Júri popular de ex-presidente da UDR acusado de matar Sem Terra é adiado
Da Página do MST
Foi adiado o júri popular do Marcos Menezes Prochet, previsto para esta quinta-feira (25), em Curitiba. Ex-presidente da União Democrática, Prochet é acusado de matar o trabalhador rural sem-terra Sebastião Camargo, em 1998. Sem considerar o julgamento que condenou o fazendeiro a 15 anos de prisão em 2013 – e que foi anulado em 2014 – esta é terceira vez que o ruralista pede que o júri seja suspenso.
A suspensão foi dada após a defesa de Prochet ter entrado com o pedido de Habeas Corpus, alegando que não poderia cumprir um prazo determinado pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri.
Pelo fato da defesa ter incorporado no processo cerca de 3 mil páginas de documentos e 26 CDs menos de uma semana antes do julgamento, o juiz determinou que os advogados apresentassem, até o dia 23, quais documentos e vídeos seriam utilizados no júri, para que houvesse tempo hábil de análise por parte do Ministério Público.
O julgamento foi suspenso por decisão do relator do pedido, o desembargador do Tribunal de Justiça, Clayton Camargo, que já declarou, durante sessão, que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) seriam “bandidos, e não assentados”.
Relembre o caso
O sem-terra Sebastião Camargo Filho foi assassinado no dia 7 de fevereiro de 1998, aos 65 anos, quando uma milícia privada ligada a ruralistas despejou ilegalmente famílias que estavam acampadas na Fazenda Boa Sorte, na cidade Marilena, noroeste do Paraná.
O presidente da UDR à época do assassinato, Marcos Prochet, foi condenado a 15 anos e nove meses de prisão pelo assassinato de Sebastião Camargo, mas teve o julgamento anulado em 2014.
Em novembro de 2012 outras duas pessoas também foram condenadas por participação no assassinato de Sebastião Camargo: Teissin Tina, ex-proprietário da fazenda Boa Sorte, onde o agricultor foi morto, recebeu condenação de seis anos de prisão por homicídio simples; e Osnir Sanches foi condenado a 13 anos de prisão por homicídio qualificado e constituição de empresa de segurança privada, utilizada para recrutar jagunços e executar despejos ilegais.
O Estado Brasileiro também sofreu sanções internacionais na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização do Estados Americanos, por não ter dado garantias mínimas à vida de Sebastião Camargo filho.