Debates e planejamento
“Organizar a nossa base e posicionar o MST enquanto força política”
O MST realizou seu 35° Encontro Estadual em São Paulo. Atividade ocorreu no último fim de semana, entre 12 e 15 de dezembro

Por Coletivo de Comunicação do MST em SP
Da Página do MST
Neste último final de semana, entre os dias 12 e 14 de dezembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) reuniu a militância das 10 regionais do estado de São Paulo para o seu 35º Encontro Estadual. A atividade aconteceu no Centro de Formação Capaúva, no município de Campina do Monte Alegre, região Sudoeste do estado, e contou com a participação de cerca de 250 militantes.
O objetivo do encontro foi realizar um balanço das lutas e atividades que ocorreram ao longo de 2025 e elaborar o planejamento de ações para o próximo período. O encontro foi permeado de momentos de estudo e a atualização da conjuntura agrária e política, oferecendo subsídios para identificar os desafios colocados neste tempo histórico e para a elaboração de táticas, projetando o acúmulo de forças políticas para o enfrentamento dos inimigos de classe.
Estudo e formação

A programação dos dois primeiros dias de encontro se dedicou ao estudo da questão agrária, da conjuntura e da organicidade do MST, com foco para a realidade do estado de São Paulo.
O historiador Valério Arcary, e as coordenadoras nacionais do MST, Cássia Bechara e Bárbara Loureiro, trouxeram elementos centrais para a análise e atualização na conjuntura política e agrária nacionais e internacionais.
Para Cássia, a crise que estamos vivendo é uma crise do capitalismo. “Então, é uma crise que não tem resposta nesse modo de produção. A crise se reflete em 3 pontos: em um avanço na exploração do trabalho, na exploração dos bens comuns da natureza e nas guerras”, destaca.

“Cada vez mais é necessário olhar para as causas dos eventos climáticos. E é preciso ressaltar que o agronegócio é um grande causador dos problemas. Não é o ‘Ser Humano’ em geral que causa os problemas ambientais. São os inimigos da classe trabalhadora. O agronegócio é responsável por 97% do desmatamento”, apontou Bárbara Loureiro.
O terceiro dia de encontro deu centralidade para os debates internos de composição de instâncias estaduais e nacionais, projetando os e as militantes que assumiram a tarefa da condução política e organizativa do Movimento Sem Terra no próximo período, bem como dedicando no zelo e elaboração das linhas políticas da organização.
ocorreu ainda, o momento auto-organizado das mulheres Sem Terra, que reunidas em assembleia discutiram as pautas específicas que atingem as trabalhadoras camponesas, como as violências de gênero e a construção das novas relações humanas.
Outro debate central do encontro foi sobre a organicidade do Movimento Sem Terra. Esse foi o momento de estudar a estrutura organizativa do MST, entendendo como ela contribuiu para o avanço da organização nos últimos 20 anos e quais foram os principais limites e desafios que precisam ser superados, e projetar um modelo de organicidade que se aproxime do ideal, que seja um modelo que consiga responder às principais tarefas colocadas para o MST no próximo período. Tarefa essa que se volta para a retomada da luta pela terra e pela Reforma Agrária no país, retomada do processo de organização dos assentamentos e ajustes na participação da base social.
Cultura Sem Terra e alimentação saudável
Além de estudo, o 35° Encontro Estadual do MST em São Paulo também fortaleceu a mística do reencontro e o fortalecimento da identidade Sem Terra. Isso foi permitido pelos espaços de animação e cultura, que envolveram todas a programação.
Em especial, contou com uma noite cultural com o tema da alimentação saudável, que foi representada por meio de uma mostra da Culinária da Terra.


Os participantes puderam desfrutar de pratos produzidos pelas regionais, preparados com alimentos vindos dos assentamentos de Reforma Agrária. A mostra trouxe vaca atolada, pão com linguiça caipira, palmito assado, doce de leite, doce com amendoim, tábua de queijos, antepasto de beringela com torradas, baião de dois e arroz carreteiro.
Márcio José, da direção nacional do MST, sintetiza a realização do encontro como um espaço importante que contribuiu para solidificar o MST como força política no estado. “Uma organização política que tenha influência em nível estadual e nacional, e lá no território fundamentalmente, no debate político que possa pautar a Reforma Agrária novamente, junto à classe trabalhadora com interferência política direta nas instituições”, explica.
Ele ressalta que esse debate organizativo vai começar a ser construído a partir do próximo ano, mas com a pretensão de se tornar o pilar mestre da organização do MST nos próximos dez a 15 anos. “Foi um encontro estadual bastante participativo, a nossa militância participou de forma ativa em todos os espaços e na elaboração do projeção de uma nova sociedade. Saímos felizes e encorajados para que a gente possa colocar o MST no lugar de destaque no cenário político nacional”, finaliza Márcio.
*Editado por Solange Engelmann



