Movimentos Sociais homenageiam Guiomar Germani pela contribuição na luta popular

Pluralidade cultural, territorialidade e identidade de classe foram alguns temas abordados na homenagem.

 

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O Movimento entregou um buquê de flores e a bandeira à homenageada.

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Abraçada e conduzida pelos movimentos populares do campo à mesa parlamentar do plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), nesta última sexta-feira (21), Guiomar Inez Germani foi homenageada ao receber o título de Cidadã Baiana.

Reconhecida pelos diversos trabalhos acadêmicos a frente do Grupo de Pesquisa Geografar, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a mística que impulsiona as lutas em defesa de uma sociedade diferente norteou a entrega do título que reuniu representações indígenas, quilombolas, ribeirinhas e Sem Terra.

A abertura da Sessão Especial, onde foi entregue o título, foi realizada pela turma de direito Eugênio Lyra, do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que denunciou o golpe político sofrido pela classe trabalhadora através do governo ilegítimo e golpista de Michel Temer (PMDB).

“É um tempo de guerra/ É um tempo sem sol”, foram as frases, que repetidas diversas vezes em coro, convocaram  os presentes a ocuparem as ruas contra os retrocessos e as políticas neoliberais implementadas no Brasil.

O deputado estadual, Marcelino Galo (PT), proponente da titulação à Germani, afirmou que não podemos desassociar nossa homenagem do atual cenário político vivido em nosso país, “e a mística de abertura apresentada pela turma de direito aponta a necessidade de continuarmos firmes na luta, reconhecendo o trabalho que muitos de nós vem realizando nos diversos setores da sociedade”.

“Uma justa homenagem”

Pluralidade cultural, territorialidade e identidade de classe foram alguns temas abordados na homenagem, que atribuídos a participação de Guiomar e sua força empenhada na luta dos povos do campo, deram o tom as atividades realizadas.

Sua história de luta começou quando ainda era criança e teve que sair de sua terra natal, junto com sua família, para se aventurar em um país desconhecido a procura de melhores condições de vida. Recebida no Brasil com milhares de imigrantes italianos, Guiomar viveu e resistiu os processos de luta contra a ditadura militar e a partir daí sua paixão pelo campo e seus laços identitários falaram mais alto.

Guiomar relata que sua relação com os povos tradicionais, remanescentes de quilombos e os camponeses Sem Terra se deu a partir da relação com a geografia e sua inserção na academia, construindo por dentro da institucionalidade acadêmica instrumentos que dão subsídios as lutas travadas por cada movimento em defesa de seus territórios e da Reforma Agrária.

Para o deputado estadual, “Guiomar é mais que uma estudiosa da Reforma Agrária e das territorialidades dos povos. Ela é uma militante em defesa da democratização da terra e sua atuação à frente do Geografar tem reafirmado isso, desde o início do grupo de pesquisa em 1996”.

Nesse sentido, a homenageada destacou que a Reforma Agrária, no atual cenário de golpe, acaba, assim como todas as conquistas populares. “O poder popular tem que retomar os rumos do nosso país, e acho exemplar, nesse sentido, as ocupações e mobilizações feitas pelos estudantes. Só aí está à esperança de construir uma sociedade diferente”, endossou.

Fazendo a diferença

Os movimentos presentes na Sessão Especial afirmaram que Germani faz a diferença dentro da universidade, pois Ela não apenas teoriza, pelo contrário, constrói na prática, junto aos trabalhadores e trabalhadoras, instrumentos que fortalecem a luta e o desenvolvimento crítico dos sujeitos.

Há mais de 20 anos a homenageada vem desenvolvendo trabalhos junto às Comunidades de Fundo e Fechos de Pasto, Comunidades Negras Rurais e Quilombolas e Comunidades de Pescadores Artesanais pelo projeto Integrado de Pesquisa “A Geografia dos Assentamentos na Área Rural”, do Geografar.

Sua atuação vem dando retornos às comunidades e movimentos que estão construindo diversas lutas nos territórios baianos e junto ao MST, sua atuação é reconhecida por toda direção do Movimento.

“Não podemos, em hipótese alguma, deixar passar em branco esse momento que é de extrema importância para nossa organização. Contribuir na homenagem de uma companheira valorosa como a Guiomar é uma tarefa nossa, por entendermos os retornos políticos e a militância incansável que a companheira protagonizou”, explicou Elizabeth Rocha, da direção nacional do MST.

Pensando nisto, o Movimento entregou um buquê de flores e sua bandeira a homenageada simbolizando o comprometimento da organização com a contribuição histórica que a mesma vem dando nas lutas em defesa da Reforma Agrária Popular.

*Editado por Geanini Hackbardt