2 de dezembro

MST e Inimigos do Batente festejam Dia Nacional do Samba com lançamento da Medalha Beth Carvalho 

Edição especial da série “O Samba da Minha Terra”, nesta terça (02) vai premiar todos os sambistas homenageados em 2025 com a Medalha Beth Carvalho, símbolo da união entre a cultura popular e a luta política

Foto: Comunicação MST

Da Página do MST

São Paulo (SP) – O Espaço Cultural Elza Soares, nos Campos Elíseos, prepara uma grande festa no dia 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba. A partir das 17h30, com entrada franca, a roda de samba dos Inimigos do Batente e o MST promovem a entrega da Medalha Beth Carvalho como parte da edição de final de ano da série “O Samba da Minha Terra”.

“A série ‘O Samba da Minha Terra’ presta homenagem à mais significativa expressão musical popular brasileira e às personalidades, sambistas, compositores e percussionistas que dão vida a esse gênero. Mais que uma forma musical, o Samba reúne um conjunto de referências, valores, posturas, símbolos, sabedorias e modos de vida de um Brasil popular, lutador, tão generoso quanto sofrido, a cantar as suas dores, alegrias e esperanças. Neste ano de 2025, temos vivido tudo isso no Espaço Elza Soares, que é um pedacinho do Brasil”, afirma Fernando Szegeri, fundador e integrante da roda dos Inimigos do Batente. 

Mari Tavares, musicista e produtora, do coletivo de coordenação do Espaço Cultural Elza Soares, destaca a importância do evento: “O reencontro de todos os homenageados das edições anteriores, no Dia Nacional do Samba, em que tudo começou exatamente há 1 ano, reafirma o Elza Soares como um verdadeiro território do Samba, onde estamos fomentando um projeto para que os sambistas se encontrem, se reconheçam e se manifestem como nossa cultura viva, transformadora e presente”. 

Para a atividade estão confirmadas as presenças de Fabiana Cozza, Graça Braga, Roberta Oliveira, Didú Nogueira, e Berço do Samba de São Mateus, homenageados durante o ano no Espaço, e que receberão no dia, assim como outros convidados, a medalha Beth Carvalho. A medalha invoca a trajetória da grande intérprete que logrou unir a expressão artística e militância política por um Brasil mais justo e igualitário.  

No dia 2 de dezembro também completa um ano da parceria entre os Inimigos do Batente e o MST. O encontro inaugural em 2024, que coincidiu com a celebração dos 25 anos da roda, foi realizado no Espaço Cultural Elza Soares, combinando a afinidade do local com o samba e a sintonia dos Inimigos do Batente com as lutas populares. Ao longo de 2025, ganhou corpo “O Samba da Minha Terra”, que se consolidou em cinco edições, celebrando os pagodes de fundo de quintal e a cada edição compartilhando com os homenageados uma grande mesa comum simbólica onde todos os músicos sentam, comem, conversam e fazem um tipo de esquenta para a roda de samba que acontece após o almoço. 

Lançamento de Macumbeira, primeiro videoclipe de Fabiana Cozza 

Fabiana Cozza foi a primeira sambista homenageada pela série “O Samba da Minha Terra”. De volta ao Espaço Elza Soares para receber a medalha Beth Carvalho, a cantora também promoverá neste dia a primeira exibição pública do videoclipe Macumbeira, composição de Robson Batuta e o primeiro trabalho audiovisual da carreira de Fabiana. O clipe foi gravado em outubro com a comunidade do Berço do Samba de São Mateus. 

Macumbeira é uma canção sobre paz, sobre fé, a despeito da religião de cada um. É também a afirmação de um caminho espiritual a partir de territórios negros sagrados como o candomblé e a Jurema. É o batismo do corpo pelo tambor. O clipe da faixa – primeiro nestes 30 anos de carreira – não poderia deixar de ser celebrado se não fosse numa roda de samba”, disse Fabiana. 

Beth Carvalho: arte e luta 

Uma das mais reconhecidas cantoras populares do Brasil em todos os tempos, Elizabeth Santos Leal de Carvalho, ou simplesmente Beth Carvalho, virou sinônimo de Samba ao longo de sua trajetória artística de quase meio século, com mais de trinta LP’s gravados, quase integralmente dedicados ao gênero. A alcunha de “Madrinha” demonstra a importância da artista no descobrimento e incentivo a talentos que viu desabrochar em suas andanças pelas rodas de samba do Brasil, entre os quais nomes como Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal e Jorge Aragão, entre inúmeros outros.  

