Juventude Sem Terra
“Nosso tempo é o agora”: Juventude do MST em MG define plano de formação e ação em assembleia
Atividade teve participação de mais de 50 jovens de todas as regiões do estado e destacando o protagonismo da juventude na construção da Reforma Agrária Popular

Por Matheus Teixeira
Da Página do MST
Na tarde de sábado (13), o Centro de Formação Francisca Veras, em Governador Valadares, Minas Gerais, foi tomado pela energia da Assembleia Estadual da Juventude Sem Terra, espaço estratégico dentro do 34º Encontro Estadual do MST. O momento foi de escuta, reconhecimento enquanto força viva, protagonismo e um plano de ação para o futuro.
Com a participação de mais de 50 jovens de todas as regiões do estado, a atividade definiu a formação política e a organização dos coletivos como eixos centrais para fortalecer o Movimento. O espaço destaca o protagonismo do ser jovem na construção da Reforma Agrária Popular.
Longe de serem apenas o “futuro do Movimento”, a juventude Sem Terra organizada em setores de produção, nos blocos culturais como o “Pisa Ligeiro”, em cursos e assumindo tarefas de condução da organização, deixaram claro que “o tempo da juventude é o agora”. A assembleia apontou a necessidade de consolidar um processo de organização próprio, pautado na condução coletiva e unificada que articule os diversos coletivos regionais, setores e leve em conta os elementos da territorialidade.
Dois perfis na mesma luta: O jovem do campo e da cidade


A reunião trouxe à tona os dois perfis principais que convivem e se complementam dentro da Juventude Sem Terra. O perfil mais urbano, de jovens imersos na militância política, engajados nas lutas populares e nos movimentos estudantis. Outro perfil, é daqueles que têm proximidade com o campo, jovens cujo principal projeto de vida está ligado à permanência na terra, à produção de alimentos no lote, constituir família cedo e ao fortalecimento dos assentamentos.
“A tarefa de organizar e inserir a juventude não é só da juventude, é de todo o Movimento Sem Terra. Nos comprometemos a mobilizar e organizar cada jovem em seu território, tanto aquele que está nas tarefas políticas e nos estudos, quanto o jovem camponês que está nos assentamentos e acampamentos”, afirmou Raquel Matos, do coletivo de juventude e setor de produção.
Em plenário se apontou a necessidade de ampliar forças e fortalecer a unidade entre campo e cidade. A tarefa, portanto, é construir uma organização que dialogue com essas duas realidades em cada território.
Formação política como tarefa estratégica
O eixo central dos encaminhamentos foi a formação. Relatos das regiões demonstraram um nível impressionante de jovens estudando e se formando, se qualificando nas mais diversas áreas; jovens cursando ou formados em Psicologia, Administração, Medicina, Agronomia, Licenciatura em Educação do Campo, História, Veterinária e cursos técnicos. No entanto, o consenso foi de que é preciso ir além da formação técnica, é preciso elevar o nível de consciência.
Nei Zavascki, da direção nacional do MST, ressaltou que o jovem é uma referência e deve ser expressão do coletivo. “O jovem precisa ser disputado pelo projeto político”, afirmou. Reforçando que é preciso massificar a formação política da juventude nos assentamentos, acampamentos e em todos os espaços para ocupar novos lugares e continuar a luta pela Reforma Agrária.

A assembleia também foi um momento de anúncio de ações de alcance nacional e internacional como a retomada do Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV), junto às universidades e coletivos organizados. Nesse sentido, as regionais se preparam para receber novos militantes em um processo de imersão que vai para além dos muros da universidade, focando no método da luta popular.
“Vocês são a nossa retaguarda política. A política que a gente utiliza é a mesma que aprendemos com o MST, quando precisamos é aqui (ao MST) que recorremos”, relata Kaique Maciel, do Levante Popular da Juventude, sobre a importância do MST como força política.
Durante a assembleia ainda foi definido pela multiplicação, anúncios e divulgação das ações da juventude, além de pensar a memória das atividades. Destacou-se ser preciso mostrar as ações realizadas nos territórios, as jornadas, os mutirões, os encontros, os momentos de luta, de lazer e comemoração, entre outras.
A Solidariedade Internacional também ganha destaque com o anúncio da juventude Sem Terra Mineira, se preparando para integrar uma brigada internacional na Venezuela, em um ato de solidariedade frente ao imperialismo.
A mensagem ao final da assembleia foi de que a Juventude Sem Terra de Minas Gerais não espera pelo futuro. Ela está, no presente, se formando, se organizando e assumindo a tarefa de conduzir e renovar as lutas que constroem a Reforma Agrária Popular.
*Editado por Solange Engelmann



