Já são duas escolas ocupadas em área de assentamento no Rio Grande do Sul
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Joceli Corrêa do Assentamento Rondinha, no município de Jóia, na região Norte do Rio Grande do Sul, ocuparam a instituição na noite desta quarta-feira (18).
Esta é a segunda escola ocupada em área de Reforma Agrária no estado – a primeira foi Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Conselheiro do Assentamento Bom Será -, em Santana do Livramento, na região da Campanha, na última segunda-feira (16).
Os estudantes protestam contra o Projeto de Lei 44/2016, do governador José Ivo Sartori (PMDB), que visa privatizar parcialmente a educação pública; e exigem o fim do parcelamento do salários dos professores, mais investimentos na área da Educação e ensino de qualidade no campo.
A ocupação aconteceu por volta das 19 horas de ontem, após assembleia da Mobilização Regional dos Estudantes em Defesa da Escola Pública, realizada na Praça da República, em Ijuí, município onde há cinco escolas ocupadas e está localizada a sede da 36ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE).
A Escola Joceli Corrêa atende mais de 280 alunos de sete assentamentos de Jóia e Tupanciretã, sendo cinco do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dois do Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB).
Segundo a aluna da 1° série do Ensino Médio Politécnico, Amanda Perin, 15 anos, a escola deve permanecer ocupada até pelo menos sexta-feira (20), e as próximas ações serão definidas de acordo com encaminhamentos em nível estadual.
“Não descartamos a possibilidade de sairmos amanhã e ocupá-la novamente na próxima semana, por tempo indeterminado. Tudo depende se nossas reivindicações serão atendidas”, adianta. Os educandos exigem a retirada do PL 44/2016 da Assembleia Legislativa e que o governador Sartori retome as políticas de investimentos em Cultura e Esporte nas escolas. “O governo cortou recursos para essas áreas e não temos mais atividades culturais e esportivas, como ocorria na gestão passada. Isto é ruim porque desmotiva os alunos e os professores”, argumenta.
Para Amanda, a mobilização dos educandos das escolas do campo é legítima e urgente para barrar retrocessos, “porque o governo Sartori prevê o sucateamento, a precarização e a privatização da Educação”. “Quem mais vai sofrer somos nós, alunos e professores das escolas do campo, que vão ser as primeiras a serem fechadas. É por isso que estamos mobilizados em defesa da educação pública, dos direitos dos alunos e contra o que o governo do Estado está fazendo com os nossos professores”, explica.
Atividades na escola
A ocupação da escola está organizada por turnos. Nas manhãs e noites, quando cerca de 90 e 50 educandos estão na instituição, respectivamente, serão realizadas atividades de formação, aulas de cidadania e recreio cultural. Na parte da tarde, ocorrerão atividades educativas com vídeos e músicas com as crianças. Conforme Amanda, os professores têm acesso à instituição.
A diretora Alessandra Vieira Wilneck afirma que os alunos estão organizados de forma exemplar e consciente, e que os educadores apoiam a mobilização. “Assim como os educandos, nós não queremos a privatização das escolas e defendemos a Educação pública de qualidade. Assusta a possibilidade de termos que pagar escolas particulares para nossos filhos, sendo que já pagamos tantos impostos”, declara.
Arrecadação de alimentos
Os alunos da Escola Joceli Corrêa precisam de alimentos para lanches e jantares, além de materiais para produzirem cartazes e dar continuidade às atividades educativas. Quem puder participar da campanha, pode deixar sua doação na escola, localizada no Assentamento Rondinha, 90, Grupo 5, estrada 8 de Abril.
Mais de 100 escolas ocupadas
Conforme o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (CPERS), até a manhã de hoje mais de 100 escolas foram ocupadas no estado. Somente em Porto Alegre são 24 instituições. Os estudantes, prometem manter-se mobilizados até que suas reivindicações sejam atendidas pelo governo estadual.
Na última sexta-feira (13), o CPERS decidiu entrar em greve por tempo indeterminado. Entre as reivindicações, está o pagamento integral dos salários em dia, a nomeação de professores e funcionários nas escolas, o reajuste imediato de 13,01% referente a 2015 e 11,36% em relação a este ano, o pagamento do Piso Nacional e a manutenção do Plano de Carreira.