Semana Adão Pretto celebra memória do deputado, um dos fundadores do MST

Adão, que sempre apoiou a luta dos movimentos populares, principalmente os do campo, completaria 70 anos este ano.

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Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Para recordar a trajetória de vida e celebrar a memória do deputado que completaria 70 anos em 2015, de 13 a 18 de dezembro acontece a 5ª Semana Adão Pretto no Estado do Rio Grande do Sul.

Vários eventos estão programados para marcar a semana. Entre eles, a exibição do filme “Adão Pretto: A história da luta camponesa na vida de um poeta cantador”; apresentação do samba-enredo que será tema da Escola de Samba Unidos Vila Isabel de Viamão; inauguração de rua em Porto Alegre; Jantar dos Amigos de Adão Pretto; e formatura da primeira turma do curso especial de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), uma conquista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Todas as atividades estão associadas à memória do deputado.

Adão Pretto foi deputado estadual e federal. Faleceu no ano de 2009 quando estava em seu 6º mandato. Foi resultado de sua luta a implementação do seguro agrícola, a aposentadoria especial a agricultores e a reforma agrária.

Segundo o dirigente nacional do MST, Cedenir de Oliveira, a história de Adão Pretto está diretamente ligada às lutas dos movimentos populares, principalmente daqueles ligados ao campo, como o próprio MST. “Adão era grande apoiador das lutas sociais e foi um dos fundadores do Movimento Sem Terra. Ele sempre estava conosco nas mobilizações, exercendo sua solidariedade, assim como sempre soube qual era o seu papel dentro do parlamento burguês, onde, por sinal, era muito respeitado”, afirma Cedenir.

O deputado estadual Edegar Pretto, filho de Adão Pretto, lembra que seu pai foi o primeiro agricultor a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa, onde levava as reivindicações e bandeiras populares para o parlamento, denunciando a criminalização e a repressão contra os mais fracos.

 

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Edegar diz que é importante para familiares, amigos e antigos colegas manter acessa a lembrança e a luta deste grande brasileiro que foi Adão Pretto. “É uma justa homenagem ao deputado gaúcho, que com seu jeito simples, sempre trabalhou e se dedicou ao povo rio-grandense”, lembra.

Adão Pretto já recebeu várias homenagens pelo Brasil. Em diversos municípios existem ruas, ginásios de esportes, praças e escolas que levam o seu nome. Em Brasília, o Plenário da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados também tem seu nome, assim como na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul o Espaço do Fórum Democrático foi denominado Sala Adão Pretto.

Quem foi Adão Pretto

Adão Pretto foi um deputado que honra a história política no Rio Grande do Sul e do Brasil. Ingressou no Partido dos Trabalhadores (PT) em 1985, ano em que foi eleito deputado estadual. Na eleição seguinte, em 1990, elegeu-se deputado federal, e manteve-se no cargo, reeleito seguidamente por cinco legislaturas.

Pretto despontou como uma liderança expressiva do movimento camponês no interior do Rio Grande do Sul. Participou das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), instituições ligadas à Igreja Católica. Presidiu o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Miraguaí antes de seguir carreira parlamentar.

Em 1986, como deputado estadual, presidiu na Assembleia Legislativa gaúcha a CPI da Violência no Campo, que investigou os conflitos entre grandes fazendeiros e trabalhadores rurais. Como parlamentar estadual, iniciou a luta pelo seguro agrícola e defendeu a aposentadoria especial e mais assistência a quem trabalha no campo.

No Congresso, opunha-se aos ruralistas na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. Sua principal bandeira política foi a reforma agrária. Chegou a escrever um livro sobre o tema (“Queremos Reforma Agrária”, Editora Vozes, 1987). Denunciou e combateu as ações da bancada ruralista, fundou e integrou o Núcleo Agrário do Partido dos Trabalhadores no Congresso.

Apresentou Projetos de Lei que buscavam acelerar o processo de reforma agrária, permitindo o acesso à educação para os camponeses e melhoria da qualidade de vida no campo. Apresentou proposta que visava acabar com o pagamento de indenização compensatória nos processos de desapropriação para fins de Reforma Agrária em terras utilizadas pelo narcotráfico.

Fundador, defensor e apoiador das lutas do MST, desde o início de sua militância social nas Comunidades Eclesiais de Base e no Sindicalismo Rural, Adão Pretto trabalhou de forma incessante na defesa da reforma agrária, tendo papel destacado na articulação das famílias de trabalhadores Sem Terra e de apoiadores desde as primeiras ocupações de áreas no Rio Grande do Sul, ainda durante o Regime Militar. Esteve presente na organização e fundação do Partido dos Trabalhadores e do Departamento Rural da Central Única dos Trabalhadores (CUT).