Valmir Assunção: o deputado Sem Terra
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Foto (perfil Valmir): Jonas Santos
Foto (Valmir, mais trabalhadores): Arquivo
Filho de pequenos agricultores, Valmir Assunção (52), nasceu no povoado de Nova Alegria, em Itamaraju, e iniciou sua militância ainda na juventude a partir de grupos dentro da Igreja Católica.
De família humilde, sempre vivenciou na pele as contradições do capital e a falta de oportunidades enquanto negro e Sem Terra. Diante disso, a luta por direitos para si e sua família forjam um militante engajado na denúncia ao coronelismo e as desigualdades sociais.
Valmir participou das primeiras lutas do MST na Bahia, contribuindo no trabalho de base, organização das famílias e ocupação de latifúndios.
Quando a fazenda 40 45 foi ocupada, no dia 07 de setembro de 1987, ele esteve presente, ajudando no enfrentamento ao latifúndio na região, o que mais na frente oficializaria a construção do Movimento Sem Terra no estado.
Organização da luta
Um ano antes da ocupação, um grupo de militantes do MST chegam a Bahia para construir parcerias e forjar lideranças. No dia 18 de maio de 1986, com a realização de diversos trabalhos de bases em Itamaraju, Itabela, Eunápolis, Guaratinga, Teixeira de Freitas, Itanhém, Nova Viçosa, Caravelas, Prado, Alcobaça e Mucuri, Valmir conhece as primeiras bases políticas do Movimento e o significado da luta pela terra, pela Reforma Agrária e pelo Socialismo.
Na ação de bater de “porta em porta”, somados a inserção de debates junto as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e sindicatos, envolveram o militante que sempre se destacou pelo perfil de agitar as massas a partir de sua vivência com o povo.
Foi nesse primeiro momento que sua postura já apontava o papel de liderança política que se tornaria, ao representar a classe trabalhadora nas diversas trincheiras da militância.
Trajetória
A partir de uma decisão coletiva, Assunção foi o primeiro negro e nordestino a integrar a direção nacional do MST e ajudou na expansão do Movimento no estado, no campo das negociações institucionais e nas relações com outras organizações sociais.
Nesse sentido, foi projetado pelo conjunto do Movimento para assumir a liderança política partidária, que hoje é uma das suas principais expressões.
Foi candidato a deputado estadual nas eleições de 1998 e 2002, porém só assumiu o mandato em 4 de janeiro de 2005 com o compromisso de lutar pela destinação das terras devolutas para a Reforma Agrária e pela regulamentação do plantio do eucalipto.
Nas eleições de 2006, foi o deputado mais votado do PT na Bahia, com 68.380 votos. Se afastou do cargo para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES). Lá, teve a missão de criar caminhos para mais da metade da população baiana, cujas estatísticas, durante décadas, apontavam a condição de pobreza.
A militância de Valmir vem “colocando o dedo na ferida” e incomodando as elites dominantes, que não suportam a ideia de um excluído, inconformista das injustiças, furar os bloqueios e engajar-se na tarefa de transformação da ordem capitalista, levantando novas possibilidades para um projeto de sociedade.