Semana do Meio Ambiente tem palestras e doação de alimentos orgânicos no RS
Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Na Semana Nacional do Meio Ambiente, celebrada de 5 a 10 de junho, a Frente Camponesa do Levante Popular da Juventude no Rio Grande do Sul realizou palestras para educandos de Porto Alegre sobre a influência do agronegócio no estado brasileiro, os impactos dos agrotóxicos na saúde humana e no meio ambiente e a importância da valorização pública e social da agricultura com base agroecológica para o aumento da oferta e do consumo de alimentos saudáveis.
Conforme Danieli Cazarotto, da Coordenação do Coletivo Estadual de Juventude do MST, o objetivo da iniciativa é provocar no público participante a reflexão sobre o que ele come no dia a dia e como o modo em que esses alimentos são produzidos pode impactar de forma positiva ou negativa na vida humana e do meio ambiente.
“Precisamos saber como os alimentos são produzidos, porque isso nos ajuda a discutir o tipo de alimentação e de agricultura que queremos. Com isto, vem a questão da quantidade de veneno que é despejada diariamente nas lavouras através do agronegócio. No Brasil, são consumidos mais de sete litros de veneno por pessoa ao ano, e no Rio Grande do Sul, o consumo ultrapassa a média nacional. Isto não é dito em lugar nenhum, nem é colocado nas propagadas. Por isso, acreditamos que este debate não deve ser apenas dos camponeses, mas de toda a população urbana que recebe essa comida. E as escolas são fundamentais para nos ajudar nesse diálogo com a sociedade”, afirma Danieli.
Na quinta-feira (8), a palestra aconteceu com duas turmas do Afirmação, um cursinho popular pré-Enem do Levante Popular da Juventude, que é realizado no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, conhecido como Julinho, o maior do estado. Já na sexta-feira (9), a Frente Camponesa levou o debate ao Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores Paulo Freire (CMET), que atua na escolarização de jovens e adultos. Entre as informações apresentadas aos participantes está a de que cerca de 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Ainda nas duas instituições de ensino, os estudantes foram convidados a participar da aula pública ‘Do prato à política: você sabe o que come?’, que será promovida dia 25 de junho, no Parque da Redenção, na capital gaúcha.
Atuação do agronegócio
De acordo com Sandy Xavier, da Coordenação do Coletivo Estadual de Juventude do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), os meios de comunicação colocam somente as ações individuais da população como as grandes causadoras da crise ambiental que hoje vive o Brasil, quando as multinacionais do agronegócio e do hidronegócio são as principais responsáveis por crimes ambientais, como o ocorrido no dia 5 de novembro de 2015, no município de Mariana, em Minas Gerais. Segundo ela, o debate nas escolas é fundamental para desmistificar o agronegócio e conscientizar os jovens sobre os malefícios da atuação do capitalismo na agricultura e na vida em geral.
“As empresas transacionais e materialistas roubam direitos e territórios, impedem a realização da Reforma Agrária, precarizam o trabalho, expulsam os jovens do campo e financiam um modelo de educação que é precário no país. Discutir estas questões e a alimentação nas escolas, com os filhos de urbanos e operários, se torna fundamental para debater o modelo de produção que se quer. Defendemos um modelo que não gere lucro para a pequena minoria, mas que construa relação entre o campo e a cidade, de forma que o alimento seja o principal vínculo dessa relação”, explica Sandy.
A Semana Nacional do Meio Ambiente é celebrada paralelamente ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho, principal data das Nações Unidas para incentivar em escala global a sensibilização e a criação de iniciativas em favor do meio ambiente. Em Porto Alegre, além das palestras, a Frente Camponesa do Levante Popular da Juventude doou alimentos orgânicos à CMET Paulo Freire.
*Editado por Leonardo Fernandes