“O Brasil está aqui mostrando que a Reforma Agrária dá certo”
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Entre uma venda e outra, passando troco, pesando os alimentos e empacotando-os, José Cícero Santino, agricultor vindo de Alagoas para a primeira Feira Nacional da Reforma Agrária, contou sobre as vendas na Feira e sua trajetória no MST.
“O abacaxi está doce como mel e o inhame é a metade do preço que você encontra no supermercado”, propagandeava Santino aos que passavam pelos corredores da 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária.
Foram 3 dias na estrada de Alagoas até o Parque da Água Branca, em São Paulo, trazendo na boleia do caminhão as 2 toneladas de inhame, as 3 mil bananas-compridas e os mil abacaxis “doces como mel” (Clique aqui para ver mais fotos da feira).
“Esse é um momento histórico para o nosso Movimento. É o Brasil inteiro que está aqui mostrando que a Reforma Agrária dá certo com os frutos das nossas lutas”, disse Santino.
Além dos produtos e da disposição, Santino também traz na bagagem a experiência das feiras da Reforma Agrária em Alagoas, das 16 edições da Feira em seu estado, o agricultor foi presença garantida em todas.
“Para mim a Feira em Alagoas é como se fosse um filho. Estive em 1999 ajudando a pensar e construir com outros companheiros a ideia da Feira e de lá até agora faço questão de levar minha produção e ajudar a continuar essa história.”
Lembrando das edições das Feiras em Alagoas, Santino reforçava que elas são o momento de prestar contas à sociedade, onde as pessoas conseguem visualizar os resultados das marchas, mobilizações e ocupações de terra.
“São 16 anos de aprendizado, pensando as diversas dimensões da Feira, para com isso ganhar ainda mais a confiança da sociedade. Assim como em Alagoas, nossa experiência de Feira Nacional deve virar tradição!”, aposta. “É olhar no olho dos homens e das mulheres com mãos calejadas que nos alimentam e que aqui comercializam sua produção de qualidade com preço justo”.
Santino é assentado desde o ano de 2001, no município de Atalaia, na Zona da Mata de Alagoas, onde produz inhame, macaxeira, laranja e cria pequenos animais. Todo orgulhoso relata que é o trabalho na terra a fonte de renda da família.
“Hoje todo o sustento da minha família vem da nossa roça. Além das nossas Feiras, estamos semanalmente levando nossos produtos para as feiras livres do município que moramos e dos municípios região”, explicou orgulhoso.
“Movido pela paixão”: assim descreve seu combustível nos anos de luta. “Enquanto existirem famílias Sem Terra a nossa luta vai continuar… E as nossas Feiras são grandiosas expressões de nossas lutas!”
Santino já deixava as lágrimas caírem enquanto lembrava parte de sua história. Numa mistura de sentimentos e após uma profunda respirada ele emendou: “já fomos acusados e ameaçados várias vezes, mas enquanto existir a força e a coragem dos trabalhadores e trabalhadoras, não vamos nos calar e continuaremos dando exemplo, como esta Feira, da nossa organização e compromisso com o povo”.