Colômbia suspende pulverização aérea com glifosato
Da Página do MST*
A Colômbia foi mais um país que entrou na lista dos que proibiram a pulverização aérea do agrotóxico glifosato.
No final da semana passada, o presidente Juan Manuel Santos pediu a suspensão da fumigação aérea deste veneno agrícola.
Santos expressou que a decisão foi tomada a partir do resultado das investigações realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre outras, que recomendaram a não utilização deste produto químico pelos seus resultados adversos à saúde humana.
O presidente colombiano disse ainda que esta decisão se deu também em virtude do posicionamento da Corte Constitucional, que ao recorrer ao princípio da precaução, pediu que se suspendesse esse tipo de pulverização.
“Esses estudos concluem que sim, existe risco para a saúde e é uma evidência suficiente para aplicar o que a Corte chamou como princípio da precaução”, sinalou o presidente.
Santos se refere ao recente estudo da Agência Internacional para Investigação sobre Câncer (IARC, sigla em inglês), instituição especializada da OMS, que confirmou a relação direta do agrotóxico como agente potencial de câncer em humanos e animais.
O herbicida, produzido há mais de 20 anos pela multinacional Monsanto, é o mais utilizado na agricultura mundial, em produtos como soja, trigo, arroz, milho, uva, banana, cacau, café.
Onda de proibições
Além de ser o agrotóxico mais utilizado no mundo, ele também o é no Brasil. Comercializado com o nome de Round Up, o agrotóxico mata praticamente todos os tipos de plantas, exceto as geneticamente modificadas para serem resistentes.
Diversos estudos realizados em todo o mundo já confirmaram os malefícios do uso do glifosato para o corpo humano, como a inibição do Citocromo, uma enzima para o funcionamento natural de muitos sistemas biológicos, a queda nos níveis de triptofano e, consequentemente, serotonina, condição associada ao ganho de peso, depressão, mal de Parkinson e de Alzheimer, aumento de células cancerosas e, por ser considerado um xenoestrogênio (substância sintética que age de forma similar ao hormônio feminino estrogênio), está também associado a casos de puberdade precoce, problemas de tireóide e infertilidade, má-formação de fetos e autismo.
Recentemente estudos publicados no International Journal of Environmental Research and Public Health sugeriram a ligação do glifosato com a doença crônica renal de origem desconhecida (CKDu, na sigla em inglês), que afeta principalmente os produtores de arroz no Sri Lanka. Essa descoberta fez com que o país fosse o primeiro no mundo a proibir a venda e o uso do pesticida em todo o seu território.
Em 2003 a Dinamarca restringiu severamente o uso do glifosato em algumas regiões do país.
Outros países, preocupados com o aumento de doenças relacionadas ao uso do glifosato também começaram a promover sanções contra o pesticida.
A Holanda já proibiu o seu uso, mas estabeleceu um o prazo máximo de adaptação que vai até novembro de 2015. Em 2013, o Poder Legislativo em El Salvador baniu diversos agrotóxicos, incluindo o glifosato.
Estudos estão sendo realizados na Rússia, Tasmânia (cidade australiana) e no México com o objetivo de colher o maior número possível de evidencias que coloque o pesticida como causa prioritária de doenças que afetam produtores e consumidores.
Já no Brasil, o Ministério Público Federal, pediu em março de 2014 a suspensão do uso do glifosato. A medida visa obrigar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a reavaliar a toxidade de oito ingredientes ativos suspeitos de causar danos à saúde humana e ao meio ambiente.
O pedido de reavaliação foi feito pela própria Anvisa em 2008, que enfrenta como um dos principais entraves para a reavaliação do herbicida as ações judiciais, movidas pelas fabricantes do produto e associações para tentar barrar o processo.
*Com informações do O Novo Dia.