Festival de Troca de Sementes estimula o intercâmbio e a articulação das experiências dos assentados
Por Luiz Fernando
Da Página do MST
Entre os dias 15 a 17 de março, ocorreu o Festival de Troca Sementes e Cultura Camponesa no assentamento Moacir Wanderley, interior do Sergipe, que promoveu o intercâmbio de materiais genético que estão sob a guarda de famílias assentadas em áreas de Reforma Agrária.
O ato de conservar e multiplicar material genético, natural do cotidiano camponês, molda uma fortaleza específica da agricultura que é realizada pelos assentados. Se trata de um material que confronta com o modelo apresentado pelo agronegócio que difunde a uniformidade de sementes, uso de venenos e intensa monocultura.
Os principais objetivos do Festival foi estimular o intercâmbio e a articulação entre as diferentes experiências de valorização, conservação e aumento da agrobiodiversidade nas áreas de reforma agrária em Sergipe; Contribuir para a formação de agricultores, agricultoras e lideranças, através da valorização de experiências voltadas para o aumento da agrobiodiversidade e da segurança alimentar das famílias; Discutir estratégias de fortalecimento e a capacidade propositiva sobre as atuais Políticas Públicas voltadas para a conservação e uso da agrobiodiversidade; Além de valorizar as expressões de solidariedade entre as famílias que vem contribuindo para aumento da agrobiodiversidade e autonomia frente aos mecanismos de dominação política.
A metodologia proposta para a realização do evento foi pensada e elaborada de forma participativa com o auxílio dos extensionistas de todos os Núcleos Operacionais de ATES, que se mobilizaram para realização do Festival. Os recursos metodológicos foram planejados de acordo com os objetivos propostos, visando o melhor aproveitamento das atividades a serem realizadas. Desta forma, as atividades foram distribuídas estrategicamente durante os três dias do encontro. A dinâmica envolveu exposição de experiências, debates coletivos e a feira de troca propriamente dita.
A atividade celebrou a ideia de que os camponeses das áreas de Reforma Agrária fortalecem e preservam a agrobiodiversidade, que nada mais é do que a diversidade de cultivos, de animais e de outras espécies, considerando a diversidade genética e varietal e a diversidade de agroecossistemas. Podendo assim, ter diversidade de culturas plantadas, como vários tipos de feijão, milho, fava, raças de animais e etc.
Os agricultores tiveram espaço para apresentarem as diversas possibilidades de manejo das sementes, cultivos e receitas. O trabalho resultou no compartilhamento de ideias dos aspectos culturais tradicionais a partir da culinária e aspectos religiosos dos assentados e assentadas.
Realizado com a pretensão de estimular o surgimento de uma série de bancos de sementes nas áreas de reforma agrária, que são espaços de organização e gestão comunitária, onde as famílias agricultoras estocam suas sementes e garantem o livre acesso à todos integrantes da comunidade. Os bancos podem ser familiares ou comunitários, uma vez que ambos têm como principal objetivo garantir autonomia e segurança no plantio das sementes nos roçados.