Raimundo Bonfim: acabou a brincadeira, vamos às ruas contra o golpe e o ajuste fiscal
Por Raimundo Bonfim*
As forças políticas derrotadas nas eleições de 2014, após inúmeras tentativas de inviabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff agora estão em flagrante construção do golpe institucional, por meio do impeachment. O processo de unificação dos diferentes setores da direita que tramam pelo golpe está quase concluído.
As vitórias dos neoliberais na Argentina e Venezuela excita nossa direita brasileira. Se alguém tinha ilusão acabou. PSDB perde qualquer pudor democrático ao se misturar com as manifestações do último dia 13 e se torna o polo mais dinâmico do golpismo.
Não resta nenhuma dívida. O golpe avança. É para valer. A sociedade brasileira, os movimentos sociais, as forças democráticas e de esquerdas não aceitam nenhuma medida antidemocrática que se sustenta em protocolos formais, que dão fôlego ao golpe, revestido de impeachment.
O golpe começou a se desenhar imediatamente após a vitória de Dilma. Aécio liderou um movimento de contestação permanente do resultado eleitoral e com apoio da grande mídia não deixa a presidente governar.
O presidente Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, investigado pela operação Lava Jato, flagrado com contas bilionárias na Suíça, usa de artifícios regimentais para viabilizar o golpe, ludibriar a opinião pública com ataques ao governo da presidenta Dilma e abrir uma cortina de fumaça sobre suas falcatruas e o processo de cassação de seu mandato. Tornou-se o maior representante das forças conservadoras, atacando e eliminando direitos civis e sociais.
Os movimentos populares, sociais, sindicais e diversos atores sociais se colocam contra o golpe e em Defesa da Democracia, numa aliança progressistas para reafirmar a legitimidade da eleição da presidenta Dilma Rousseff sobre a qual não paira nenhuma acusação ou suspeita de crime, desonestidade ou ilegalidade. Não há qualquer fato ou decisão da presidenta, que possa ser considerado crime de responsabilidade. E sem crime de responsabilidade, não existe motivo para o impeachment.
As forças progressistas que representam a grande maioria da nossa população, através das centrais sindicais, movimentos populares, estudantes, organizações de juventude, mulheres, negros, LGBT, indígenas, das pastorais das igrejas, da intelectualidade democrática, entendem que o movimento em curso na Câmara dos Deputados, orquestrado pelo deputado Eduardo Cunha, se trata de um verdadeiro golpe que afronta a democracia, a legalidade e a soberania do voto popular.
Não podemos ignorar que a possibilidade do golpe é também em virtude da crise econômica, dos juros altos, da diminuição dos investimentos nos programas sociais, do desemprego. Por isso, somos contrários ao ajuste fiscal e temos defendido publicamente nas mobilizações mudanças na política econômica – que aprofunde o legado de conquistas sociais, promova a retomada do desenvolvimento, distribuição de renda, geração de emprego e inclusão social, que supere a crise. Os ricos que pague a conta da crise. Defendemos a redução dos juros, combate a sonegação fiscal e impostos sobre as grandes fortunas.
A solução para crise não é o golpe, travestido de impeachment e sim as reformas estruturais. O golpe é um retrocesso na democracia e nos direitos sociais. Os movimentos sociais conclamam a população para nesta quarta- feira, dia 16/ 12 – dia nacional de luta, saírem em milhares às ruas, contra o golpe, em defesa da democracia, fora Cunha e por outra política econômica.
*Advogado, coordenador-geral da Central de Movimentos Populares (CMP-SP).