Mulheres Sem Terra ocupam agências do INSS em Alagoas
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Cerca de 1000 mulheres Sem Terra ocupam agências do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), em vários pontos do estado de Alagoas na manhã de hoje (07).
As camponesas denunciam a burocracia do órgão na emissão de documentos para acesso aos direitos sociais.
Do sertão ao litoral do estado, as agências dos municípios de Piranhas, Delmiro Gouveia, Traipu, Girau do Ponciano, Teotônio Vilela, Murici e Porto Calvo amanheceram ocupadas pelas Mulheres Sem Terra que iniciam sua Jornada de Lutas no estado.
“Nossas ocupações vêm pautar os direitos das mulheres trabalhadoras, em especial as trabalhadoras do campo”, explica Margarida da Silva, da Direção Nacional do MST.
Segundo a dirigente, as ocupações nas agências do INSS, que marcam o início da Jornada de Lutas, simboliza a indignação das camponesas com a burocracia do órgão para atender às demandas de acesso aos direitos sociais.
“Nós não vamos aceitar que, para recebermos o salário maternidade, o auxílio doença e até mesmo a aposentadoria, a gente precise enfrentar uma burocracia gigante para receber a certidão de que somos trabalhadoras rurais. Para quem vive nas áreas de reforma agrária, essa burocracia é ainda maior. Nossa mobilização é uma resposta a esse descaso!”, disse.
As Sem Terra também denunciam a reforma da Previdência. Para Margarida, o estabelecimento de uma idade única para aposentadoria, prejudica diretamente as mulheres trabalhadoras, em especial as trabalhadoras do campo.
“Para nós, a imposição de uma idade única para aposentadoria é não levar em conta a dupla ou, as vezes, tripla jornada de trabalho que as mulheres trabalhadoras são submetidas. Nós não vamos aceitar retrocessos nos direitos que conquistamos com muita luta na nossa história”, destacou Margarida.
Nas ações nos municípios, as camponesas pautam o Poder Público Municipal nas demandas de infraestruturas sociais e produtivas que garantam as diversas dimensões da vida no campo e denunciam o descaso das gestões dos municípios com as necessidades dos sujeitos da reforma agrária.
“Do acesso à água, à educação para os nossos filhos e filhas, políticas de saúde… São diversas as demandas com as gestões municipais que, por muitas vezes, fazem de conta que o assentamento ou o acampamento não é parte do município”, completou Silva.
“A postura da maioria do poder público com as necessidades dos que vivem nas áreas de reforma agrária é de total omissão e negligência e nós não podemos naturalizar isso”.
As ações em Alagoas, somam-se a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra que, este ano, traz o lema “Mulheres em luta em defesa da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio”, que abrem o calendário de lutas do MST em 2016, na expectativa de reunir cerca de 20 mil camponesas em todos os estados do país.