MST Maranhão realiza encontro estadual na região da Balaiada

O Movimento reafirmou a importância do fortalecimento da luta contra o avanço da direita conservadora que ameaça a frágil democracia brasileira e ainda traçará suas principais ações no estado para os próximos dois anos.

 

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Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

Com cerca de 300 militantes de todas as regiões do Maranhão, na última quinta feira (17), o MST iniciou seu XV Encontro Estadual. A atividade inicia as comemorações dos 30 anos do Movimento no estado, que se estenderá por todo o ano de 2016, e acontece na Comunidade São Domingos em Nina Rodrigues, região que carrega a mística da histórica revolta da Balaiada.

A cada dois anos o MST realiza um encontro com seus militantes e assentados, focado e afinado com a conjuntura pela qual passa o Brasil. Durante a abertura do encontro, o Movimento reafirmou a importância do fortalecimento da luta contra o avanço da direita conservadora que ameaça a frágil democracia brasileira e ainda traçará suas principais ações no Maranhão para os próximos dois anos.

Com a perspectiva de manter a mística de resistência da luta contra a opressão, o MST decidiu realizar o seu Encontro na cidade de Nina Rodrigues no Norte do Estado, uma das comunidades de remanescentes das famílias que lutaram na chamada Guerra da Balaiada, uma das principais revolta contra os senhores de terras acontecidas no País.

A comunidade São Domingos, que recebe o Encontro, é uma das 12 comunidades que compõem o Projeto de Assentamento Palmares II. A área reivindicada ha mais de 30 anos só foi efetivamente conquistada em 2002. Uma conquista que envolveu famílias Sem Terras, remanescentes de quilombos e posseiros que já viviam na área. 

Balaiada

A “Balaiada” que aconteceu nos anos de 1838 a 1841, foi resultado de um descontentamento, de uma grande parte da população pobre do estado, com o monopólio político de um grupo de fazendeiros da região. Estes fazendeiros comandavam a região e usavam a força e violência para atingirem seus objetivos políticos e econômicos. 

Em meio a tantos conflitos, em dezembro de 1838 o líder do movimento, Raimundo Gomes, invadiu a prisão de Vila Manga para libertar seu irmão e acabou aproveitando a situação para libertar todos os outros presos, e a partir daí se inicia uma revolta contra os “senhores” da região. 

Tropas do governo foram enviadas para combatê-lo, e uma destas invadiram a casa de Manoel Francisco dos Anjos, apelidado de “O Balaio” e violentaram barbaramente suas filhas. Revoltado com a desonra, o Balaio conseguiu levantar em massa os moradores da região, tornando-se junto com o Negro Cosme, um dos maiores líderes da revolução. 

O governo maranhense organizou suas forças militares, inclusive com apoio de militares de outras províncias, e passou a combater fortemente os balaios. Com a participação de muitos escravos fugitivos, prisioneiros e trabalhadores pobres da região, os Balaios conseguiram vencer varias batalhas. 

Organizados e com muita força os Balaios tomaram os municípios de Brejo, Chapadinha e Caxias, chegando a constituir uma Junta Governativa na região.  Depois de resistirem quatro anos, apenas com a intervenção das tropas federais comandadas por Luís Alves de Lima e Silva, também conhecido como Duque de Caxias, conseguiram derrotar a revolta dos Balaios.