Reconstrução
MST se soma a Brigada de Solidariedade em Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava (PR)
Sem Terra realizam ações de solidariedade desde o dia 7 de novembro, auxiliando na produção de marmitas e lanches, organização de doações, limpeza e reconstrução de estruturas coletivas e casas

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST
Para auxiliar nas ações de solidariedade e reconstrução da infraestrutura e moradias destruídas nos municípios de Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava, no Paraná, trabalhadores/as do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se somam ao poder público e outras organizações da sociedade civil no apoio às famílias atingidas pelo tornado, que passou pelo estado no último dia 7 de novembro.
O tornado deixou sete mortes, mais de 830 feridos, além de mais de mil famílias desabrigados e um rastro de destruição e dor por onde passou. Bruna Zimpel da direção nacional do MST no PR, reforça que a solidariedade é um princípio de luta do Movimento, de tal forma que as famílias vivenciam esse processo no dia a dia, nos territórios onde vivem.
“Para nós do MST, a solidariedade é um dos valores que precisa ser partilhado e vivenciado pela classe trabalhadora. Por isso, estamos no assentamento 8 de Julho [em Laranjeiras do Sul], contribuindo com as famílias que foram atingidas pelo tornado. E seguimos com ações, tanto para a produção de marmitas e também nos territórios, de reconstrução das casas e já com ações também no espaço urbano”, resume.
Os trabalhos de solidariedade tiveram início ainda na noite do dia 7 de novembro, no Centro da Melhor Idade de Rio Bonito do Iguaçu, que se tornou um dos locais com a produção de marmitas e lanches, recebimento e organização de doações de roupas, alimentos e materiais de limpeza para as famílias atingidas pelo desastre climático.
Cozinhas solidárias

Desde o último domingo, dia 9 de novembro, o MST organiza o funcionamento de três cozinhas solidárias, que contam com o apoio de militantes e trabalhadores de todo o estado e do Rio Grande do Sul.
A produção de marmitas tem sido de 2 mil por dia, entre almoço e jantar, em Rio Bonito do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, e 420 em Guarapuava, entre café da manhã, almoço e jantar. Ao todo, estão sendo atendidas famílias atingidas diretamente e também as equipes de trabalho do próprio MST, que estão trabalhando no apoio às famílias atingidas.
As cozinha solidárias foram instaladas no Centro da Melhor Idade, de Rio Bonito do Iguaçu; na sede da Associação do assentamento 8 de Junho, em Laranjeiras do Sul e no assentamento Nova Geração, em Guarapuava.
“Nesse momento difícil nós do MST unimos nossas forças, com o auxílio dos outros assentamentos e acampamentos no Paraná e companheiros do Rio Grande do Sul, que estão ajudando também. Estamos servindo marmitas ao meio dia e à noite. Também fornecendo alimentação para alguns assentamentos atingidos”, conta Eliane Foz, assentada e coordenadora da Associação de Mulheres do assentamento 8 de Julho, em Laranjeiras do Sul.
A assentada também chama atenção para a necessidade das pessoas continuarem doando alimentos para que seja possível que a marmitas sigam prendo confeccionadas para alimentar as famílias afetadas pelo tornado. E que muitas famílias também necessitam de doações para as crianças, como fralda, mamadeiras, entre outros.


O assentado Chocolate e membro da direção estadual do MST do Rio Grande do Sul é um dos voluntário que está em Rio Bonito do Iguaçu, atuando nas cozinhas solidárias. Ele explica a importância da cozinha solidária nesse momento para a famílias atingidas e fala do papel da solidariedade para o MST.
“Essa cozinha tem como objetivo, num primeiro momento, criar condição mínima para que as pessoas consigam se alimentar até começar a se reestruturar. O MST, ao longo dos seus 40 anos, sempre teve atividades e práticas solidárias em relação às catástrofes. No último período, como as catástrofes vêm aumentando significativamente também temos que denunciar esse sistema agroexportador de commodities que não respeita a natureza”, denuncia.
Ele também aponta que catástrofes como essas não podem ser tratadas como fenômenos naturais, mas tem seus responsáveis no modelo do agronegócio, que destrói o meio ambiente e, consequentemente provoca destruições como estas. E, ao mesmo tempo, destaca a importância da agroecologia, com a produção de alimentos saudáveis nas áreas de Reforma Agrária, que possibilita oferecer alimentos de forma solidária às famílias atingidas.
“Aqui nós estamos transformando alimentos saudáveis, vindos de diversas partes do estado do Paraná, do Rio Grande do Sul, doado das nossas cooperativas, pelas famílias. Não há nada que acolha melhor que o alimento, produzido com amor, com responsabilidade. Acalenta o coração. E esse alimento é produzido por famílias do MST, um movimento solidário, que acredita que todo o ser humano tem o direito de se alimentar três vezes por dia com alimentação saudável, limpa, produzida com amor”, afirma Chocolate.
Famílias do MST doam 26 toneladas de alimentos
A produção das refeições está sendo garantida pelos alimentos doados pela população para as cozinhas solidárias. Entre essas doações, cerca de 26 toneladas de alimentos foram enviados pelas próprias comunidades do MST no Paraná e pela Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), da Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), juntamente com uma brigadas de camponesas(es) do estado para ajudar na solidariedade às famílias desabrigadas.

