Agroecologia como modo de ser e de viver
Por Adilvane Spezia e Patrícia Costa
Campo Unitário
Os Povos do Campo, das Águas e Florestas participam do VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, do X Congresso Brasileiro de Agroecologia e do V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno, que será realizado em Brasília (DF) entre os dias 12 a 15 de setembro deste ano, 2017.
Considerado o maior evento de Agroecologia em número de participantes e trabalhos técnico-científicos, o Congresso reúne os setores da sociedade brasileira e da América Latina que atuam e desenvolvem a Agroecologia como pesquisadores acadêmicos e populares; extensionistas; gestores de políticas públicas das três esferas; agricultores familiares, camponeses, povos e comunidades tradicionais; Movimentos Sociais, ONGs, Redes e Fóruns de Agroecologia, entre outros. Promove uma ampla discussão, com troca de experiências, saberes e sabores, apresentação de trabalhos científicos e encaminhamentos que contribuem para o direcionamento estratégico destes setores.
“É um espaço de debate científico onde estudantes, professores e camponeses irão estar irão estar expondo suas experiências práticas por meio de trabalhos científicos, mas também, é um espaço onde os camponeses e camponesas colocarem o que eles fazem na prática nas suas comunidades, em seus territórios é um espação de mostrar que a produção de alimentos saudáveis é a única fonte que gera a vida e a preserva, em contra ponto ao Agronegócio que destrói e mata”, afirma Jozelita Tavares, representante do Campo Unitário, o qual é composto pelos movimentos e organizações do campo, das águas e das florestas.
Durante os três dias, o todo, serão mais de 120 atividades, sendo palestras, oficinas, plenárias, reuniões abertas, mesas redondas, mini-cursos e a construção e participação dos povos do campo, das águas e das florestas vem reafirmar a Agroecologia como um Modo de Ser e de Viver, explica Jozelita.
Para os movimentos e organizações que compõe o Campo Unitário, o modo de produção Agroecológico é o único que garante a Produção de Alimentos Saudáveis respeitando a natureza, sem uso de Agrotóxicos e nem transgênicos, pois tem na Terra como um bem comum e um Ambiente Vivo, e não como um recurso qualquer.
Os povos do campo, das águas e das florestas são os únicos capazes de produzir alimentos de forma Agroecológica para Alimentar o Mundo, pois cultivam em pequenas áreas e plantam diversas culturas no mesmo espaço, preservando a biodiversidade. Pois as práticas de uso sustentável da biodiversidade pelos povos indígenas, comunidades tradicionais e pela agricultura camponesa asseguram a conservação desse bens comuns, como a Terra e a Água, que tem valor inestimável para a sociedade.
A produção Agroecológica, além de não usar venenos, não comete injustiças sociais, não rouba as terras dos camponeses, não explora trabalho infantil, não comete violência contra os trabalhadores nem as mulheres, não contamina as pessoas, os alimentos, a água, o solo e o ar. Por isso, é fundamental a garantia de Reforma Agrária Popular, ações de fortalecimento e desenvolvimento dos/as camponeses/as, e a manutenção dos territórios dos povos e comunidades tradicionais, como indígenas, extrativistas, quilombolas, entre outras.
Protagonistas na produção de alimentos saudáveis estas populações são responsáveis pela produção de 70% dos alimentos da mesa dos brasileiros e somam-se nos debates do Congresso com o objetivo de buscar novas alternativas, como também destacar a importância da Agroecologia fortalecendo a construção das diretrizes para a Soberania Alimentar e Nacional do país.
Para Elielma Barros de Vasconcelos, jovem camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), estará participando pela primeira vez do Congresso, viaja para a capital do país com grande perspectiva, pois o segundo ela, “será um momento de troca de saberes, fazeres, vamos encontrar vários camponesas, camponeses, que estão em todos os cantos do país e da América Latina construindo Agroecologia, produzindo alimentos saudáveis. Contudo, participar do CBA, além de ser um momento pra trocar experiência, será um momento de nós afirmar que é o Campesinato quem produzir Alimentos Saudáveis e quem alimentar o Brasil existe respeito”.
No Brasil, segundo dados da FAO, a Agricultura Familiar e Camponesa representa mais de 80% de todas as propriedades rurais do país e emprega pelo menos 5 milhões de famílias. O último Censo Agropecuário aponta que a Agricultura Familiar e Camponesa é a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. O setor responde por 35% dos Produto Interno Bruto Nacional e absorve 40% da população economicamente ativa do país. No panorama mundial, representam mais de 500 milhões de propriedades agrícolas familiares, incluindo pequenos e médios agricultores, camponeses, povos indígenas, comunidades tradicionais, pescadores, pequenos pecuaristas, coletores dentre outros grupos.
O Congresso de Agroecologia 2017 é a realização simultânea do VI Congresso Latino-americano de Agroecologia, X Congresso Brasileiro de Agroecologia e V Seminário de Agroecologia do Distrito Federal e Entorno. Os eventos são promovidos pela Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (SOCLA) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) e organizados em Brasília por uma comissão formada por representantes da Embrapa, Universidade de Brasília, Emater-DF, Secretarias de Estado do GDF (Seagri e Sedestmidh), IBRAM e ISPN. Conta com o apoio de vários ministérios, organizações e movimentos sociais. O evento é patrocinado por BNDES, Itaipu Binacional e Fundação Banco do Brasil. Acompanhe as novidades www.agroecologia2017.com e nos perfis do facebook e instagram.
*Editado por Leonardo Fernandes