Juventude Sem Terra debate redução da maioridade penal durante encontro

Encontro reuniu mais de 200 jovens dos assentamentos da região sudoeste da Bahia.

DSC08727.JPG

 

Da Página do MST

Entre os dias 17 e 20, cerca de 200 jovens se reuniram no 2º Encontro da Juventude da Brigada Maria Zilda, no Assentamento Lagoa do Caldeirão, em Vitória da Conquista, Bahia. 

Os jovens vindos de assentamentos da região debateram a organicidade do MST, o Projeto de Lei 171 – que prevê a redução da maioridade penal -, as políticas públicas para juventude do campo e a diversidade das relações de gênero. 

 

DSC08782.jpg
Pintura em telha, uma das atividades do Encontro

Para nortear os debates, a juventude participou de oficinas, palestras, rodas de conversa e noites culturais com atividades de capoeira, pintura em telha e campeonato de futebol.

De acordo com Maria Dulce, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Fábio Henrique e CEI Chapadão, o espaço foi construído a partir das demandas levantadas no primeiro encontro de jovens da escola e por meio de entrevistas com os jovens dos assentamentos. 

“O nosso encontro é resultado de um trabalho realizado entre o MST e a Escola Fábio Henrique, que trabalhou coletivamente com a juventude das comunidades para garantir atividades no campo da formação política e artística, com ênfase na conjuntura política atual”, explicou Dulce.

Redução Não é a Solução

Um dos temas mais debatidos da noite foi o  PL 171. Alexandre Xandó, militante do Levante Popular da Juventude e mediador do espaço, propôs várias reflexões sobre o tema, além de apresentar dados importantes sobre o processo de redução.

“Existem dados que os veículos de comunicação não mostram. Apenas 1% dos homicídios hoje no Brasil são cometidos por menores. O modelo penitenciário brasileiro não cumpri sua função. Se colocarmos crianças e adolescentes nas cadeias estaremos inserindo estes jovens em grandes escolas do crime”, destacou Xandó. 

Já Elisangela Souza, do setor de juventude do MST, destacou o fato dos jovens negros estarem “morrendo nas periferias e não existem políticas públicas de inclusão educativas e artísticas. A redução da maioridade vai encarcerar os jovens da classe trabalhadora, e nós do campo precisamos nos organizar para fortalecer a luta contra este projeto de lei”, pontuou.

Xandó também destacou que o processo ideológico na sociedade é tão perverso que na maioria das vezes o próprio oprimido reproduz a opressão.

“Nossa juventude precisa saber que elas serão as mais atingidas com aprovação deste projeto de lei. Precisamos nos fortalecer para realizar uma disputa ideológica já que este tema é massacrado pela mídia hegemônica”.

Diversidade de Gênero
 

DSC08737.JPG
Mulheres jogam futebol no campeonato organizado pelo Encontro

Outros dois temas debatidos foram as questões em torno da diversidade de gênero e a luta contra o modelo patriarcal, que reproduz violências machistas e homofóbicas.

Tendo como base músicas, poemas e vídeos, o espaço propôs contextualizar a origem do patriarcado, ao garantir poder e autonomia do homem sobre a mulher.  

Além disso, o espaço apontou a descriminação sobre qualquer postura ou identidade de gênero que se aproxima ou se identifica com o feminino. 

Para Wesley Lima, da direção estadual do MST, “o modelo capitalista de sociedade não respeita a diversidade e a identidade de gênero. é um mecanismo de controle social reafirmado por diversos setores conservadores”. 

“Nossa juventude precisa entender o papel revolucionário que possuem. A luta contra todo tipo de violência precisa ser protagonizada a partir da unidade da classe trabalhadora e nós, jovens Sem Terra, temos este grande desafio pela frente”, finaliza. 

Avaliações e Calendário 

 

DSC08707.jpg
Jovens organizam calendário de atividades

No final do Encontro foi realizada uma avaliação das atividades formativas e a construção de um calendário de formação política foi elaborado.

Uma das metas é a participação dos jovens no Encontro Regional da Juventude Sem Terra do Sudoeste Baiano que acontecerá em dezembro. 

A participante Tatiane Lima, do Assentamento Mutum, declarou que as palestras, temas e linguagens escolhidos dialogam com a juventude que, por muitas vezes, está dispersa nas comunidades.

“É necessário construir mais espaços como estes. O tempo foi pouco diante de tanta coisa nova que aprendemos. Acho que o maior desafio agora é fazer com que este aprendizado seja passado para juventude que não está aqui”, ressalta.

O encontro foi uma iniciativa da direção do MST em parceria com o setor de Juventude, de Educação e da Escola Fábio Henrique, contando com o apoio do Levante Popular da Juventude, do vereador Júlio Norato e da Prefeitura de Vitória da Conquista através do setor Estação Jovem.