Em passagem pela Ufal, Sem Terra realizam atividades com a comunidade acadêmica

No bosque da “Ufal em Defesa da Vida”, 21 árvores foram plantadas pelos Sem Terra em um momento místico pela memória dos assassinados há 20 anos em Eldorado dos Carajás.

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Da Página do MST
Por Gustavo Marinho

 

Recebidos aos aplausos e com fogos de artifício, os mais de 1500 Sem Terra que marcham da cidade de União dos Palmares desde a última segunda-feira (25), chegaram na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió, na tarde de ontem (28), onde realizam uma série de atividades com estudantes, professores e o conjunto da comunidade acadêmica.

Os fogos e os aplausos seguiram até a realização do ato em defesa da Reforma Agrária, da democracia e contra o golpe, que marcou a chegada da Marcha na capital. O ato ocorreu no prédio da Reitoria da Universidade e contou com uma diversidade de movimentos, sindicatos, partidos políticos, além da presença da reitora da Universidade, a professora Valéria Correia e do vice reitor José Vieira.

Já na manhã de hoje (29), os camponeses e camponesas seguem com acampamento montado no campus, onde realizam outras atividades e debates. A partir das 8h, no bosque da “Ufal em Defesa da Vida”, 21 árvores foram plantadas pelos Sem Terra em um momento místico pela memória dos assassinados há 20 anos em Eldorado dos Carajás.

Também será inaugurada, a partir do trabalho coletivo no mutirão dos trabalhadores rurais, a horta agroecológica na Residência Universitária, que servirá para abastecer as alimentações servidas no Restaurante Universitário, além da realização de um debate no auditório da reitoria, a partir das 11h, em torno nos temas da Reforma Agrária e da democracia.

“Depois de tanto chão, caminhando desde União, chegarmos à capital com essa recepção nos anima para que a nossa marcha siga mais forte e mais firme em seus próximos passos”, disse José Roberto, do MST. “A Universidade hoje está do jeito que ela precisa ser: com povo em movimento”.

Ato em defesa da Reforma Agrária e da Democracia

“A Ufal abre suas portas para os movimentos sociais, pois sabemos que são eles o sentido de existência da Universidade”, afirmou a reitora durante o ato. “Do que vale a pesquisa, o ensino e a extensão universitária se não forem para servir a sociedade e, especialmente, as lutas sociais?”, questionou.

“A concepção que temos de Universidade é que ela deve existir em função do povo e para o povo”, destacou Valéria.

 

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Com palavras de ordem, faixas e bandeiras, centenas de estudantes, professores e funcionários fizeram junto com os Sem Terra um grande cortejo pela principal rua da Universidade, acompanhados pelo som e energia de dois maracatus.

Alana Barros, estudante da Ufal e militante do Levante Popular da Juventude, reforçou a simbologia desse momento para a Universidade. “É com muita alegria que celebramos a chegada da Marcha em Maceió, pintando a Universidade verdadeiramente de povo, pois é assim que nós seguimos em luta para que ela seja. Hoje é um dia para a Ufal não esquecer nunca mais”, disse.

Participaram ainda do ato a CUT, a Consulta Popular, o PT, PCB, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), Sindicato dos Trabalhadores em Saúde em Previdência Social no Estado de Alagoas (Sindprev), entre outras organizações.

Contra o uso dos agrotóxicos

Já no Centro de Ciências Agrárias (Ceca/Ufal), os Sem Terra fizeram de sua passagem durante a Marcha um ato político em defesa da vida e contra o uso dos agrotóxicos.

Na ocasião, diversas organizações lançaram em Alagoas o Comitê da Campanha Contra o Uso dos Agrotóxicos e Pela Vida, reunindo entidades do movimento estudantil, professores e movimentos populares em um ato simbólico de lançamento.

 

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“A saúde é um direito de todos e todas e isso está diretamente ligado com a luta pela terra e com a produção de alimentos saudáveis”, afirmou Valber Elias, representante do Fórum Alagoano em Defesa do SUS.

Para Josival Oliveira, do MLST, o lançamento do comitê tem um importante significado para a marcha e para os conjuntos dos movimentos sociais. “O que fizemos aqui hoje foi plantar mais uma semente na luta no combate ao agronegócio, essa semente é para defender a vida”, ressaltou.

Segundo o professor do Ceca, Afonso Espíndola, a passagem dos Sem Terra pelo Centro foi revigorante para os que ali vivem diariamente, “hoje foi um dia de renovação de espírito de todos que fazem o Ceca, a Universidade não pode se distanciar dos movimentos sociais e do povo”.

Também estiveram no lançamento do comitê o Movimento Popular de Saúde (MOPS), a Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF), o Levante Popular da Juventude, a Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), a Rede dos Estudantes de Agroecologia de Alagoas (Real), o Centro Acadêmico de Agroecologia da Ufal, o Grupo Agroecológico Craibeiras (GAC), a Consulta Popular, além da pró-reitoria de extensão da Universidade.