Movimentos vão às ruas exigir mudança na política econômica de Dilma

Um dos principais focos dos protestos será defesa Petrobras como operadora das reservas do pré-sal.

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Por Pedro Rafael Vilela
Do Brasil de Fato

No aniversário de 62 anos da Petrobras, no próximo dia 3 de outubro, a Frente Brasil Popular (FBP), que articula dezenas de movimentos e organizações sociais em todo país, convocou atos políticos em mais de 20 cidades para defender a principal empresa brasileira, que está ameaçada de perder o controle sobre algumas das maiores reservas de petróleo do mundo. A principal ameaça é o projeto de lei 131/2015, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que pretende tirar da Petrobras a função de operadora única do pré-sal, reservas que podem conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo.

Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), há uma campanha que mistura os graves episódios de corrupção descobertos pela Lava Jato com a missão da empresa. Para José Maria Rangel, coordenador da FUP, os mesmos setores que há décadas tentam privatizar a Petrobras e as empresas internacionais de petróleo estão por trás dessas movimentações. “Aqueles que praticaram atos de corrupção na empresa já estão sendo investigados. O que não podemos aceitar é que a mídia se aproveite disso para atacar dia e noite a Petrobras, passando a impressão de que ela está na bancarrota. Isso é mentira. A empresa tem batido recordes que nunca são noticiados”, protesta. Só no primeiro semestre de 2015, apesar da Lava Jato, a Petrobras ampliou em 9% sua produção de petróleo e registrou lucro líquido superior a R$ 5 bilhões.   

De fato, a importância da Petrobras para a economia brasileira é facilmente medida em números. As riquezas que a estatal produz representam 13% do Produto Interno Bruto (PIB), geram milhões de empregos e 42% de todos os investimentos da indústria nacional. Para José Antônio Moraes, que é coordenador de relações internacionais da FUP, a disputa petrolífera é ainda é algo “muito importante” no mundo. Ele cita a Guerra do Iraque (2001-2003) como marco na retomada das enormes reservas iraquianas pelas empresas multinacionais. A derrubada de Saddam Hussein também acabou com o controle das reservas por uma empresa nacional. Mais recentemente, mesmo com a queda no preço do barril de petróleo, a gigante Shell pagou 70 bilhões de dólares (cerca de R$ 280 bilhões) pela compra da BG Group. “Não é por acaso, a BG tem participação em cinco campos do pré-sal na Bacia de Santos. Há um claro interesse da Shell nessa compra, que é ampliar sua presença em nossas reservas e a mudança na lei de partilha é crucial para eles”, avalia Moraes.

Contra o ajuste fiscal

Os atos políticos também pretendem cobrar mudança na política econômica do governo Dilma. Para representantes dos movimentos sociais, não é possível admitir que o ajuste fiscal recaia nas costas dos trabalhadores e aliviem a situação dos mais ricos. “A base social que inclusive ajudou a reeleger a presidenta Dilma está sentindo os efeitos da crise. Os cortes anunciados pelo governo vão afetar programas sociais importantes, como o ‘Minha Casa, Minha Vida’, o farmácia popular, Fies, entre outros. Podemos perder parte das conquistas dos últimos anos”, afirma Raimundo Bonfim, da Coordenação dos Movimentos Populares (CMP).

Bonfim reconhece que, apesar do governo não estar correspondendo com o programa que o elegeu, é “golpe” a tentativa de setores da oposição de levar adiante o impeachment da presidenta Dilma e os movimentos sociais não vão permitir a quebra da “legalidade democrática”. “Nós organizamos a Frente Brasil Popular para articular de forma unitária o conjunto dos movimentos, tendo três objetivos: além de combater o ajuste fiscal e lutar contra o ‘golpismo’, nossa meta é que o Brasil avance em reformas estruturais, como a tributária, a política, a agrária, democratização dos meios de comunicação, entre outras”, descreve.

Confira onde ocorrerão atos políticos:

Rio de Janeiro

No Rio, o ato será no dia 2 de outubro, no centro da capita, com caminhada da Candelária até a Cinelândia, a partir das 16h.

Espírito Santo

Vitória será sexta-feira (2), às 17h, em frente a sede da Petrobras.
 

Bahia
Em Salvador, caminhada em defesa da democracia no centro. Local: Campo Grande, a partir das 9h.

Ceará
Concentração na Praça José de Alencar, em Fortaleza, a partir das 8h.

Minas Gerais
Concentração na Praça da Rodoviária, em Belo Horizonte, a partir das 9h.

Paraná
Ato público em defesa da Petrobras, às 10h, na Boca Maldita, em Curitiba.

Pernambuco
Concentração na Praça Derby, às 8h, no Recife.

Rio Grande do Sul
Concentração no Largo Glênio Peres, seguida de caminhada até a torre simbólica da Petrobrás, na Praça da Alfândega, centro de Porto Alegre, às 10h.

São Paulo
Na capital, a partir 14h (Avenida Paulista, 901 – em frente ao prédio da Petrobras).

10h – Araçatuba
Câmara Municipal (R. Quatorze de Julho nº 26, Bairro São Joaquim)

9h – Campinas
Estação Cultura – Praça Marechal Floriano Peixoto s/nº, com caminhada até o Largo da Catedral

9h – Itapeva
Praça de Eventos Zico Campolim, na Av. Castelo Branco, 923 – Centro

8h – Presidente Prudente
Lançamento regional do Fórum dos Movimentos Sociais no anfiteatro do Sindicato dos Bancários (Rua Casemiro Dias, 379, bairro V. Nova). 

8h30 – Ribeirão Preto
Esplanada do Teatro Pedro II – Calçadão do Centro

10h – São José do Rio Preto
Rua Bernardino de Campos, 2940 – Praça Shopping Santa Catarina

Santa Catarina
9h – Florianópolis
O ato será na Praça da Catedral, em Florianópolis.

9h – Blumenau
Escadaria da Catedral de São Paulo Apostolo (Rua XV de Novembro). 

10h – Joinvile
Praça da Bandeira 

9h – Chapecó
Praça Coronel Bertaso (Centro).

Piauí
8h – Concentração às 8 h na Praça Rio Branco, em Teresina.
 

Distrito Federal
9h – Ceilândia
Ato será realizado na Feira da Ceilândia.

Paraíba
O ato na capital acontece em frente ao teatro Santa Catarina. 

Pará
A ato acontece na capital Belém, e a concentração será na escadinha, às 9h.

Alagoas
Com ato em Maceió no dia 3, os manifestantes se concentram às 8h em frente ao antigo Produban no calçadão do comércio.