Entre as doações cerca de 3 toneladas de alimentos foram trazidos pela brigada de apoio de comunidades do MST do RS, no domingo (9). Já outras 15 toneladas foram doadas por famílias de assentamento e acampamentos da região Norte do estado, chegando na terça-feira (11) e 8 toneladas de alimentos chegaram, nesta sexta-feira (14), a partir de doações de famílias Sem Terra da região Sul do Paraná. As famílias do MST da Região Sudoeste do estado também enviaram doações de alimentos e roupas, que chegaram neste sábado (15).
Equipes para reconstrução
Atualmente, 150 pessoas do MST estão atuando nas cozinhas solidárias e equipes de construção em Rio Bonito do Iguaçu. Nesta sexta-feira (14), um mutirão também foi realizado na comunidade Herdeiros da Terra de 1º de Maio, em Rio Bonito do Iguaçu, para a cobertura da Escola Itinerante Herdeiros do Saber da comunidade, limpeza e reconstrução das casas destruídas pela força do vento.


A partir de segunda-feira (17), a previsão é que o grupo de trabalho solidário do Movimento aumente para aproximadamente 350 pessoas, para atividades nas cozinhas solidárias, apoio na organização e logística das doações, cadastramentos e com cerca de 200 pessoas, especialmente para obras de cobertura, reparos e reconstrução de casas, escolas e estruturas coletivas.
Comunidades do MST atingidas pelo tornado
A tragédia assolou diversos municípios e milhares de pessoas, entre elas cerca de 350 famílias camponesas Sem Terra, acampadas e assentadas foram atingidas diretamente, nos municípios de Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava.
No assentamento Nova Geração, em Guarapuava, a assentado José Geremias, de 53 anos faleceu e outras duas pessoas ficaram feridas devido à força dos ventos. O desastre também afetou várias famílias no local, destruindo completamento quatro casas e provocando estragos em outras moradias, galpões e maquinários agrícolas.
Em Rio Bonito do Iguaçu, o perímetro urbano foi o mais afetado, com estimativa de 90% das construções destruídas. As comunidades do MST atingidas neste município foram os acampamentos Herdeiros da Terra de 1º Maio de Maio e Antônio Conrado, e os assentamentos Ireno Alves e Marcos Freire. No município de Porto Barreiro, o acampamento Porto Pinheiro, também foi duramente atingido.

A acampada Maria, do acampamento Encontro das Águas, no município de Guarapuava é uma das Sem Terra que está se somando ao trabalho solidário junto às famílias atingidas no assentamento Nova Geração. Ela relembra a importância da solidariedade para as famílias do MST e faz um apelo para que as pessoas continuem doando e ajudando as famílias atingidas.
“A gente tem que pensar mais no próximo. Quanto mais pessoas se unirem, mais rápido a gente reconstrói tudo isso de novo. A gente veio de vários acampamentos para ajudar na organização das doações que estão chegando para as famílias afetadas. Está chegando muita roupa, comida, água e materiais para reconstruir as casas. As pessoas também estão precisando de material escolar para as crianças que perderam tudo”, relata a acampada.
Além de diversos trabalhadores/as Sem Terra feridos, o tornado destruiu total ou parcialmente barracões comunitários, escolas, casas, estruturas de produção, lavouras e derrubou árvores. Centenas de famílias também foram afetadas indiretamente pelo período de um a dois dias sem energia elétrica, que prejudicou a produção de leite, por exemplo.
Pontos de arrecadação: doações de alimentos, material de construção e água:
Curitiba: Cefuria. Rua Desembargador Motta, 2791, bairro Bigorrilho / Contato: Alisson (43) 99603-6514
Rio Bonito do Iguaçu: Agência Crehnor. Rua Guarapuava, 163, centro / Contato: (42) 98425-0013
Laranjeiras do Sul: Agência Crehnor Laranjeiras. Rua Coronel Guilherme de Paula, 1111, Centro / Contato: (42) 98411-9800
Guarapuava:
Campus Santa Cruz da Unicentro, Rua Salvatore Renna – Padre Salvador, 875, Santa Cruz / Contato: Ana Zanin ou Laís Vasconcelos (55) 42 9996-7488.
Assentamento Nova Geração / Contato: Clesmilda (67) 9173-4836
Quedas do Iguaçu: Comunidade Dom Tomás Balduíno, Escola Itinerante Vagner Lopes / Contato: Andréia (46) 99929-2939
Francisco Beltrão:
APP Sindicato: Rua mato Grosso, 1090, bairro Vila Nova.
Sintraf-FB: Av. General osório 214, Bairro Cango.
Centro Comunitário do Assentamento Missões.
Contatos: Daiane Prado (41) 99607-2198, Matheus Folador (46) 99903-0321, Cleo Parabocz (46) 99916-0779
Maringá: Escola Milton Santos de Agroecologia. Estrada Velha para Paiçandu lote 63, Parque industrial II /Contato: Cassiana (44) 99813-0449.
*Editado por Solange Engelmann



