Após ocupação, Sem Terra recebem respostas positivas sobre desapropriação na Bahia
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Desde a última segunda-feira (6), mil trabalhadoras Sem Terra ocupam a Usina Santa Maria, localizada em Medeiros Neto, no extremo sul da Bahia, onde reivindicam a desapropriação do monocultivo de cana-de-açucar, principal atividade da área, tendo em vista as diversas irregularidades e dividas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que a área possuí.
Mesmo com algumas tentativas de despejo, foi acordado entre o MST e representantes da Usina a desapropriação de cinco mil hectares do monocultivo para fins de Reforma Agrária. De imediato, foi assinado um termo de comodato rural onde disponibilizou uma área menor para que as trabalhadoras possam montar um acampamento, produzir e aguardar os desdobramentos finais das negociações.
De acordo com Jazian Mota, da direção estadual do MST, o processo de negociação foi conflituoso, porém a intransigência e força de vontade das mulheres em luta foi essencial para resistir as tentativas de despejo e obter uma resposta positiva sobre a área.
“Nosso desafio agora é continuar em mobilização, com a mesma energia de quando chegamos, organizando as famílias, produzindo o feijão, a mandioca, o milho, para assim, alimentarmos nossas famílias e escoar a nossa produção para toda sociedade. Essa é uma de nossas tarefas”, explica Mota.
A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, que no mês de março tem intensificado as mobilizações e ocupações contra o capital e o agronegócio. Além disso, denunciam as medidas golpistas do Governo de Michel Temer (PMDB), a violação dos direitos humanos e a destruição da natureza praticados pelo modelo de produção do capital, com destaque para as extensas áreas de eucalipto e cana da região.
Acampamento Mariza Letícia
Enquanto os primeiros barracos começam a se levantar no novo acampamento, as Mulheres Sem Terra decidiram homenagear Mariza Letícia, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que veio a falecer em fevereiro desse ano.
“A história de Marisa também é a nossa história. Queremos dá continuidade ao legado histórico construído por Ela e várias outras, que caminham nas trincheiras da luta política em defesa da classe trabalhadora”, diz Eliane Oliveira, da direção do Movimento na região.
As negociações continuam
Na próxima quinta-feira (16), o MST estará reunido com representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), Casa Militar, Ouvidoria Agrária e representantes legais da Usina, para discutirem os mecanismos necessários para realizar o processo de desapropriação.
Fruto do enfrentamento direto das Mulheres Sem Terra ao modelo de desenvolvimento do agronegócio, o MST destaca que a luta só está começando e, enquanto a terra não for repartida e a Reforma Agrária realizada, as mobilizações serão constantes.