MST em São Paulo reunido para debater a luta pela terra e a transformação do Brasil 

Por MST São Paulo

Mais de 200 Sem Terra do Estado de São Paulo chegaram ao interior paulista nesta sexta-feira, 12/12, para pensar coletivamente os problemas do campo, da luta pela terra e se organizar para o próximo ano. É o 35º Encontro Estadual do MST São Paulo, que mobiliza a militância de todo o Estado.

Foto: Filipe Augusto Peres

O início, como é da tradição do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, contou com uma mística potente, que denunciava a violência contra as mulheres. 

Já o ponto de partida dos debates coletivos foi a mesa de análise de conjuntura. É por meio dela que alimentamos nosso posicionamento crítico e elaboramos a tática para os próximos desafios.

A mesa contou com os companheiros Cassia Bechara, Valério Arcary e Barbara Loureiro, que fizeram, respectivamente, uma avaliação sobre a conjuntura internacional, a conjuntura nacional e da questão climática.

A companheira Cassia Bechara, da Coordenação Nacional do MST e Escola Nacional Florestan Fernandes, lembrou do dever de nos solidarizarmos com a reconstrução de Gaza e a defesa da Palestina, e nosso compromisso de enfrentar, ao lado do povo venezuelano, os ataques do império estadunidense e a defesa da soberania da América Latina.  

Foto: Guilherme Guilherme

Na avaliação compartilhada pela companheira, vivemos hoje uma crise estrutural do capitalismo. E, portanto, não há uma solução possível dentro desse modo de produção. Essa crise se reflete em 03 principais pontos: no avanço da exploração do trabalho, na exploração dos bens comuns da natureza e nas guerras.

Valério Arcary, professor universitário e militante da Resistência/PSOL, apontou para um giro na conjuntura no segundo semestre de 2025. A mudança se explica por um novo posicionamento do governo Lula, mais à esquerda, mas também pela formação de uma frente de esquerda e uma recomposição dos movimentos sociais com um protagonismo do feminismo.

No entanto, para o professor, a eleição do ano que vem é totalmente incerta. Em suas palavras, “a relação de forças no mundo está piorando e Trump não vai apenas assistir as nossas eleições.” 

Analisando a atual situação da catástrofe climática, Barbara Loureiro, da Coordenação Nacional do MST e coordenadora da Campanha “Plantar árvores e Produzir Alimentos Saudáveis”, ficou responsável por facilitar o debate sobre a questão ambiental no Brasil e a responsabilidade do agronegócio na destruição da natureza e bens comuns. 

Para Bárbara, o ponto de partida para uma análise correta do tema é ter clareza de que “não é o “Ser Humano” em geral que causa os problemas ambientais, são os inimigos da classe trabalhadora. O agronegócio é o grande responsável pela maior parte do desmatamento no país. 

Após tantas questões para pensar, a militância do MST em São Paulo se dirigiu ao almoço: momento de saborear os frutos da luta pela terra. 

Foto: Guilherme Guilherme

Em seguida, os debates da tarde também foram bastante instigantes para todos e todas. Uma mesa da Questão Agrária e da Reforma Agrária Popular de peso foi formada, com Márcio José e Fernanda Matheus, do MST. 

O debate começou com um alerta: o agronegócio está vindo para cima dos nossos assentamentos. Por isso é importante retomar a luta por novos territórios mas também defender os territórios conquistados.

“O campo brasileiro virou um grande negócio. A agricultura virou negócio. Os bens da natureza viraram negócio. Essa é a realidade do campo brasileiro” afirmou o companheiro Márcio José. Por isso, “a grande tarefa do MST é produzir e garantir que o povo do campo e da cidade tenha alimento saudável na mesa”, complementou a companheira Fernanda Matheus. Mais ainda, “o MST cumpre um papel de levantar a bandeira do novo, da transformação e da revolução. Pese o que pesar. É nossa tarefa e precisamos levantar essa bandeira”

Após essas reflexões, o momento foi de confraternizar! O 35º Encontro Estadual do MST São Paulo apenas começou, e segue nesse final de semana.