Sem Terra se retiram de área da Reserva Nacional em SC
As famílias acampadas se dirigiram para uma área cedida por um pequeno agricultor da cidade de Guatambu, onde ficarão momentaneamente.
Por Fábio Reis
Da Página do MST
No último dia (28), encerrou-se o prazo acordado com o juíz federal de Chapecó, Santa Catarina, Gueverson Rogério Farias, para que as famílias Sem Terra acampadas na Floresta Nacional, localizada entre os municípios de Guatambu e Chapecó se retirassem do local.
Com o apoio de deputados e movimentos populares, os Sem Terra construíram um dia de atividades em defesa da Reforma Agrária e da permanência das famílias na área. Participaram da ação o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e outras entidades apoiadoras.
O dia de ações começou no acampamento Marcelino Chiarello com acolhida e almoço. A tarde os manifestantes se dirigiram para a SC-283, onde realizaram bloqueio por cerca de 20 minutos. Logo em seguida foram para o centro da cidade de Guatambu, no centro comunitário da Igreja São Miguel Arcanjo.
Juntamente com os diversos apoiadores da Reforma Agrária, estavam presentes o representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-Regional), Pedro Possamai, e o assessor do presidente nacional do Incra, Jorge Tadeu.
Cerca de mil pessoas participaram da manifestação, que teve como objetivos pressionar as autoridades para que resolvam o problema das cerca de quinhentas famílias que estão acampadas na área da Floresta Nacional, mas também pautar a obtenção de terras para assentar as mais de 1300 famílias acampadas no estado.
Negociações
Na manhã de terça (28) ocorreu uma reunião com representantes de todos os acampamentos do estado juntamente com a direção estadual do MST em Santa Catarina e os representantes do Instituto. Vilso Santin, da direção do Movimento, relatou a situação das famílias acampadas e disse que espera que o Incra resolva a situação em que se encontram as famílias. “Existem diversas possibilidades de áreas no estado que estão aptas para serem destinadas para a Reforma Agrária e o Incra já é conhecedor desses processos, basta encaminhar”, declarou.
A proposta do Jorge Tadeu, representando o Incra Nacional, para resolver o caso das famílias acampadas na área da Reserva Nacional é propor uma reunião com o Presidente Nacional do Incra, Leonardo Góes, juntamente com o governador do estado Raimundo Colombo e representantes do Ministério do Meio Ambiente.
Para resolver a situação das demais famílias acampadas no estado, Jorge se comprometeu em dar prioridade para a compra de três áreas no estado, as quais os proprietários já manifestaram intenção de venda para o Incra. Segundo Jorge Tadeu, “já fazem mais de três anos que não é assentada nenhuma família em SC”.
“Devemos avançar na identificação das áreas que estão com dívida com o governo, pois é mais fácil que elas sejam destinadas para a Reforma Agrária, já que o país vive um momento de crise, sem recurso para compras de novas áreas”, defendeu. “Assim resolveríamos dois problemas de uma só vez: o caso das terras endividadas e o caso das famílias que esperam por um pedaço de terra para sobreviver”, complementa Jorge.
As famílias acampadas na reserva nacional se dirigiram para uma área cedida por um pequeno agricultor da cidade de Guatambu, onde ficarão momentaneamente até situação ser resolvida.
Existem hoje no estado de Santa Catarina nove acampamentos organizados pelo MST, totalizando mais de 1300 famílias.
*Editado por Rafael Soriano