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Paulo e Eliane (ao centro) recebendo o prêmio. Foto: Ana Clara Lazzarin

Eliane Alves e o companheiro Paulo José dos Santos Pires, venceram na categoria erva-mate, com uma produção orgânica e sombreada, acompanhada pela técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Viviam Maciel. Além da erva-mate, o casal cultiva Araucária enxertada, Araçá, Aroeira e Cedro Rosa, no sistema de agrofloresta.

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Paulo com os produtos que derivam da sua plantação de erva-mate. Foto: Leonardo Henrique dos Santos

“O prêmio não vem pela quantidade de erva-mate que produzimos, mas sim, pela forma como produzimos. Toda a nossa produção é agroecológica”, reflete Paulo. “Buscamos sempre trabalhar em sintonia e respeitando a natureza. E esse talvez seja o maior aprendizado que o MST nos proporcionou nesses longos anos de luta”, afirma.

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Roseli com sua família em frente ao seu estande. Foto: Ana Clara Lazzarin  

Roseli Pereira de Campos, é produtora de frutas, legumes e hortaliças desde 2009, quando tinha 24 anos e assumiu o trabalho no lote. Com poucos recursos e muito trabalho, ela implementou melhorias na propriedade, investindo no solo, no sistema de irrigação e em equipamentos mais eficientes e tecnológicos, que aumentaram a qualidade de sua produção, sem maltratar o meio ambiente. 

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Imagem aérea da plantação de Roseli Pereira. Foto: Arquivo pessoal
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Amostras dos produtos de Roseli. Foto: Ana Clara Lazzarin 

Em 2024, ela e a família construíram uma agroindústria de processamento mínimo para o beneficiamento de legumes e hortaliças, que comercializa com a sua própria marca, a Mixxi Saladas. 

Hoje, com todas as mudanças climáticas e o aquecimento global, é necessário a gente buscar esse novo modelo para continuar no campo”, afirma Roseli. Eles implementam o sistema agroflorestal há cinco anos e pretendem em breve fazer a transição para o orgânico em todo o lote.

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Floripa na noite da premiação. Foto: Ana Clara Lazzarin

Floripa dos Santos é uma guardiã das sementes crioulas há 25 anos. Assentada em Mangueirinha desde 1997, após três anos acampada ela começou a proteger as sementes nativas e compartilhá-las com outros agricultores. Assim, resgatando, preservando e multiplicando sementes tradicionais e garantindo a biodiversidade local.

“Eu planto e tenho minha horta também, orgânica […] para mim significa muito né, porque é uma semente crioula que a gente planta e guarda para mostrar para os outros que, às vezes, não conhecem essa que a gente tem”, relata Floripa.

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Amostras que Floripa levou para seus estante na premiação. Foto: Ana Clara Lazzarin

Idealizado pelo Grupo Ric e realizado em conjunto com o IDR-PR, o Sindicato e Organizações das Cooperativas do Paraná (Ocepar), SEAB, FAEP, ADAPAR e FETAEP, o prêmio “Orgulho da Terra”, faz um importante trabalho ao reconhecer os agricultores familiares que alimentam a população com comida de verdade e sem prejudicar a natureza. 

*Editado por Solange Engelmann