CTNBio quer enfiar transgênicos não avaliados pela nossa goela abaixo
Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida
A Campanha esteve presente na plateia da última reunião da CTNBio, órgão que autoriza o cultivos de transgênicos no Brasil. A reunião foi aberta pelo Ministro Kassab, e a todo instante os conselheiros foram pressionados a aprovar três variedades de milho transgênico. O motivo? Um carregamento dos EUA de mais de um milhão de toneladas estava pronto para vir. O problema é que os EUA não têm capacidade de separar os grãos transgênicos, de modo que não seria possível garantir que o milho embarcado para o Brasil fosse apenas das variedades já aprovadas aqui.
Bravos representantes do MDA e MMA pediram vistas ao processo, e impediram que fosse votado nesta plenária. A deliberação final fica para o mês que vem, por isso é importante que a sociedade se manifeste. Houve fortíssima pressão do setor produtivo para liberar em caráter de urgência esta carga. Infelizmente, não havia representantes do Ministério Público na reunião e esse órgão não pode se omitir em fazer cumprir a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente, como afirma a lei de Biossegurança.
Após essa posição dos membros do MMA e do MDA, houve forte pressão dos representantes do MCTI, MDIC e MAPA e outros membros, para que os dois membros voltassem atrás no seu pedido de vistas, ou seja, para que a carga de transgênicos fosse liberada imediatamente. O pedido de vistas, declarado na plenária, baseou-se na falta de informações que deixassem claro a ausência de risco para a saúde e o meio ambiente a partir da liberação dessa carga de grãos.
É publico e notório que esses processos foram analisados em apenas 7 dias, como consta no site da CTNBio, o que também subsidiou esse pedido de vistas pelos membros do MMA e MDA, que teve como motivação apenas questões técnicas e científicas.
Já os demais membros da CTNBio, que insistiam na liberação rápida do uso desses grãos, colocaram apenas argumentos econômicos. Segundo eles, os grãos serão para uso exclusivo de ração animal, e não serão cultivados. Mas é difícil garantir isso, pois podem ocorrer imprevistos, como roubo da carga, acidente durante o transporte, que podem causar danos sobre o meio ambiente, ou mesmo impactar a própria produção nacional de grãos, uma vez que eles não foram testados no Brasil, como deve ocorrer antes de qualquer liberação comercial.
Também foi colocado na plenária, como forma de pressão, que esse tipo de liberação de cargas de grãos será frequente nos próximos anos.
Para que serve a CTNBio? É um cartório, onde qualquer coisa é aprovada? Ou um lugar onde cientistas debatem a biossegurança?
O que certamente não ficara evidente para a população é que alimento é esse. Contaminado com transgênicos, agrotóxicos, ou seja, nos colocando, mais e mais, em situação de insegurança alimentar e sem soberania. Qual a qualidade do alimento que comeremos no governo Temer?
O Brasil exportou cerca de 30 milhões de toneladas de milho em 2015, e prevê 23 milhões este ano. E agora, precisa importar o lixo dos EUA, porque lá está sobrando, e porque o dólar está caindo, e porque aqui pode faltar. Esse é o “Agro” brasileiro: está pouco se lixando pro nosso país, só quer saber do seu lucro às custas da nossa saúde e do nosso meio ambiente.
A propósito, nunca é demais recomendar a leitura deste livro: Lavouras transgênicas: Riscos e Incertezas