Para além de seu papel decisivo na preservação, divulgação e desenvolvimento do Samba tradicional brasileiro, Beth destacou-se como incansável militante política, sempre pronta a se posicionar ao lado dos que combateram as lutas por um Brasil mais justo, livre e igualitário, entre os quais o ex-governador Leonel Brizola, seu principal mentor. Ficou conhecida por suas posturas combativas, tanto nos grandes momentos da vida nacional, como na defesa dos artistas populares do país e no apoio às causas mais candentes do debate político brasileiro. Apoiadora, entusiasta e amiga do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), gravou em apoio à luta pela Reforma Agrária Popular a canção “Ordem e Progresso”, de autoria de Zé Pinto, em 1998, cujos versos ressoam até hoje: 

A ordem é ninguém passar fome 

Progresso é o povo feliz 

A Reforma Agrária é a volta 

Do agricultor à raiz…”  

“Associar o nome dessa imensa e inspiradora figura que é Beth Carvalho a uma série que homenageia o Samba como valor brasileiro fundamental, a uma premiação que reconhece a importância daqueles que dedicam sua vida a ele, e que ainda é um marco do encontro, em amplo sentido, da cultura popular com a luta social e política, representa sem dúvidas algo histórico e grandioso”, cravou Szegeri. 

Laureados 

Estarão presentes no dia 02 de dezembro, para a primeira solenidade de premiação da Medalha Beth Carvalho: a cantora e pesquisadora Fabiana Cozza; o cantor, compositor e produtor cultural Didu Nogueira; o movimento cultural Berço do Samba de São Mateus; as cantoras e compositoras Graça Braga, Roberta Oliveira e Railídia; o compositor, intérprete, ritmista e produtor Wilson Sucena; Chico “Médico” Aguiar, cantor, pesquisador e agitador cultural; e Wander Geraldo, intérprete e integrante da ala de compositores da GRES Unidos do Peruche.

Sobre o Espaço Elza Soares 

O Espaço Cultural Elza Soares é um espaço cultural de caráter independente, educativo, multiplicador, de produção e difusão cultural. Oferece uma ampla gama de atividades, nas mais variadas linguagens artísticas, como teatro, cinema e audiovisual, música, culinária, artes visuais, esportes e diversas práticas integrativas de bem-estar. Possui também uma ampla programação de culinária intitulada “Culinária da Terra”, com pratos típicos regionais que trazem para o concreto o debate sobre alimentação saudável e a comida como direito humano fundamental. Além disso, o Espaço já abrigou feiras de livros que promovem a literatura periférica e regional, oficinas de artes visuais que incentivam a criatividade e expressão artística, e muitas outras atividades que reforçam o protagonismo das comunidades do campo e das periferias, viabilizando a circulação da cultura material e não material desses agentes culturais. 

Inimigos do Batente 

Fundada pelos músicos Railídia (voz), Fernando Szegeri (voz) e Paulinho Timor (percussão), a roda de samba dos Inimigos do Batente comemorou 25 anos em 2024, 20 dos quais realizando apresentações regulares no bar Ó do Borogodó, um dos mais representativos redutos do samba e choro em São Paulo.

A formação atual dos Inimigos do Batente é um pouquinho de Brasil, de periferia, de diversidade de ofícios que convergem na paixão pelo samba e pela roda de samba. São equilibristas entre o viver de música e a realidade que bate à porta. São Inimigos do Batente a paraense Railídia, jornalista e cantora; Fernando Szegeri, escritor e cantor; Paulinho Timor, produtor e percussionista; Hélio Guadalupe, carioca, funcionário público e cavaquinista; Luiz Tiobi, sete cordas, de família de músicos do interior de São Paulo; Dil Bandeco, metalúrgico e pandeirista; Koka Pereira, produtor, educador musical e percussionista.

Nesse quarto de século, a roda recebeu sambistas de diversas gerações e procedências como Wilson Moreira, Monarco, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, Nei Lopes, Wilson das Neves, Moacyr Luz, Tia Surica, Noca da Portela, Dona Inah, Carlão do Peruche, Fabiana Cozza, entre tantos outros. Também se apresentaram em espetáculos ao lado de “monstros sagrados” como Paulo Vanzolini, Leci Brandão e Alaíde Costa, bem como das legendárias Velhas Guardas do Camisa Verde-e-Branco (madrinha do grupo) e da Portela. 

Serviço

O Samba da Minha Terra, edição especial do Dia Nacional do Samba: lançamento e entrega da medalha Beth Carvalho 

Lançamento do clipe “Macumbeira” da cantora Fabiana Cozza 

Dia: 02 de dezembro de 2025 

Horário: Das 17h30 às 22h00. 

Local: Espaço Cultural Elza Soares – Alameda Eduardo Prado, 474 – Campos Elíseos

Entrada: gratuita. Alimentos e bebidas vendidas no local.