‘Uma verdadeira aula’: Durante a COP30, ministro Wellington Dias visita floresta produtiva do MST no Pará

Por Mariana Castro
Do Brasil de Fato

Compondo a comitiva do presidente Lula, que cumpre agenda nesta quarta-feira (19) na COP30, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, visitou o assentamento Abril Vermelho, do Movimento Sem Terra, referência na produção de alimentos no município de Santa Bárbara do Pará.

O assentamento é fruto da luta pela terra, ocupada em um latifúndio de monocultivo de dendê, onde hoje 414 famílias desenvolvem práticas agroecológicas e produzem alimentos e mudas nativas em viveiro coletivo, garantindo o reflorestamento da região, recuperação de nascentes de águas e recuperação do solo.

“Isso aqui é uma verdadeira aula, que não se encontra em nenhum outro lugar. Eu fiz questão de visitar esse espaço porque eu queria ver a floresta produtiva na prática, que é o melhor exemplo do que está na declaração da COP30”, destacou o ministro.

Ao ministro, o MST explicou que 2025 é o primeiro ano em que o estado do Pará acessa o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e, por isso, tem como desafio a ampliação do acesso, por meio da agroindustrialização e implantação de Cozinhas Solidárias.

“São limites muito grandes que enfrentamos na hora de levar nossos produtos para uma feira nacional, em São Paulo, por exemplo. Como transportamos um conjunto de produtos in natura que não têm o mínimo de processamento para chegar nos espaços de comercialização? Por isso um dos nossos desafios é como avançar na agroindustrialização de produtos estratégicos, para durarem mais tempo e podermos fornecer para a política pública e nos espaços de comercialização”, explica Giselda Coelho, que compõe o Setor de Produção do MST.

Durante a Cúpula dos Povos, encontro autônomo promovido pelas organizações populares frente à COP30, o assentamento Abril Vermelho foi responsável pelo fornecimento de 5 toneladas de alimentos à Cozinha Solidária que alimentou mais de dez mil pessoas ao longo de cinco dias, com um PAA histórico de compra total de 146 toneladas de alimentos.

Durante a visita, o ministro conheceu o viveiro de mudas, a recuperação de nascentes, as instalações da Associação Ana Primavesi e o Sistema Agroflorestal (SAF) do assentado Raimundo dos Santos Filho, onde frutificam urucum, mamão, açaí, pupunha e uma grande variedade de frutas típicas da região amazônica.

“Aqui apresentamos ao ministro o que desejamos para a agricultura e para a reforma agrária do nosso país. O MST tem apresentado para a sociedade brasileira uma proposta muito prática, que é colocar 100 mil famílias em agroecologia e transição agroecológica, por meio da massificação da agroecologia para a produção de alimentos, e para isso vamos pedir ajudar a muitos ministérios”, explica o assentado.

Ao movimento, o ministro garantiu o agendamento de uma reunião com representantes de outros órgãos do governo, a exemplo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nos próximos dias e o apoio necessário para a garantia de agroindustrialização a partir da apresentação de um projeto por parte do MST.

“Não viemos apenas visitar o assentamento, viemos com compromisso. É possível fortalecer o acesso ao PAA e em relação às pautas mais complexas [como a agroindustrialização], pedimos ao movimento que apresente um projeto concreto para avançarmos”, pontua Dias.

Contrata+Brasil Alimentos

Durante a visita, o ministro destacou o lançamento da Plataforma Contrata+Brasil Alimentos, iniciativa federal apresentada durante a COP30 que tem como objetivo conectar, de forma simples e rápida, compradores públicos (órgãos federais, estaduais e municipais) e fornecedores, especificamente voltada para a compra de alimentos provenientes da agricultura familiar.

“O [assentamento] Abril Vermelho pode cadastrar na plataforma o que produz. Vocês têm o que consomem, mas também tem o excedente, seja de pupunha, açaí ou mandioca e vamos mapear que órgãos do governo podem comprar”, explica Dias.

Editado por: Nathallia Fonseca